Esportes
A base vem forte: Lucca Marques e Gustavo Valadares, as joias do São Paulo que você precisa conhecer
Série mostra promessas do sub-15 e do sub-17 dos clubes da Série A para ficar de olho

Quando um cria da base estoura no profissional, a torcida se enche de orgulho do clube por reconhecer talentos, investir neles e ter paciência para lançá-los. A série A base vem forte — parte do projeto Tem Que Ler, que traz reportagens exclusivas para assinantes do GLOBO — mostra dois deles por semana: um sub-15 e um sub-17, promessas em que o torcedor das principais equipes da Série A já tem que ficar de olho. Conheça Breno Cordeiro e Caio Valle, joias do Botafogo.
LUCCA MARQUES, 16 anos, sub-17 do São Paulo
A última semana de maio foi marcada pela ansiedade e também por comemoração. É que o atacante Lucca Marques, de 16 anos, atleta do sub-17 do São Paulo, estreou no time sub-20 do clube. O tricolor paulista enfrentou o Bahia, em Salvador, pelo Brasileirão da categoria. Ele viajou pela primeira vez com o elenco mais velho para substituir um dos pontas esquerdas que havia se machucado. Lucca deu mais um passo rumo ao “objetivo principal” que, segundo ele, é atuar no profissional do seu clube de coração.
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— Já estive do outro lado, nas arquibancadas, e agora o meu sonho é jogar no gramado do Morumbi — diz o são paulino, que tem os pés no chão: — Um passo de cada vez, jogar no sub-20 é um degrau. Fiquei muito feliz com a oportunidade, mas sei que tenho muito caminho pela frente. Não sou nada ainda. Se foi difícil até aqui, será ainda mais até o profissional.
Lucca é o capitão e um dos artilheiros do time sub-17. Começou no futsal e na natação. Foi campeão estadual sub-10 pelo Clube Atlético Ypiranga (salão). Chegou no São Paulo depois de jogar numa escolinha do Corinthians e após duas dispensas dos times da base do Parque São Jorge. Em uma competição em Cotia, que serviu como “peneira” para os times de base do São Paulo, ele vestia a camisa da Portuguesa e chamou a atenção. No ano seguinte ajudou o São Paulo a conquistar o título inédito do Campeonato Paulista Sub-11. Desde os 11 anos, ele tem apoio de uma marca, que lhe fornece material esportivo.
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Nessa época, sua mãe, Walkyria Marques, de 41 anos, o levava de carro de Barueri, onde a família ainda mora, a Cotia, local do CT da base, três vezes na semana — terças, quintas e sábados.
— Gastava cerca de meia hora. Pior quando tinha de atravessar São Paulo, entre Barueri e Tatuapé, onde fica o Parque São Jorge. Era mais de uma hora — compara Walkyria, formada em Direito e “mãetorista”, como ela mesma se definiu: — Buscava na escola e já levava a marmita. Para ele almoçar no carro. Depois esperava o treino terminar para voltarmos para casa. Ficava a tarde toda lá, com a irmã dele, a Isabela, ainda pequena.
Lucca lembra bem deste período. Diz que a mãe não negocia e nunca abriu mão que ele estudasse em um bom colégio. Por isso, jamais se cogitou a hipótese de encontrar outro local para ele estudar que fosse “mais no caminho”. Assim, ficava esperto para não se atrasar. Colocava o alarme para tocar às 13h17, guardava o material na mochila e descia correndo até a porta da escola.
— Tinha de estar na porta às 13h20. Minha mãe falava para eu colocar o alarme antes, mas eu sabia que em três minutos chegaria — diz o menino, que escolheu cedo o que queria fazer.
A maior dificuldade até agora foi quando, aos 14 anos, saiu da casa dos pais para morar no alojamento do clube.
— Sou apegado aos meus pais e senti falta do incentivo deles. Foi uma fase de crescimento e adaptação. Eu não era o mais alto, nem o mais forte e nem o mais rápido. Tive piora no desempenho, mas depois teve uma virada, num jogo em que fui muito bem. Mais tarde descobri que estava na lista de dispensa do sub-14 e que o Toninho (Antônio Rodrigues), técnico do sub-11, havia ajudado a me manter no clube. Sou muito grato — destaca.
Além da mãe, Lucca foi incentivado pelo pai, Thiago, e o tio Rodrigo, ambos publicitários e “atletas frustrados”. Rodrigo chegou a treinar na base do Athletico.
— O pai tinha mais vontade do que talento — brinca Walkyria. — O Lucca é um menino determinado, sabe o que quer e onde quer chegar. Tenho certeza que vai conseguir — completa.
Allan Barcellos Silveira, treinador do sub-17, diz que Lucca é, de fato, um menino determinado, uma liderança dentro e fora de campo. Afirma que no jogo ele se destaca pelo drible e pela velocidade. Entre os colegas, é um companheiro e ombro amigo.
Na Copa Adidas e na Copa do Brasil, ele foi protagonista e artilheiro do São Paulo, que ficou em segundo lugar em ambas ocasiões. Pelo sub-17 tem o título da Copa Buh.
— Ele estende a mão aos outros, mesmo colegas de outras categorias. Busca aconselhar com tranquilidade e clareza. Ele apoia os meninos quando erram, sempre com uma comunicação positiva. Não à toa, é o capitão do time sub-17 — elogia o treinador, para quem a tendência é que ele seja aproveitado no sub-20.
Agora, Lucca está completamente adaptado ao alojamento. Só volta para casa aos sábados, logo após o jogo de sua categoria.
Gustavo Valadares, 15 anos, sub-15 do São Paulo
A história de Gustavo Valadares, de 15 anos, no futebol começou com os primeiros toques na bola ao lado de seu pai, Aldemir. O garoto guarda carinhosamente esses momentos na memória que deixaram de existir por um compromisso da vida. Ele, com apenas 7 anos, e sua mãe, Eliane, tiveram que se virar em Anápolis-GO, enquanto a referência da família foi trabalhar em Rondônia como mecânico industrial.
Apesar da saudade do pai, Valadares tomou uma decisão que o levaria ao sub-15 do São Paulo: entrar na escolinha de futebol da cidade. Ele lembra que sua mãe não apoiou tanto no início, além de ainda não ter pretensão de virar jogador. Mas isso mudou rapidamente.
— Atuava de volante no campo society. Tive um treinador de Anápolis que sempre me falou para virar atacante e me testou nessa posição em um jogo que o time estava desfalcado. Acabei fazendo três gols e não teve jeito… Me encontrei como atacante — diz.
Não demorou para que clubes da região fizessem propostas ao jovem, que ganhou uma oportunidade no sub-13 do Vila Nova, pelo Campeonato Goiano de 2022. Com vários gols marcados, o sonho de atuar pelo clube do coração estava prestes a virar realidade.
Valadares sequer cogitou outra ideia a não ser o tricolor paulista. Como tinha somente 13 anos, ainda não podia jogar pelo sub-15, no entanto, contou, mais uma vez, com o apoio materno para se adaptar aos novos ares.
— Morei com a minha mãe em um apartamento alugado por quase seis meses até completar 14 anos. Foi bom que ela ficou um tempo comigo para ver como é a cidade e ficou mais à vontade para voltar a Goiânia — lembra.
Desde que pisou no CT de Cotia, o faro de gols só aumentou para o camisa 9, que tem o ex-centroavante Luís Fabiano como referência no futebol. No início de 2024, Valadares foi um dos destaques na conquista da Copa Votorantim em cima do rival Palmeiras.
Apesar de ainda um menino, o atacante mostra personalidade e consciência em relação ao seu futuro.
— Quando o jogo está difícil, meus companheiros podem ficar tranquilos que é só jogar a bola em mim que eu decido — brinca: — Todo garoto da base sonha em pular essa etapa o quanto antes, mas acredito que seja um passo de cada vez.
Os pés no chão de Valadares têm influência do técnico do sub-15 do São Paulo, Mário Ramalho, sobrinho do vitorioso Muricy. Ele faz elogios a Valadares e até o compara com o argentino Calleri por ser um atacante “brigador”:
— O que chama mais atenção é a proatividade dele, além de estar sempre aberto para ouvir e aprender, tendo um potencial muito grande a ser desenvolvido.
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