Internacional
EUA anunciam conclusão de cais flutuante em Gaza para abertura de novo corredor humanitário pelo mar
Operação humanitária de entrega da ajuda proveniente do porto temporário será de responsabilidade da ONU
As Forças Armadas dos EUA anunciaram, nesta quinta-feira, que ancoraram o cais flutuante, prometido há meses à população da Faixa de Gaza, em uma praia do enclave. A operação é o primeiro passo para a consolidação de um novo corredor de ajuda humanitária para aliviar a fome e a escassez de medicamentos e combustível no território — embora o próprio Pentágono admita que não é suficiente para preencher a lacuna criada pela guerra entre o Hamas e Israel.
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O cais flutuante tem custo estimado em US$ 320 milhões (R$ 1,64 bilhão), entre construção e operação. Enquanto centenas de soldados americanos estarão envolvidos tanto na instalação quanto na operação na plataforma (autoridades americanas afirmaram que nenhum militar do país vai pisar no solo de Gaza), as Forças Armadas de Israel trabalham no terreno, para auxiliar a recepção do mantimentos. A entrega dos donativos será de responsabilidade da ONU.
O Comando Central dos EUA (CENTCOM) informou que o cais foi "fixado com sucesso na praia de Gaza" por volta das 7h40 (1h40 em Brasília). A previsão inicial é de que cerca de 500 toneladas de ajuda entrem no território palestino nos próximos dias.
— É uma quantia [de insumos] bastante substancial e está espalhada por vários navios neste momento — disse o vice-almirante Brad Cooper, vice-comandante do CENTCOM, a repórteres em Washington.
O presidente americano, Joe Biden, anunciou a construção do cais de emergência em março, para enfrentar a crise humanitária na Faixa de Gaza, onde as Nações Unidas alertaram para o avanço da fome, com praticamente toda a população deslocada pela ação militar israelense em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro.
Embora a ONU argumente que a maneira mais eficaz de aliviar a crescente crise humanitária seja por meio da abertura de novas passagens por terra, o cais flutuante é visto como uma forma de contornar as restrições de acesso impostas por Israel. A entrada de comboios foi interrompida recentemente nas passagens de fronteira de Rafah e Kerem Shalom, em meio à ofensiva israelense contra o sul do território.
— A quantidade de assistência necessária em Gaza é imensa — disse Sonali Korde, funcionário da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). — Não é uma situação em que uma coisa compensa a outra.
Em um comunicado sobre o início da operação do píer, o Reino Unido foi taxativo ao afirmar que o corredor marítimo "não substitui a ajuda prestada através de rotas terrestres, que continuam a ser a forma mais rápida e eficaz de levar a tão necessária ajuda a Gaza". O premier britânico, Rishi Sunak, é citado no comunicado. Ele afirma:
“Sabemos que é necessário mais, especialmente por via terrestre”, cita a nota.
Operação pelo mar
O cais flutuante é apenas uma etapa intermediária entre a ajuda humanitária doada e a população palestina. Os insumos estão sendo enviados para o Chipre, nação insular no Mediterrâneo, e ponto de partida para o planejado corredor humanitário.
No país europeu, os carregamentos são escaneados e revistados, para garantir que apenas os produtos autorizados por Israel estão sendo embarcados para Gaza. Passando pela revista, a ajuda é embarcada rumo à estrutura.
O cais começará a operar com a entrega do equivalente a 90 caminhões de ajuda internacional em Gaza todos os dias. Espera-se que este volume aumente para 150 caminhões diários. A entrega aos palestinos será totalmente organizada e operada pela ONU (Com Bloomberg e AFP).
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