Internacional

Conselho de transição do Haiti nomeia novo primeiro-ministro interino

Garry Cornille foi premier entre 2011 e 2012 e atualmente é o diretor regional da Unicef na América Latina e Caribe

Agência O Globo - 29/05/2024
Conselho de transição do Haiti nomeia novo primeiro-ministro interino
Conselho de transição do Haiti nomeia novo primeiro-ministro interino - Foto: Reprodução/internet

O conselho de transição do Haiti nomeou, nesta terça-feira, Garry Conille como primeiro-ministro interino, que terá a missão de liderar a nação caribenha devastada pela violência das gangues. A nomeação ocorre num momento em que o país também aguarda a chegada de uma força internacional liderada pelo Quênia e apoiada pela ONU, que tentará retomar a segurança da capital, Porto Príncipe.

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Conille, que foi premier do país entre outubro de 2011 e maio de 2012, obteve seis de sete votos favoráveis (sendo o último uma ausência), disse um membro do conselho à agência de notícias Reuters. Ele substituirá Michel Patrick Boisvert, que assumiu interinamente após a renúncia do ex-dirigente Ariel Henry.

Antes de ser Connile ser escolhido, o ex-ministro de Esportes, Fritz Bélizaire, havia sido nomeado para o cargo em abril, mas, segundo a Associated Press, o processo foi refeito após críticos apontarem que a escolha não seguiu os procedimentos estabelecidos na criação do conselho de transição.

"Após discussões no conselho de transição, após audiências com os candidatos a primeiro-ministro, o Dr. Garry Conille foi escolhido por consenso para liderar o governo durante este período de transição", disse o líder do conselho, Edgard Leblanc, em publicação no X (antigo Twitter).

Agora, resta ao conselho, juntamente com Leblanc, que atua como presidente interino, realizar eleições antes de 7 de fevereiro de 2026, conforme estabelecido na Constituição do Haiti.

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Conille chefiou o país por menos de um ano, renunciando em fevereiro de 2012 após perder o apoio de seu gabinete e entrar em conflito com o então presidente Michel Martelly. Os desentendimentos ocorreram principalmente por divergências sobre contratos de reconstrução depois do terremoto de 2010 e uma investigação parlamentar sobre políticos com dupla cidadania, o que é ilegal no Haiti.

Nos últimos 25 anos, Conille trabalhou com as Nações Unidas, servindo na África e no Caríbe, e também ocupou cargos de chefia na Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Seu cargo mais recente, desde janeiro de 2023, foi como diretor regional para a América Latina e o Caribe no Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

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O Haiti sofre com uma explosão de violência desde o final de fevereiro, quando gangues poderosas uniram forças para atacar delegacias de polícia, prisões, repartições públicas e o aeroporto de Porto Príncipe, em uma queda de braço com o ex-premier Ariel Henry. O ex-dirigente, que foi líder não eleito do país desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021, oficializou em abril a sua renúncia, anunciada em março sob pressão da comunidade internacional.

Estes grupos armados, que controlam mais de 80% de Porto Príncipe, paralisaram o país caribenho, ao bloquear o porto da capital. E seus muitos abusos — homicídios, estupros e sequestros — levaram cerca de 360 mil haitianos a abandonar suas casas neste país de 11,6 milhões de habitantes, segundo a ONU. (Com AFP e NYT.)