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O que é Ostarina? Substância deixou Thiago Braz de fora das Olimpíadas de Paris

O medalhista de ouro no salto com vara está de fora das competições até novembro deste ano

Agência O Globo - 28/05/2024
O que é Ostarina? Substância deixou Thiago Braz de fora das Olimpíadas de Paris

O atleta olímpico Thiago Braz, campeão do salto com vara, de 30 anos, está fora das Olimpíadas de Paris e afastado de todas as competições até novembro deste ano após violar as regras antidoping da modalidade. A informação foi confirmada pela World Athletics, entidade máxima do atletismo, nesta terça-feira. Thiago já estava suspenso provisoriamente desde julho de 2023 após realizar um exame antidoping que testou positivo para a substância ostarina.

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A Ostarina é um modulador hormonal que atua, principalmente, no aumento de massa muscular. Desde 2008, ela é considerada doping em uso fora e dentro das competições. A substância funciona de forma semelhante aos esteroides anabolizantes, mas com menos efeitos colaterais.

Segundo a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, a ostarina pertence à categoria "S1.2 Agentes Anabolizantes – Outros Agentes Anabolizantes – SARMs da Lista de substâncias e métodos proibidos da AMA-WADA". Fabrício Buzatto, médico do esporte, fisiatra e membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), explicou as suas ações no organismo.

– A substância tem um impacto grande no tecido ósseo e muscular, e um dos grandes efeitos é que aumenta muito a força muscular – falou Fabrício ao GLOBO.

O bioquímico L. C. Cameron, coordenador do Laboratório de Bioquímica de Proteínas da UNIRIO, explicou que a substância tem como função primária manter o sinal de androgênios (como testosterona) por mais tempo no corpo humano.

Ela foi desenvolvida para quadros de caquexia cancerosa (perda de massa e tecido), osteoporose e para, de forma geral, para ganho de massa muscular.

– Seu uso primário tem relação com o ganho de massa magra e perda de massa gorda. Mas entendo que não seria prudente a sua prescrição no Brasil, uma vez que esses moduladores, os SARMs, não são registrados para uso no país, segundo a Anvisa. Isso não quer dizer, porém, que não exista profissionais que o prescrevam– afirmou.

No Brasil, não há medicamento registrado pela Anvisa até o momento que contenha SARM. A Anvisa informa que, desde 23 de fevereiro de 2021, publicou medida restritiva a produtos que contenham o modulador. Há no mercado, no entanto, produtos que contêm a substância vendidos como suplementos. São usados por fisiculturistas e para tratamento de portadores de anemia, perda de massa muscular devido a doenças que provocam atrofia muscular, sarcopenia ou fadiga crônica.

– Ou a pessoa compra gato por lebre, ou essas empresas têm acesso à substância de maneiras escusas – explicou o endocrinologista Roberto Zagury, do Laboratório de Performance Humana, da Casa de Saúde São José, afirmando que sempre há a possibilidade de contaminação cruzada. – É o chamado doping inadvertido, na qual o atleta cai numa armadilha sem saber, mas contina sendo doping. A responsabilidade de ingerir qualquer substância é sempre do atleta.

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A Unidade de Integridade do Atletismo (Athletics Integrity Unit) pediu a suspensão de quatro anos do atleta e avalia entrar com recurso para aumentar a punição momentânea. Segundo o órgão independente, Thiago agiu com "intenção indireta" e foi "imprudente", uma vez que os atletas estão cientes dos riscos no uso de suplementos de farmácias de manipulação. Por outro lado, o Tribunal Disciplinar concluiu que Thiago consumiu a substância por orientação da sua equipe médica, o que não é caso de "falha ou negligência significativa".

O medalhista de ouro é um dos destaques mundiais do salto com vara. Além da conquista nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016, ele foi bronze em Tóquio e prata no mundial de atletismo indoor de Belgrado, na Sérvia, em 2022.