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Alergias: médico dá dicas de como evitar os gatilhos e espirros em casa

Cortinas, tapetes e até bichos de pelúcia podem acumular poeira e são problemas para os alérgicos

Agência O Globo - 05/05/2024
Alergias: médico dá dicas de como evitar os gatilhos e espirros em casa

As alergias não escolhem hora e nem lugar para atacar. O outono traz também as mudanças bruscas de temperatura — tanto para o frio, quanto para o calor —, o que acaba resultando em mais gatilhos para alergias. No entanto, existem alguns cuidados que podem ser tomados para evitar que isso aconteça dentro da sua própria casa.

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É justamente no conforto do nosso lar, onde pensamos estar protegidos, que há mais elementos capazes de desencadear uma crise de espirros, de acordo com uma pesquisa britânica.

O estudo, feito com 2 mil britânicos pela Sterimar, uma empresa de produtos para pessoas alérgicas, descobriu que a casa é o lugar que mais faz as pessoas espirrarem (42%), seguida pelo jardim (28%) e a cama (23%).

O otorrinolaringologista Carlos Feier, professor titular de otorrinolaringologia na Unigranrio, destaca a importância de se manter um lar organizado e limpo para fugir das alergias.

— A casa é nosso templo. No quarto, por exemplo, passamos no mínimo oito horas por dia — afirma

O levantamento britânico mostrou que 84% das pessoas pensam que esses espirros surgem do nada.

No entanto, não é bem “do nada”. Há muitos itens dentro de casa que são gatilhos para esses espirros.

Cuidados em casa

Para começar, tudo pode acumular poeira. Por isso, de acordo com o otorrinolaringologista, o melhor é optar por ambientes com menos objetos, e tirar o pó com um pano úmido dos móveis com frequência para evitar acúmulo.

A casa deve se mantida arejada a fim de evitar a umidade e a formação de mofo, o que também contribui para a irritação das vias aéreas e ataque de alergias.

Para os amantes de tapetes, cortinas e carpetes, a notícia não é muito boa: eles também acumulam muita poeira, o que pode ser um gatilho para uma sucessão de espirros. Os quartos das crianças, com seus amados bichinhos de pelúcia, também podem acabar virando um ambiente hostil pelo mesmo motivo.

De acordo com Feier, o ideal seria evitar os itens, caso a alergia seja muito forte, ou limpá-los constantemente, se não conseguir viver sem.

— Manter tudo o mais simples e clean possível ajuda — diz ele.

Roupas de cama, como cobertores e lençóis, além de travesseiros, devem ser lavados e trocados com regularidade, mantendo-os sempre limpos.

As roupas do dia-a-dia também merecem atenção. O otorrinolaringologista assinala que as roupas de algodão são as mais recomendadas para os alérgicos, já que é uma fibra natural e costuma absorver melhor a umidade, deixando a pele “respirar”.

Além disso, é preciso ter cuidado com as peças que ficam no armário, sempre fazendo o possível para manter o móvel limpo e arejado. Lavar antes de usar algo que ficou muito tempo guardado também pode evitar novos gatilhos.

Embora a palavra chave seja limpeza, isso não significa ambientes super perfumados. Velas e sprays aromatizadores, por exemplo, devem ser evitados, pois o perfume forte pode ser irritante e provocar espirros.

Para quem tem carro, um dos principais cuidados descritos pelo médico — além de limpar com frequência o seu interior, não só o exterior — é evitar fumar dentro do veículo. A fumaça acaba ficando retida dentro do carro, o que leva ao acúmulo das substâncias contidas dentro do cigarro. Parte destes elementos, como a acroleína, afetam diretamente a mucosa do aparelho respiratório e podem provocar gatilhos para aqueles que possuem doenças ligadas a alergias.

Rinite e sinusite

Além das mudanças de temperatura, o outono tem outras particularidades, como baixa umidade do ar, maior concentração de poeira, poluentes e pólen no ar. Tudo isso gera um ambiente quase perfeito para o aumento de doenças respiratórias.

Duas doenças alérgicas que costumam atacar ainda mais são a rinite e a sinusite, ambas caracterizadas pela inflamação das vias aéreas.

De acordo com Feier, por conta da baixa umidade e o clima mais frio, os mecanismos normais de defesa do nariz, como muco e movimento ciliar, acabam sofrendo mudanças que afetam suas funções, como o ressecamento.

A rinite é classificada como alérgica quando a inflamação das mucosas nasais é ocasionada por uma substância também alérgica, como a poeira, pelos ou penas de animais e cheiros fortes.

Já a sinusite é a inflamação dos seios da face, parte do nosso corpo responsável por aquecer o ar ou diminuir o peso do crânio. A sinusite alérgica, de forma semelhante à rinite, ocorre quando o paciente apresenta sintomas ao entrar em contato com organismos que desencadeiam uma reação alérgica.

Os principais sintomas da sinusite são nariz entupido, dor de cabeça com sensação de pressão na região do nariz e dos seios nasais, secreção amarelada, além de mal estar geral e febre. A sinusite aguda, que surge após resfriados ou crises alérgicas, geralmente desaparece sem a necessidade de tratamento específico. Mas lavar o nariz frequentemente ajuda a aliviar os sintomas.

O tratamento das condições de origem alérgica inclui o uso de medicamentos antialérgicos, corticoides nasais e lavagem nasal com soro.

*Estagiária sob supervisão de Constança Tatsch