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Conheça os 'funnies', tanques da Segunda Guerra que foram fundamentais no 'Dia D'

Transformação dos blindados clássicos fez com que eles se tornassem os precursores dos veículos militares modernos especializados

Agência O Globo - 04/06/2024
Conheça os 'funnies', tanques da Segunda Guerra que foram fundamentais no 'Dia D'

Em plena Segunda Guerra Mundial, no dia 6 de junho de 1944, durante o conhecido desembarque na Normandia, no norte da França, os Aliados contaram com os “funnies”, tanques que foram modificados e receberam um novo visual – por vezes com carrocerias estranhas – mas que desempenharam um importante papel: o de salvar vidas.

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A transformação desses veículos blindados clássicos – os famosos tanques Churchill britânicos e Shermans americanos – e sua adaptação às dificuldades do terreno e ao ataque a uma posição fortificada foram resultado da imaginação fértil de um engenheiro militar britânico, o general Percy Hobart (1885-1957), e de sua equipe.

Entre eles havia os “Caranguejos” equipados com um mangual para explodir minas, os “Crocodilos” com potentes lança-chamas, e os “Bobbins” com bobinas de tapetes de lona que podiam ser colocados na areia, além de tanques anfíbios “DD”. Ao todo, cerca de 500 a 600 dessas estranhas máquinas foram utilizadas no ataque do Dia D.

A lição de Dieppe

Em agosto de 1942, a “Operação Jubileu”, uma tentativa de desembarque das tropas aliadas no porto de Dieppe, foi um fiasco total, com perdas humanas e materiais consideráveis. No total, 25% das tropas canadenses morreram. Para os Aliados, foi a prova de que era preciso fornecer apoio de artilharia para as ondas de ataque da infantaria.

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Sob a liderança do general marechal de campo Erwin Rommel (1891-1944), os alemães ergueram vários obstáculos. O objetivo era desenvolver veículos blindados capazes de destruí-los e, ao mesmo tempo, manter suas capacidades de combate.

Um resultado 'divertido'

Como seria possível imaginar tanques mais móveis e com maior poder de fogo? Como parte da “Operação Overlord”, a tarefa foi confiada ao engenheiro britânico Hobart, que em abril de 1943 foi responsável por colocar a 79ª Divisão Blindada em condições operacionais.

Hobart e sua equipe trabalharam em uma série de modificações estruturais e acréscimos aos tanques existentes. No final, eles criaram tanques com carrocerias estranhas e bastante divertidas. Inicialmente, eles causaram espanto e, às vezes, até zombaria, daí o nome “funnies” (engraçados, em inglês), ou “clowns” (palhaços).

Entre eles estão o “Avre”, um acrônimo em inglês para “Veículo Blindado dos Engenheiros Reais”, equipado com um morteiro para destruir bunkers alemães e estruturas defensivas feitas de aço e concreto; e o “Bobbins”, veículo cuja bobina com uma lona facilita o avanço da infantaria e dos veículos sobre a areia.

Além desses havia o “Fascine”, usado para preencher valas antitanque com estacas de madeira; o “DD” (Duplex Drive), um tanque anfíbio com saia impermeável e hélices de propulsão; o tanque de remoção de minas “Caranguejo”, com correntes que arrastam o solo e detonam minas, e o “Ark”, que pode criar pontes usando seu próprio chassi.

Vidas foram salvas

Nesses souvenirs da guerra, o general Dwight D. Eisenhower (1890-1969), futuro presidente dos Estados Unidos (1953-1961), saudaria o “sucesso das invenções mecânicas que utilizamos”.

— O papel dos funnies não foi decisivo, mas é inegável que a presença dos blindados na praia salvou muitas vidas — explicou à AFP Adrien Guinebault, curadora do Museu dos blindados de Saumur. — Sem eles, um desembarque clássico teria sido muito mais sangrento.

Os “funnies de Hobart”, também utilizados durante o Desembarque da Provença em agosto de 1944 e nas operações no Reno, são considerados os precursores dos veículos militares modernos especializados.