Internacional
Conheça a cidade que matava gatos cruelmente no período medieval e hoje celebra os animais
Em Iepers, na Bélgica, festival atrai 50 mil pessoas de todo o mundo para manifestar devoção aos felinos
Uma menina de 7 anos vende lembranças temáticas de gatos do lado de fora da loja de seus pais. Duas mulheres com vestidos combinando de estampa de gato andam por uma rua lotada procurando um lugar para comprar bichos de pelúcia. Em cada vitrine de loja e restaurante, uma figura ou estátua de gato sinaliza devoção aos felinos. Este é o Kattenstoet, o desfile e festival temático de gatos na Bélgica.
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Escondida entre fazendas onduladas na região de Flandres Ocidental, perto da fronteira com a França, Iepers, Bélgica, nem sempre teve uma relação tão amistosa com gatos. Na Idade Média, quando a principal indústria da cidade era a fabricação de tecidos, eles usavam gatos para manter os armazéns de lã livres de ratos e outros invasores. Mas quando os felinos começaram a se reproduzir muito rapidamente, as autoridades da cidade desenvolveram uma solução horrível: durante a segunda semana da Quaresma, na “Quarta-feira dos Gatos”, gatos eram arremessados do alto de uma torre para morrerem ao cair na praça abaixo. Na época, os animais eram vistos como um símbolo de feitiçaria e maldade, então suas mortes eram celebradas.
O último gato jogado da torre foi em 1817, mas Ieper (também chamada de Ypres, em francês) desenvolveu o Kattenstoet em 1937, uma tradição para reconhecer a história horrível da cidade e celebrar os gatos. O desfile, que foi realizado neste ano em 12 de maio, é cheio de carros alegóricos elaborados, fantasias e performances. Depois, uma pessoa vestida como bobo da corte joga gatos de pelúcia do campanário para os espectadores abaixo.
O evento deste ano foi um grande acontecimento porque o festival, que acontece a cada três anos, teve uma pausa temporária devido à Covid-19, então foi o primeiro Kattenstoet desde 2018. De acordo com os organizadores, o evento esperava atrair mais de 50 mil entusiastas de gatos de todo o mundo.
Uma mulher usando orelhas de gato enquanto sentava na calçada comendo um waffle belga disse que viajou de Tóquio para assistir ao desfile. Outra, que se identificou como Beth, de Northamptonshire, Inglaterra, disse que cresceu indo a Iepers com sua família para visitar os memoriais de guerra britânicos, mas esta foi sua primeira vez assistindo ao Kattenstoet. Embora ela possua apenas um gato, chamado Kimber, ela tem ele e seis de seus antigos amigos felinos tatuados em seu braço esquerdo.
Alguns carros alegóricos do Kattenstoet contam a história de Iepers, enquanto outros retratam a adoração aos gatos na história ou na cultura pop. Há, é claro, um gigantesco carro alegórico do Garfield. As fantasias são uma combinação de itens feitos em casa e outros costurados profissionalmente, e o entusiasmo dos participantes no desfile deste ano foi contagiante: todos, desde as crianças do ensino fundamental marchando com seus grupos de dança até adultos nos carros alegóricos, estavam comprometidos com a performance. Bandas marciais, corpos de tambor e outras performances musicais embalaram o show, que durou quase três horas em um dia incomumente quente.
Dan Baxter, um policial, e Sarah Carlson, uma enfermeira, planejaram suas férias da Filadélfia para Iepers para ver o desfile. “Acho que soubemos disso por um vídeo estranho no Instagram, e ficamos tipo, ‘Isso é real?’” disse Carlson. “E então pesquisamos e pensamos, ‘Ah, vamos.’”
O casal deixou seus próprios quatro gatos com um grupo de cuidadores de gatos e foi para a Bélgica. Baxter, que ostenta orgulhosamente duas tatuagens de gatos, usava um boné dos Eagles e uma camiseta estampada com as palavras “MILF: Man I Love Felines” (Cara, em amo felinos).
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