Internacional
Eslovênia reconhece Estado palestino, apesar de moção opositora para adiar voto
País se junta a Espanha, Irlanda e Noruega, que reconheceram oficialmente o Estado palestino em 28 de maio
O Parlamento da Eslovênia, país-membro da União Europeia (UE) e da Otan, aprovou, nesta terça-feira, um decreto que reconhece um Estado palestino, depois de rejeitar uma moção opositora que propunha o adiamento da votação por 30 dias. Assim, a Eslovênia se junta a Espanha, Irlanda e Noruega, que reconheceram oficialmente o Estado palestino em 28 de maio, causando indignação em Israel.
Contexto: Noruega, Irlanda e Espanha reconhecem Estado palestino, e Israel convoca embaixadores em repreensão
Análise: Noruega arrisca posição de negociador no Oriente Médio ao reconhecer Estado da Palestina
A proposta foi aprovada por 52 dos 90 parlamentares, sem participação da oposição conservadora, que boicotou a sessão, exceto um deputado que se absteve.
O Partido Democrático Esloveno (SDS), do ex-primeiro-ministro conservador Janez Jansa, apresentou na segunda-feira uma moção que pedia a organização de um referendo sobre o decreto. A proposta só deveria ser discutida em 17 de junho e, em caso de rejeição, como era esperado, o processo de reconhecimento poderia ser retomado 30 dias depois, segundo as normas legislativas.
Mas a presidente do Parlamento, Urska Klakocar Zupancic, considerou hoje que a oposição havia "abusado do mecanismo de referendo" e que o prazo de 30 dias se aplicava somente aos projetos de lei e não aos decretos.
Em uma sessão caótica de seis horas, Jansa, que no passado foi próximo do premier israelense Benjamin Netanyahu, acusou a coalizão de centro-esquerda no poder de "violação dos procedimentos" e abandonou o hemiciclo junto com os deputados de seu partido.
Na semana passada, o chanceler israelense, Israel Katz, instou os deputados eslovenos a votarem contra o reconhecimento de um Estado palestino, afirmando que a aprovação equivaleria a "recompensar" o movimento islamista Hamas.
Mensagem de 'esperança'
O primeiro-ministro liberal Robert Golob considerou que o reconhecimento do Estado palestino equivale a "uma mensagem de paz".
"O reconhecimento da Palestina como Estado soberano e independente traz esperança ao povo palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza", escreveu ele no perfil do governo na rede social X (antigo Twitter).
Mais de 60% dos eslovenos apoiam a medida, enquanto 20% a rejeitam, segundo uma pesquisa realizada em abril com 600 pessoas e publicada no jornal Dnevnik.
Após a iniciativa conjunta de Espanha, Irlanda e Noruega, 145 dos 193 países da ONU reconhecem o Estado palestino, uma lista da qual estão ausentes a maioria dos países da Europa Ocidental e América do Norte, assim como Austrália, Japão e Coreia do Sul.
Com o decreto, a Eslovênia reconhece o Estado palestino dentro das fronteiras demarcadas por uma resolução da ONU de 1967 ou por qualquer futuro acordo de paz alcançado entre as partes.
A questão do reconhecimento de um Estado palestino voltou à tona com a guerra entre Israel e Hamas, e provocou divisões no seio da União Europeia. Para a França, por exemplo, não é um bom momento para isso, enquanto a Alemanha consideraria dar esse passo após negociações diretas entre as partes em conflito.
A guerra em Gaza estourou em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.194 pessoas, na maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Os combatentes também sequestraram 251 pessoas. Israel afirma que 120 pessoas seguem em cativeiro em Gaza, das quais 41 teriam morrido.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre que deixou até o momento 36.550 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.
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