Internacional
Socialistas vencem eleições regionais na Catalunha e independentistas perdem maioria após uma década
Votação era vista como crucial para o premier Pedro Sánchez, que lidera um processo de distensão com as lideranças catalãs após referendo de 2017
Os socialistas venceram a eleição regional da Catalunha, na Espanha, impondo uma derrota aos partidos independentistas, que governam a região há uma década. Com quase todos os votos apurados, o Partido Socialista da Catalunha conquistou ao menos 42 cadeiras, um número bem acima das 33 em 2021, mas que ainda assim obrigará a sigla a buscar apoios para uma coalizão.
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Segundo as projeções, o Junts, do líder independentista Carles Puigdemont, conquistou 35 cadeiras, três a mais do que em 2021, mas a aliança de siglas que defendem a secessão da Catalunha (excluindo a novata Aliança Catalã, de extrema direita), soma 59 cadeiras, nove abaixo do necessário para conquistar a maioria. A votação marcou o retorno de Puigdemont à política regional, pouco mais de seis anos depois de organizar um referendo de autodeterminação declarado ilegal pela Justiça, que o levou ao exílio.
Para os socialistas, do premier Pedro Sánchez, a vitória e a iminente formação de um governo aliado na Catalunha foram boas notícias em um momento difícil. Há duas semanas, ele cogitou deixar o cargo após a abertura de uma investigação judicial contra sua mulher, uma decisão posteriormente abandonada. No caso catalão, um Gabinete simpático a Madri, possivelmente liderado por Salvador Illa, ex-ministro da Saúde durante a pandemia e próximo a Sánchez, representa um impulso para a estratégia de distensão com o meio político local.
No ano passado, mesmo sem ter vencido as eleições gerais, Sánchez buscou o apoio dos partidos catalães para garantir um novo mandato, e para isso defendeu uma lei de anistia para os independentistas com processos judiciais, com indultos para líderes separatistas condenados à prisão. A medida também beneficia Puigdemont, que poderia ser liberado para retornar à Espanha em julho, após a aprovação final da anistia — exilado desde 2017, ele conduziu a campanha de seu partido, o Junts, a partir da França.
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Para garantir a maioria, os socialistas devem buscar o apoio da esquerda radical, que já integra o governo nacional, e tentar trazer para a coalizão a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), também simpática a Sánchez. Esse movimento representaria a ruptura da ERC com quase uma década de colaboração separatista.
Puigdemont, por sua vez, não descarta formar uma aliança com a ERC.
— Se a outra força parlamentar separatista, Esquerda Republicana, estiver disposta a reconstruir pontes (...), nós também estamos — afirmou Puigdemont. — Estamos em condições de construir um governo sólido de obediência nitidamente catalã.
A votação marcou ainda o fortalecimento da direita na Catalunha. O Partido Popular (PP), passou de 3 para 15 cadeiras, e o Vox, de extrema direita, manteve os 11 assentos que havia conquistado em 2021. Já a Aliança Catalã, que já governa uma cidade na região, fez sua estreia no Parlamento regional — a sigla separatista defende um discurso nacionalista, anti-imigração e é abertamente anti-islâmica.
(Com AFP)
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