Política

Fogo em casa, contratação de pistoleiro e ligação com ameaças: o que o presidente da União relatou ao STF

PF deflagrou uma operação nesta terça-feira para investigar ameaças sofridas por Antônio Rueda

Agência O Globo - 07/05/2024
Fogo em casa, contratação de pistoleiro e ligação com ameaças: o que o presidente da União relatou ao STF
Fogo em casa, contratação de pistoleiro e ligação com ameaças: o que o presidente da União relatou ao STF - Foto: Reprodução- agência Brasil

Alvo de uma operação da Polícia Federal nesta terça-feira, as ameaças relatadas pelo presidente do União Brasil, Antônio Rueda, incluem incêndio em uma casa de praia, um suposto relato sobre a contratação de pistoleiros e uma ligação do deputado Luciano Bivar (União-PE) na véspera de sua eleição no partido.

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Rueda já havia solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que investigasse uma suposta declaração de Bivar (PE), ex-presidente da sigla, sobre a contratação de pistoleiros para matá-lo.

O relato foi feito, segundo a defesa de Rueda, por um empresário que teria ouvido Bivar falar isso ao telefone com uma terceira pessoa, não identificada. Procurado na época, o parlamentar disse se tratar de "ardil fantasioso".

A disputa entre os dois começou em fevereiro, quando Rueda, então vice-presidente do União Brasil, deixou clara sua intenção de substituir Bivar na presidência da legenda. Dias antes da eleição para o cargo, no dia 29 de fevereiro, o advogado diz ter recebido uma ligação do deputado com ameaças à sua vida e à da sua família. O deputado negou ter ameaçado a família de Rueda, mas reconheceu que discutiu e proferiu xingamentos ao telefone.

Na petição enviada ao Supremo, a defesa do presidente do União Brasil relatou outra suposta declaração de Bivar considerada como ameaça, de que teria separado R$ 20 milhões para acabar com a vida do ex-aliado. A fala, segundo cita a representação, foi presenciada pelo presidente da Câmara de São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil), no dia em que foi eleito como novo presidente da legenda.

A defesa de Rueda citou um pronunciamento de Bivar naquela data, antes da eleição do partido, como um elemento de ameaça. Na ocasião, o deputado afirmou: “Eu peço que Deus cuide dos meus amigos, lhes dê saúde, que dos meus inimigos cuido eu”.

A suposta menção aos pistoleiros, por sua vez, foi feita uma semana depois, no dia 6 de março, segundo os advogados de Rueda.

Outra questão citada pelos defensores é que em meio à disputa, a Comissão Executiva do União Brasil, presidida por Bivar, pediu a Rueda que devolvesse um carro blindado cedido pelo partido a ele. Para os advogados, isso "indica a veracidade das ameaças proferidas contra a vida" de Rueda e de seus familiares.

Soma-se a este cenário os incêndios nas casas de praia do presidente eleito do União Brasil e de sua irmã, Maria Emília Rueda, tesoureira da sigla, em março. Para a defesa de Rueda, que acredita que os incêndios tenham sido criminosos, as ameaças são indícios que apontam “para a possível autoria de Luciano Bivar”. O deputado, por sua vez, negou.

— Não (foi crime político). Isso é ilação. Tudo você tem que comprovar — afirmou ainda em março quando questionado sobre os incêndios.

As ameaças foram inicialmente relatadas à Polícia Civil, mas remetida à STF porque Bivar tem foro privilegiado. Em abril, o ministro Nunes Marques autorizou abertura de inquérito na PF para investigar Bivar por supostas ameaças a Rueda.