Internacional
Tubarão fantasma e Manta Ray: Drones subaquáticos desenvolvidos pela Austrália e EUA indicam futuro da guerra no mar
Fabricantes de nova geração de armamentos militares classificam projetos como os 'veículos autônomos mais avançados do mundo'; China também teria modelo semelhante
Tubarão Fantasma e Manta Ray. Esses são os nomes dos protótipos de veículos subaquáticos autônomos — também chamados de UUVs ou drones subaquáticos — que, segundo especialistas, podem representar o futuro da guerra no fundo do mar. Os dois projetos foram recentemente introduzidos pela Austrália e pelos Estados Unidos e devem atuar na defesa naval do Pacífico, publicou a CNN nesta terça-feira.
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O uso de drones na guerra aérea não é tão recente: os Estados Unidos já os usaram durante conflitos no Iraque e no Afeganistão a partir da década de 1990, e equipamentos mais novos e baratos hoje são essenciais para ambos os lados na invasão da Ucrânia pela Rússia. Drones aquáticos construídos por Kiev, por exemplo, chamaram a atenção em fevereiro, quando serviços de inteligência ucranianos alegaram ter afundado um navio de guerra russo, o lançador de foguetes Ivanovets.
Drones aéreos e marítimos de superfície podem ser controlados com satélites de ondas de luz e rádio — mas esses não funcionam da mesma maneira nas profundezas. Ainda conforme a CNN, um estudo de 2023 divulgado na revista suíça Sensors apontou que as comunicações subaquáticas apresentam perda significativa de dados devido a variáveis como temperatura da água, salinidade e profundidade.
Os fabricantes dessa nova geração de equipamentos militares não esclarecem como devem resolver esses problemas, mas, em abril, quando a Austrália apresentou o Tubarão Fantasma, os protótipos foram chamados de “veículos autônomos subaquáticos mais avançados do mundo”. Autoridades australianas, porém, afirmaram que não podem compartilhar especificações sobre a construção, uma vez que as informações permanecem confidenciais.
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“O Tubarão Fantasma fornecerá à Marinha uma capacidade de guerra submarina autônoma, furtiva e de longo alcance, capaz de conduzir operações persistentes de inteligência, vigilância, reconhecimento e ataques”, declarou o Ministério da Defesa australiano, acrescentando que os primeiros modelos devem ser entregues até o final do próximo ano. O órgão ressaltou a rapidez com que o submersível passou da ideia para os testes, e afirmou que o programa foi iniciado há apenas dois anos.
— Estar dentro do orçamento e adiantado em relação ao cronograma é algo bastante incomum — disse Shane Arnott, vice-presidente sênior de engenharia da fabricante Anduril Australia, aos repórteres.
‘Uma variedade de missões’
Emma Salisbury, do think tank britânico Council on Geostrategy, disse que o Tubarão Fantasma parece muito o Orca, um UUV (veículo subaquático autônomo, na sigla em inglês) desenvolvido nos EUA. Ela disse presumir que “todos eles se destinam a conjuntos de missões semelhantes” como “inteligência, vigilância, reconhecimento e capacidade de ataque, especialmente no domínio antissubmarino”.
Em dezembro do último ano, a Marinha dos Estados Unidos chamou o Orca UUV, construído pela Boeing, de “um submarino autônomo e de ponta, não tripulado, movido a diesel-elétrico, com uma seção de carga modular para executar uma variedade de missões”. Isso significa que a construção poderia, em teoria, carregar diferentes variedades de armas, ou ser equipado com materiais especializados para reconhecimento.
No comunicado da Marinha, foi informado que o Pentágono planeja adquirir mais cinco Orcas, embora não tenha sido divulgado um cronograma. Segundo o mesmo anúncio, contudo, esses UUVs estão em desenvolvimento há mais de uma década — um contraste com o Tubarão Fantasma desenvolvido na Austrália. Este último deve estar disponível para exportação após se juntar à frota naval australiana.
O Orca não é o único UUV em desenvolvimento nos EUA. O mais recente investimento, de acordo com a CNN, é o Manta Ray da Northrop Grumman, cujo protótipo foi testado na Califórnia em fevereiro e março. Segundo a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, em inglês), a força desta construção está em sua modularidade, ou seja, na capacidade de trocar as cargas úteis dependendo da missão. Ela pode ser desmontada e encaixada em cinco containers de transporte padrão.
“A combinação de transporte modular transcontinental, montagem em campo e subsequente implantação demonstra uma capacidade única para um UUV extra grande”, disse Kyle Woerner, que lidera o programa Manta Ray na DARPA, num comunicado. Ela pontuou, ainda, que o método de transporte modular significa que a construção pode economizar energia interna para sua missão, em vez de usá-la para chegar ao local de implantação.
‘Ameaça passageira’
A China, classificada por militares americanos como sua “ameaça passageira” no Pacífico, também está avançando no desenvolvimento de UUVs. Segundo Salisbury, embora os detalhes sejam escassos, como ocorre com a maioria das capacidades militares chinesas, o país tem desenvolvido esses equipamentos há pelo menos 15 anos. É provável, afirmou, que eles tenham “algo semelhante ao Orca na fase de testes”.
O especialista em submarinos H. I. Sutton diz que Pequim tem pelo menos seis UUVs extra grandes em desenvolvimento. De acordo com ele, além da Austrália, dos Estados Unidos e da China, entre os países que também trabalham na construção desses equipamentos estão o Canadá, França, Índia, Irã, Israel, Coreia do Norte, Noruega, Rússia, Coreia do Sul, Ucrânia e Reino Unido, de acordo com Sutton.
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