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Mito ou verdade: o óleo de coco é saudável? Entenda

O óleo de coco é composto de ácidos graxos de cadeia média que têm certos benefícios à saúde; veja quais são eles e quão verdadeiras são as alegações

Agência O Globo - 04/05/2024
Mito ou verdade: o óleo de coco é saudável? Entenda

O boom no consumo de óleo de coco é reforçado por celebridades que chegaram a afirmar que o ingrediente natural tem a capacidade de eliminar a gordura da barriga, reduzir o apetite, fortalecer o sistema imunológico e prevenir doenças cognitivas. De acordo com a TH Chan School of Public Health da Universidade de Harvard, uma pesquisa mostra que 72% dos americanos classificam o óleo de coco como “saudável”, embora apenas 37% dos especialistas em nutrição concordem com a afirmação.

— O óleo vem do fruto do coqueiro. Ele contém ácidos graxos de cadeia média, incluindo ácido cáprico, ácido caprílico e ácido láurico — resume o site da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, MedlinePlus.

A Sociedade Americana de Nutrição (ASN) explica que, como o óleo de coco é composto principalmente de ácidos graxos de cadeia média (e alguns de cadeia curta), ele é imediatamente decomposto para uso pelo corpo em vez de ser armazenado.

— Descobriu-se também que ele acelera o metabolismo e aumenta o gasto de energia e é de grande interesse por seu potencial como auxiliar na perda de peso devido à sua rápida decomposição — diz a instituição americana.

No entanto, as opiniões variam: por um lado, há quem afirme benefícios incomparáveis aos de outros alimentos naturais, enquanto alguns alertam contra seu consumo, alegando que ele tem uma alta densidade calórica, não é muito acessível e não é adequado para todos.

Quanto às vantagens de seu consumo, Liliana Papalia, especialista em Nutrição e Obesidade pela Universidade Favaloro, relata que o ácido láurico é o componente mais proeminente do óleo de coco e constitui aproximadamente 45% de sua composição. — Essa substância é altamente benéfica para a saúde e tem concentrações comparáveis às encontradas no leite materno — observa.

Por outro lado, Valentina Martínez, formada em nutrição, considera que esse é um alimento com o qual se deve ter cuidado.

— É um ácido graxo que, em um pequeno volume, fornece muitas calorias. Também foi comprovado que é prejudicial para pacientes com doenças cardiovasculares, pois as gorduras que contém são prejudiciais ao coração — adverte.

Óleo de coco combate os problemas digestivos?

A ASN descobriu que o tamanho menor dos ácidos graxos de cadeia média — em comparação com os ácidos graxos de cadeia longa — permite que eles sejam digeridos mais facilmente, tornando-os ideais para quem sofre de problemas digestivos.

— Consumi-lo pode ser benéfico para fornecer uma fonte de energia rápida e sustentada, além de ajudar no controle de peso e na composição corporal, sempre tendo em mente que ele deve fazer parte de uma dieta equilibrada e variada — acrescenta Papalia.

Mas o que é melhor do que a experiência em primeira mão para ver se ele realmente é eficaz no tratamento de problemas estomacais?

— Comecei a usá-lo porque estava planejando fazer uma dieta de desintoxicação e tentei, durante um mês, consumir uma colher de óleo de coco com o estômago vazio para ver se realmente funcionava para tratar a candidíase - uma doença de pele resultante de parasitismo fúngico - e melhorar a saúde digestiva — diz Carolina Ginepro, naturopata de 47 anos e entusiasta da saúde.

As pequenas doses de apenas uma colher de sopa foram o pontapé inicial do experimento. — No segundo/terceiro dia, comecei a sentir um inchaço em todo o corpo, mas principalmente no abdômen. Fiz algumas pesquisas e descobri que as pessoas com candidíase reagem dessa forma porque o extrato de coco combate a infecção — relatou.

No entanto, ele decidiu continuar com o óleo de coco e o primeiro sintoma foi uma “regularização dos intestinos”.

— Comecei a me sentir melhor com meu corpo, não tinha prisão de ventre nem irritabilidade e notei que minha barriga estava se afinando — lembra a naturopata.

Isso pode ser explicado, segundo ela, porque consumir a substância com o estômago vazio permite que a microbiota ou a flora intestinal comece a se desenvolver para que, mais tarde, o intestino possa funcionar de forma ideal.

No “Estudo do mecanismo dos efeitos antiúlcera do óleo de coco virgem em um modelo de rato induzido por úlcera gástrica”, publicado no Archives of Medical Science, conclui-se que o óleo de coco virgem apresenta potencial atividade gastroprotetora entre diferentes tipos de modelos de úlcera.

— Como a patogênese da úlcera péptica, [que é] uma ferida que aparece no revestimento do esôfago, estômago ou intestino delgado, está associada a vários fatores, esse óleo pode ser considerado como uma terapia potencial para tratar e prevenir essa condição — detalha o estudo.

— Uma possível explicação para o fato de ele ser benéfico nesses casos é sua composição de ácidos graxos, pois ele pode fornecer uma fonte de energia rápida e facilmente utilizável sem causar estresse adicional no sistema digestivo — afirma Papalia, que acrescenta que os benefícios variam dependendo da causa subjacente das condições.

A pesquisa intitulada “Os fitocompostos do coco inibem as enzimas da via do poliol” sugere o possível papel do óleo de coco na redução das complicações diabéticas secundárias e como agente transportador de efeitos anti-inflamatórios e protetores do cérebro.

Quanto às contraindicações, a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA aconselha cautela em casos de gravidez e lactação, pois não há informações confiáveis suficientes para saber se o consumo é seguro durante esses estágios.

Eles também alertam contra sua ingestão em crianças e pessoas com colesterol alto.

— O óleo de coco contém um tipo de gordura que pode aumentar os níveis de colesterol. O consumo regular de alimentos que contêm esse óleo pode aumentar o LDL ou colesterol ruim — explicou.

Por fim, Papalia recomenda consultar um profissional de saúde antes de fazer mudanças significativas na dieta, especialmente se você tiver problemas digestivos ou estomacais.