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Livro mostra motivos da derrota de Bolsonaro e razões para resiliência do bolsonarismo

Redação 24/05/2024
Livro mostra motivos da derrota de Bolsonaro e razões para resiliência do bolsonarismo
Foto: Arquivo

O portal Folha de São Paulo traz uma reportagem sobre o livro que relata as razões pelas quais Bolsonaro se tornou o primeiro presidente eleito e não conseguir se reeleger. Segundo o portal, “o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu para ele mesmo a eleição presidencial de 2022 porque pecou por um excesso de bolsonarismo e se limitou a cultivar seus mais fiéis eleitores.

Mas Bolsonaro perdeu por muito pouco para o presidente Lula (PT) —menos de dois pontos percentuais dos votos válidos, a menor margem desde a redemocratização. E esse mesmo bolsonarismo que lhe custou votos se mantém uma potência para 2026.

Essas são algumas das conclusões do livro "Voto a Voto – Os Cinco Principais Motivos que Levaram Bolsonaro a Perder (por Pouco) a Eleição", da jornalista Maria Carolina Trevisan e do economista Maurício Moura, professor da Universidade George Washington.

A obra fala sobre os motivos que levaram Bolsonaro a ser o primeiro candidato à reeleição a perder o pleito.

As razões são conhecidas, mas o livro mostra, com pesquisas quantitativas e qualitativas, como cada um desses aspectos impactou as chances de reeleição do ex-mandatário.

A gestão da pandemia, a crise econômica, o contexto internacional de desgaste da antipolítica, a resistência das mulheres e a presença de um candidato de oposição forte fadaram o ex-presidente à derrota.

Em especial, a péssima atuação na Covid —o negacionismo científico, a postura antivacinas e a falta de empatia com os doentes, além de falhas logísticas— teve muito peso.

"A pandemia foi muito importante para a piora na avaliação do governo, tanto que um dado quantitativo muito forte é que a avaliação da gestão do governo federal do Bolsonaro em resposta à pandemia sempre foi pior do que a avaliação geral do governo. A gestão da pandemia trouxe a avaliação para baixo", diz Moura.

Outro erro grave, segundo os autores, foi deixar o auxílio emergencial ser descontinuado em 2021, sem perspectiva de quando, e se, seria retomado (acabou voltando). "O trauma causado pelo fim abrupto dessa política social causou uma memória ruim nos beneficiários que demoliu sua popularidade. Isso, junto com a inflação de alimentos e combustíveis constante no ano eleitoral de 2022, enterrou a sua possibilidade de vitória", diz o livro.

O excesso de bolsonarismo do ex-mandatário também desempenhou um papel. "Se tivesse gastado mais tempo, discurso e energia em temas relevantes para o país como economia e menos com temas irrelevantes como voto impresso, cloroquina, urna eletrônica, institutos de pesquisa, jornalistas e o seu ‘desempenho sexual’, o desfecho poderia ter sido outro."

Os autores apontam que, desde o início da campanha, as pesquisas já prenunciavam que Bolsonaro teria uma tarefa custosa. A partir de compilação de resultados eleitorais de dezenas de pleitos estaduais de 1998 a 2018 no Brasil, os autores afirmam que um nível de aprovação inferior a 40% coloca o governante em posição bastante vulnerável para vencer uma reeleição”.