Internacional

Israel proíbe consulado espanhol de atender palestinos na véspera do reconhecimento do Estado palestino pela Espanha

A diretriz é uma retaliação ao anúncio feito pelo governo espanhol na semana passada em favor da partilha do território; a Chancelaria israelense acusou Madri de 'premiar o Hamas'

Agência O Globo - 27/05/2024
Israel proíbe consulado espanhol de atender palestinos na véspera do reconhecimento do Estado palestino pela Espanha
Israel proíbe consulado espanhol de atender palestinos na véspera do reconhecimento do Estado palestino pela Espanha - Foto: Reprodução / internet

Em mais um capítulo da tensão diplomática entre Israel e Espanha, o Ministério de Relações Exteriores israelenses proibiu o consulado espanhol em Jerusalém de atender palestinos, informou a chancelaria em nota nesta segunda-feira. A decisão acontece na véspera da oficialização do reconhecimento do Estado Palestino por Madri, anunciada na semana passada em conjunto com os governos da Noruega e da Irlanda. Na ocasião, Tel Aviv classificou a ação como "recompensa ao terrorismo".

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De acordo com o comunicado, a diretriz entrará em vigor no sábado, 1º de junho. Após a data, o consulado estará "autorizado a oferecer serviços consulares aos residentes do distrito consular de Jerusalém exclusivamente, e [não estará] autorizado a [...] exercer uma atividade consular para residentes da Autoridade Palestina”, precisou a nota.

O chanceler israelense, Israel Katz, afirmou, em outra nota publicada nesta segunda, que a medida é uma resposta ao reconhecimento dado pelo governo do premier espanhol Pedro Sánchez, ao qual acusou de "premiar o Hamas".

"Hoje estamos aplicando medidas punitivas preliminares contra o consulado espanhol em Jerusalém, após o reconhecimento por parte do governo espanhol de um Estado palestino", disse o texto. "Não toleraremos que se atente contra a sobriedade e a segurança de Israel. Aqueles que premiam o Hamas e pretendem estabelecer um Estado terrorista palestino não terão contato com os palestinos."

A Espanha é um dos países europeus mais críticos em relação a Israel desde que começou o atual conflito em Gaza, em 7 de outubro, após o ataque terrorista do Hamas que deixou 1,1 mil israelenses mortos e mantém dezenas de reféns sob custódia até hoje. Do lado palestino, mais de 30 mil pessoas morreram em decorrência do conflito na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do enclave, dentre elas quase a metade menores.

Após o anúncio do reconhecimento por parte da Espanha, o embaixador israelense em Madri foi convocado. Na sexta-feira, o país já havia anunciado sua decisão de “cortar a conexão entre a representação diplomática da Espanha em Israel e os palestinos”, após um comentário considerado “antissemita” pela número três do governo espanhol, a ministra Yolanda Díaz.

No domingo, o chanceler espanhol, José Manuel Albares, defendeu o reconhecimento do Estado da Palestino e afirmou que a decisão visa fazer "justiça para os palestinos" e "a melhor garantia de segurança para Israel".

No mesmo dia, o chefe da política externa europeia, Josep Borrell, recebeu o primeiro-ministro palestino, Mohammed Mustafa, para conversas sobre a construção da Autoridade Palestina, que sob comandado do presidente palestino Mahmud Abbas controla a Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental, para que ela possa assumir o controle da Faixa de Gaza em uma eventual derrota do Hamas na guerra.

Uma Autoridade Palestina “forte” é necessária para trazer a paz ao Oriente Médio, disse Borrell pouco antes de entrar na reunião com Mustafa.

No sábado, a Espanha também exigiu que Israel cumprisse uma ordem da Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal da ONU, para interromper imediatamente seu bombardeio e ataque terrestre à cidade de Rafah, em Gaza. Nos últimos meses, a região, que faz fronteira com o Egito, se tornou o principal destino de refúgio para os palestinos deslocados pelo conflito.

A Espanha reforçou que o cumprimento das medidas cautelares da CIJ, como parte de um processo movido pela África do Sul para conter o alegado genocídio na região, é "obrigatório". Na sexta-feira, a corte, localizada em Haia, ordenou que os ataques a Rafah fossem interrompidos "imediatamente".