Internacional
Biden enfrenta protesto silencioso contra guerra em Gaza e promete a estudantes trabalhar pela paz no Oriente Médio
Diante da rejeição de estudantes universitários, que lhe viraram as costas como forma de protesto contra a guerra em Gaza, o presidente Joe Biden apelou, no domingo, ao cessar-fogo no conflito e garantiu que está trabalhando para uma “paz duradoura” no Oriente Médio, incluindo a criação de um Estado palestino.
O presidente fez um discurso no Morehouse College, na Universidade de Atlanta, na Geórgia, onde estudou o ativista negro e herói dos direitos civis Martin Luther King, e que fez parte da recente onda de protestos estudantis pró-palestinos nos Estados Unidos.
Biden, em campanha para a reeleição em novembro, disse apoiar um acordo de paz para toda a região com “uma solução de dois Estados, como a única solução”.
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Enquanto ele falava, um pequeno número de formandos lhe viraram as costas e protestaram silenciosamente, alguns segurando bandeiras palestinas e um com o punho erguido.
Outros usaram kufiyas sobre as togas, num sinal de solidariedade com os protestos que abalaram os campi nos Estados Unidos devido à ofensiva israelense contra Gaza, após os ataques do Hamas em 7 de outubro.
“Apóio protestos pacíficos e não violentos. Suas vozes devem ser ouvidas e prometo que ouvirei”, disse Biden na cerimônia de formatura.
A visita do presidente procurou acalmar os ânimos e chegar ao eleitorado afro-americano e aos jovens.
Raiva e frustração
Em plena campanha eleitoral, os estudantes da Universidade de Atlanta, historicamente de maioria negra, pediram à administração que cancelasse o discurso do democrata, destacando o apoio explícito da Casa Branca a Israel.
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Durante seu discurso, Biden também insistiu num cessar-fogo em Gaza, no regresso dos reféns israelenses detidos pelo grupo islâmico Hamas e garantiu que estava trabalhando para “uma solução bidirecional entre os Estados, com a criação de um Estado palestino" como "a única solução final" para o antigo conflito.
- Este é um dos problemas mais difíceis e complexos do mundo. Não há nada fácil nesta situação - disse o presidente democrata, que vestiu uma túnica castanha e preta, as cores do Morehouse College.
- Sei que isso irrita e frustra muitos de vocês, incluindo minha família, mas, acima de tudo, sei que isso parte o coração de vocês e também o meu - disse ele.
Essa pode ter sido uma possível alusão à sua esposa Jill, que, segundo a mídia americana, lhe expressou preocupação com o número crescente de mortes de civis em Gaza e pediu-lhe que tomasse medidas para evitá-lo.
Para Biden, esse foi o encontro presencial mais direto com os estudantes desde o início dos protestos, alguns dos quais tiveram a intervenção da polícia.
Olhando para novembro
Chegando a Morehouse, Biden quis prestar homenagem direta a Martin Luther King, mas muitos estudantes sublinharam que o líder civil negro se opôs à guerra e, em particular, à Guerra do Vietnã, na década de 1960.
Biden, inicialmente, permaneceu em silêncio sobre os protestos antiguerra em Gaza. Ele então declarou que “a ordem deve prevalecer” nos campi americanos.
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Nesse domingo, Biden aplaudiu quando o orador da universidade, DeAngelo Jeremiah Fletcher, também pediu um cessar-fogo imediato em seu próprio discurso.
- É importante reconhecer que ambos os lados sofreram numerosas baixas desde 7 de outubro - disse Fletcher.
Mas o apoio incondicional dos Estados Unidos a Israel faz com que o campo democrata tema perder votos entre o eleitorado jovem e entre muitos apoiadores da causa palestina, incluindo a população negra.
No geral, as sondagens mostram dificuldades mais amplas para o democrata conseguir o apoio dos eleitores negros e dos jovens americanos, dois grupos que o ajudaram a derrotar seu antecessor Donald Trump (2017-2021) em 2020, e que voltarão a ser decisivos este ano para evitar o retorno do republicano à Casa Branca.
De acordo com uma pesquisa recente do jornal "The New York Times" e da firma Siena, Trump poderia conquistar os votos de 20% dos afro-americanos em novembro, aproximadamente o dobro do que obteve em 2020. Isso seria um recorde para um candidato republicano.
Para evitar esse resultado, Biden criticou na sexta-feira o “extremismo” do seu rival e dos seus seguidores que “atacam a diversidade, a equidade e a inclusão em todos os Estados Unidos”, durante um discurso no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington.
O presidente dos EUA continuou a sua viagem de campanha no domingo, em Detroit, cidade do importante Estado de Michigan, onde visitou uma cafeteria de propriedade de dois ex-jogadores da NBA, os irmãos Joe e Jordan Crawford.
- O candidato que enfrentamos quer reverter todo o progresso que fizemos - disse Biden.
O presidente participou, então, de um evento organizado pela principal organização de direitos civis do país, a NAACP, onde se dirigiu a milhares de pessoas.
O forte apoio da comunidade afro-americana nas eleições de 2020 é “a única razão pela qual estou perante vocês como presidente”, disse o democrata. "E vocês são a razão pela qual Donald Trump será um perdedor novamente” em novembro, completou.
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