Política

Em almoço com Bolsonaro, bancadas ruralista e da bala descartam acordo com governo pelo PL das Saidinhas

A orientação partiu do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente

Agência O Globo - 21/05/2024
Em almoço com Bolsonaro, bancadas ruralista e da bala descartam acordo com governo pelo PL das Saidinhas
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). - Foto: Cristobal Herrera/EFE

Membros das bancadas ruralista e da bala receberam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um almoço nesta terça-feira, em Brasília, no qual ficou acordado que o bloco de deputados não irá compor acordo com o governo sobre o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao PL das saidinhas. De acordo com parlamentares que estavam no almoço oferecido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a orientação partiu do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. Bolsonaro, presente, teria apenas acenado com a cabeça, em concordância. Este foi o primeiro compromisso de Bolsonaro após a alta hospitalar, na última semana.

Ao jornal Valor Econômico, o presidente da FPA, o deputado Pedro Lupion, definiu a votação sobre as saidinhas como "derrota certa para o governo".

— A questão da saidinha é uma derrota certa para o governo. Não vamos usar tema importante como esse como moeda de troca — disse o deputado do PP em referência a um possível acordo, que garantiria o veto ao projeto das Saidinhas, enquanto os governistas garantiriam a manutenção de vetos feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação à Lei de Segurança Nacional.

No início do mês, governistas conseguiram o adiamento da análise dos vetos, o que representou uma derrota para a oposição. A nova sessão para a análise dos vetos está marcada para a próxima terça-feira.

A discussão se acalorou quando Flávio Bolsonaro pediu o adiamento da apreciação de vetos à Lei de Segurança Nacional. Entre dispositivos vetados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro estão punições para disseminação de fake news, com reclusão de 1 a 5 anos; impedir com violência atos e manifestações políticas, com reclusão de 1 a 4 anos.

O parlamentar disse que foi obrigado a aceitar o adiamento das ‘saidinhas’ para impedir uma derrota aos vetos feitos pelo seu pai na Lei de Segurança Nacional.

— Óbvio que não gostaria, mas vou ser obrigado a aceitar o acordo com o governo, para que o brasileiro mais uma vez veja neste domingo os milhares de presos saindo para visitar familiares, no feriado de Dias das Mães. Não gostaria, mas vou ser obrigado a aceitar por responsabilidade em relação à Lei de Segurança Nacional — apontou.

O texto das Saidinhas foi aprovado pelo Congresso, inclusive com votos do PT. Ao vetar, Lula faz um aceno à base de esquerda, historicamente contrária ao endurecimento penal, e um gesto de apoio ao ministro da Justiça Ricardo Lewandowski.