Internacional
Líder supremo do Irã diz que população 'deveria rezar' pela saúde do presidente Raisi
'O povo iraniano não deve se preocupar, não haverá nenhuma perturbação', disse Khamenei em um discurso retransmitido pela TV estatal
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que a nação não deveria se preocupar e "deveria rezar” pela saúde do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, depois da queda de um de três helicópteros do comboio presidencial em uma região de montanha perto da fronteira com o Azerbaijão sob neblina pesada. Mais cedo, a mídia estatal iraniana havia dito que o helicóptero de Raisi havia feito um "pouso forçado", com uma fonte não identificada dizendo à agência Reuters que a vida do presidente e do ministro de Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian, estava "em risco".
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— O povo iraniano não deve se preocupar, não haverá nenhuma perturbação — disse Khamenei em um discurso retransmitido pela TV estatal, acrescentando esperar "que Deus devolva o presidente e seus companheiros aos braços da nação". — Se o povo do Irã não se preocupar, não haverá perturbações no trabalho do país.
O ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, disse que “várias equipes de resgate” ainda procuram o helicóptero. Em declarações à televisão estatal iraniana, Vahidi acrescentou que levará “tempo para chegar ao local" do acidente devido às “más condições meteorológicas e ao nevoeiro na área”.
— As equipes de resgate estão fazendo seu trabalho. Esperamos que isso seja feito o mais rapidamente possível — acrescentou.
Um porta-voz do Crescente Vermelho disse que três resgatistas que tentavam chegar ao helicóptero estão desaparecidos. Segundo o porta-voz, a operação de busca e resgate vai desacelerar já que o tempo deve ficar "severamente frio" em breve, com mais previsão de chuva.
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Raisi viajava pela província iraniana do Azerbaijão Oriental, com a TV estatal descrevendo a área da queda como sendo perto de Jolfa, uma cidade na fronteira com o Azerbaijão, onde esteve neste domingo para inaugurar uma barragem ao lado do presidente azerbaijano, Ilham Aliyev. A barragem é a terceira que as duas nações constroem no rio Aras.
Na rede X (antigo Twitter), Aliyev disse estar “seriamente preocupado” depois de ouvir sobre a queda do helicóptero de Raisi: “Nossas orações a Deus Todo-Poderoso estão com o Presidente Ebrahim Raisi e sua delegação acompanhante”, afirmou, acrescentando que o Azerbaijão está pronto para fornecer qualquer apoio que seja necessário ao Irã.
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Quem é Raisi?
Ultraconservador, Raisi, de 63 anos, é presidente da República Islâmica desde junho de 2021, sucedendo ao moderado Hassan Rouhani após uma vitória que pôs todas as instituições políticas importantes do país sob o controle da chamada linha dura do regime.
Acusado por muitos iranianos e ativistas de direitos humanos de ter um papel em execuções em massa de prisioneiros políticos nos anos de 1980, Raisi nasceu em 1960 em Mashad — segunda maior cidade do Irã, na região nordeste, e lar do santuário xiita mais sagrado do país — e perdeu o pai, que era clérigo, quando tinha apenas cinco anos. Aos 15, o hoje presidente, que veste o turbante negro que o identifica sob a tradição xiita como um descendente do profeta Maomé, seguiu os passos do genitor e entrou em um seminário na cidade sagrada de Qom.
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Enquanto era estudante, participou de protestos contra o Xá apoiado pelo Ocidente, que acabou por ser deposto em 1979 na Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, depois da qual ingressou no Judiciário e ascendeu cedo a cargos importantes enquanto era treinado pelo aiatolá Khamenei, que se tornou presidente do Irã em 1981.
Com apenas 20 anos, foi nomeado procurador-geral de Karaj, que fica perto da capital, Teerã. Aos 25 anos, tornou-se vice-procurador-geral de Teerã. Enquanto esteve nesse posto, atuou como um dos quatro juízes que participaram de tribunais secretos criados em 1988, que passaram a ser conhecidos como "Comitê da Morte".
Essas cortes “julgaram novamente” milhares de prisioneiros que já cumpriam penas de prisão pelas suas atividades políticas. A maioria eram membros do grupo de oposição de esquerda Mujahedin-e Khalq (MEK), também conhecido como Organização Popular Mujahedin do Irã (PMOI).
O número exato dos que foram condenados à morte pelos tribunais não é conhecido, mas grupos de direitos humanos afirmaram que cerca de 5 mil homens e mulheres foram executados e enterrados em valas comuns não identificadas, o que constituiu um crime contra a Humanidade.
Os líderes da República Islâmica não negam que as execuções tenham acontecido, mas não discutem detalhes e a legalidade de cada caso. Embora tenha repetidamente negado seu papel nas sentenças de morte, Raisi também disse que foram justificadas por causa de uma fatwa, ou decisão religiosa, do ex-líder supremo aiatolá Khomeini.
Entre 1989 e 1994, Raisi exerceu a função de procurador-geral de Teerã, depois foi chefe da Organização da Inspetoria do Estado e vice-chefe da Autoridade Judiciária entre 2004 e 2014, quando foi nomeado procurador-geral nacional. Em 2019, foi nomeado por Khamenei para a chefia do Judiciário, cargo que ocupou até ser eleito presidente.
O cargo de presidente é a segunda posição mais poderosa do Irã, abaixo apenas da do líder supremo — decisões finais sobre política externa ou grandes temas nacionais não são tomadas pelo presidente, mas sim pelo aiatolá Ali Khamenei.
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