Internacional
Procuradoria do Peru denuncia presidente por suspeita de suborno no caso 'Rolexgate'
O Ministério Público do Peru apresentou ao Congresso uma denúncia de corrupção passiva contra a presidente Dina Boluarte, referente ao caso "Rolexgate". Segundo a acusação, a chefe do Estado peruano teria recebido joias e relógios de luxo, que não foram declarados, do governador de Ayacucho, Wilfredo Oscorima, em troca de favores políticos.
Os presentes teriam sido entregues para que Dina emitisse decretos irregulares que ordenavam a transferência de dinheiro para obras públicas no Estado governado por Wilfredo. Ele também está sendo investigado por suborno.
A denúncia foi publicada no perfil oficial do Ministério Público peruano no X (antigo Twitter). "A investigada teria recebido - em forma de doação - do governador de Ayacucho, Wilfredo Oscorima Núñez, três relógios da marca Rolex, brincos de argola de ouro com diamantes e pulseira Bangle com 94 diamantes, com a finalidade de realizar atos próprios de seu cargo de Presidente da República", diz a publicação.
No início de abril, seis ministros renunciaram depois de o caso "Rolexgate" se tornar público. Nenhum deles, porém, falou abertamente sobre o escândalo dos relógios ou ligou às demissões ao caso. O irmão mais velho, Nicanor Boluarte Zegarra, e o advogado da presidente, Mateo Castañeda, foram presos neste mês acusados por corrupção. O esquema consistia, segundo o Ministério Público, em nomear funcionários públicos para receber propina e recrutar filiados para um novo partido político.
Inicialmente, a chefe de Estado foi denunciada por enriquecimento ilícito, mas o Ministério Público optou por acusá-la de corrupção. O julgamento, no entanto, poderá acontecer apenas depois do fim do seu mandato, em 2027. No Peru, o presidente não pode ser julgado ou detido enquanto estiver em exercício.
Versões Diferentes
A presidente disse à imprensa, no início de abril, que o governador é seu amigo e que as joias e os relógios foram emprestados sem pedido de troca de favores. As declarações, no entanto, ocorreram depois de um mês de silêncio desde que um jornal local divulgou o uso dos bens não declarados pela chefe de Estado. De acordo com uma pesquisa realizada no mês passado pela Datum Internacional, 92% dos peruanos não acreditam na versão de Dina
Durante o período em que a presidente não se pronunciava, Wilfredo deu versões diferentes sobre o caso. Em um primeiro momento, o governador disse para os jornalistas que não havia presenteado a chefe de Estado. A segunda versão foi de que ele comprou um Rolex igual para uma pessoa "muito querida", que não seria Dina. Após a declaração da presidente, a defesa de Wilfredo admitiu a entrega dos presentes.
Após concluir seu interrogatório perante o Ministério Público, em abril, o governador evitou a imprensa. Durante um evento público em Ayacucho, pessoas pediam aos gritos um relógio de luxo para Wilfred. Ele não voltou a se pronunciar.
O Ministério Público havia acusado anteriormente a presidente por homicídio qualificado e lesões graves que foram cometidas durante os protestos após o início de seu governo, em dezembro de 2022, quando 49 civis morreram. Na ocasião, o governador Wilfredo apoiou a chefe de Estado. Com 61 anos, Dina é a primeira mulher a presidir o Peru desde sua independência, em 1821.
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