Internacional
Em busca de 'diálogo político', Milei confirma político veterano como novo chefe de Gabinete na Argentina
Presidente tem votações importantes pela frente, incluindo da revisada Lei de Bases no Senado, e quer reduzir 'centralização de funções' no cargo
Na semana em que seguiu para mais uma viagem aos EUA, o presidente da Argentina, Javier Milei, trocou seu chefe de Gabinete, indicando ao posto o ministro do Interior e político experiente Guillermo Francos para o posto. Mais do que buscar uma mudança prática no dia a dia do governo, Milei reconheceu fragilidades no diálogo com o meio político, no momento em que a aprovação parlamentar de um pacote de reformas cruciais para seu governo segue travada.
— O presidente me escolheu porque a política argentina torna as coisas complicadas para ele — disse Francos ao assumir o cargo nesta terça-feira. — Nosso espaço político, o governo, tem uma minoria parlamentar muito acentuada, o que significa que a decisão não é apenas do governo, mas também requer a vontade de outros setores políticos.
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Francos é um veterano da política argentina, em contraste com seu antecessor, Nicolás Posse, amigo de Milei, considerado centralizador, com pouca capacidade de diálogo com os demais entes políticos e que mantinha uma relação tensa com a irmã do presidente, a secretária-geral da Presidência, Karina Milei — a renúncia foi anunciada na segunda-feira. O novo chefe de Gabinete, por sua vez, vem trabalhando junto aos deputados e senadores há alguns mesesem busca da aprovação das reformas.
— O presidente me pediu para dar um impulso à administração em combinação com a situação política — disse Francos, em entrevista coletiva.
A mudança ocorre em uma semana que pode ser crucial para o governo, com o Senado prestes a definir a data para o debate de um pacote de reformas já aprovado pela Câmara dos Deputados. A chamada Lei de Bases, derrotada em janeiro no Congresso, precisou ser reduzida a um terço do projeto original, e agora depende dos senadores para ser implementada. O texto inclui mudanças na legislação trabalhista, na lei de aposentadoria, na privatização de empresas públicas e em incentivos para o investimento estrangeiro.
Mas a troca não foi centrada apenas no trato com o Congresso. Francos recebeu a tarefa de reorganizar as funções da pasta, eliminando ao menos em parte a centralização considerada excessiva de Posse. Ao mesmo tempo em que absorverá o Ministério do Interior, que passará a ser uma secretaria, será criado um novo ministério, a ser chefiado pelo economista Federico Sturzenegger, ex-chefe do Banco Central (2015-2018).
— A Chefia de Gabinete absorveu muitas funções. Há vários temas que vamos descentralizar, minha missão é coordenar o trabalho dos ministros — afirmou Francos.
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Um ponto de partida deve ser a transferência do comando das empresas estatais para os ministérios respectivos, dando ao novo ministro maior capacidade de supervisão e coordenação das pastas. Segundo o jornal La Nación, a Agência Federal de Inteligência passaria a se reportar diretamente a Milei, ao invés de passar pelo chefe de Gabinete, como acontecia com Posse — outras mudanças organizacionais, em todo o sistema de governo, não estão afastadas, disseram fontes próximas à Casa Rosada.
— Havia um gargalo de gestão. A crítica a Posse é por ter centralizado tantas coisas — afirmou ao La Nación um aliado de Milei.
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A troca no alto escalão do governo foi a segunda em pouco mais de seis meses de mandato do presidente: em janeiro, Guillermo Ferraro, então ministro da Infraestrutura, foi demitido após ser acusado de vazar informações de reuniões ministeriais semanais. Também pesaram contra Ferraro seus desentendimentos com o então chefe de Gabinete, Nicolás Posse. Posteriormente, a pasta foi transformada em uma secretaria subordinada ao Ministério da Economia.
(Com AFP e La Nación)
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