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Oito inovações que fizeram de Madonna um ícone além da música

A Rainha do Pop apoiou inúmeras causas políticas, explorou o universo feminino e não teve medo de quebrar tabus

Agência O Globo - 04/05/2024
Oito inovações que fizeram de Madonna um ícone além da música

Madonna conquistou o trono pop e não divide a coroa – não é à toa que é conhecida até hoje como “Rainha do Pop”. Com um repertório que contempla toda sua trajetória profissional, a turnê “Celebration Tour” comemora os 40 anos de sucesso da artista. As quatro décadas de sucessos, polêmicas e militâncias inspiram a Geração X, os Millennials, a Geração Y e, agora, pode ser que sua influência alcance a Geração Z. O show gratuito que vai ser realizado neste sábado (4) na praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, é a oportunidade perfeita para Madonna arrebatar o coração dos mais novos, cada vez mais propensos a abraçar as diferenças e celebrar os avanços das pautas sociais.

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Aos 65 anos, Madonna continua incomparável a qualquer diva pop – muitos dizem que ela foi a pioneira nesta categoria. Confira abaixo oito marcas de sua trajetória que fazem sua influência extrapolar o universo musical.

Metamorfoses constantes

A “metamorfose” seria o fenômeno da natureza perfeito para descrever Madonna e sua carreira marcante. Como uma borboleta, a diva pop assumiu facetas diversas para cada momento da vida e não hesitou em se transformar. A cada álbum, era lançada uma nova estética, uma novidade na moda ou um comportamento revolucionário. A cantora nunca teve medo de inovar, de propor ideias controversas e de desafiar a si própria a surpreender o público. Em alguns momentos, Madonna brilhou pelas letras ousadas e os figurinos sensuais. Em outros, a artista chocou o público ao propor novas formas de encarar o mundo.

Autoconfiança

Ao desfilar com um corset nude com o sutiã em forma de cone, no início dos anos 90, Madonna frisou não temer a si própria e nem sua intimidade. Ao assumir a postura “femme fatalle” nos palcos, a Rainha do Pop lutou contra o machismo na indústria musical e reforçou as inúmeras possibilidades e facetas que existem dentro de uma mulher. Ao contrário de ter medo da potência feminina, Madonna fez deste seu maior ativo na arte.

Turnês gigantescas

Antes de Madonna, dificilmente uma diva pop ousaria fazer uma megaturnê. A cantora foi a responsável pela popularização dos shows glamourosos que contam com diversos blocos, figurinos chamativos e bem trabalhados, repertório instrumental, coreografias temáticas e performances feitas para tirar o fôlego do público.

Artista multifacetada

A Rainha do Pop não se limita apenas ao canto. Ela também dança, compõe músicas, escreve livros e coleciona atuações em mais de 20 filmes, o que faz com que ela tenha ainda mais visibilidade e conquiste fãs de diferentes nichos da expressão artística.

Madonna ainda mostra-se entusiasta das artes plásticas e já fez inúmeras referências a criações de artistas visuais. Em “Bedtime Story”, clipe gravado pela diva em 1994 com a direção de Mark Romanek, há uma série de referências a artistas surrealistas, como Leonora Carrington e Remedios Varo.

Ícone na moda

Se Madonna resolvesse experimentar uma combinação de roupas controversa, certamente o look se tornaria inspiração para mulheres e meninas de todo o mundo. Assim aconteceu com as camisas com frases bem-humoradas ou dúbias (consideradas, hoje, peças essenciais no guarda-roupa feminino), com as alfaiatarias masculinas (que abriram espaço para que as mulheres usassem blazers oversized) e, até mesmo, o icônico corset nude com o sutiã em formato de cone (precursor do “look underwear”, considerado um toque sensual). Até hoje, ela lança tendências.

Abordagem da sexualidade feminina e do prazer da mulher

Madonna não se limitou a falar sobre a sexualidade feminina. Em uma cena que chocou espectadores de todo o mundo, a artista simulou uma masturbação ao vivo durante a performance da canção “Like a Virgin”, em um show em Toronto, no Canadá, parte da turnê “Blond Ambition”, em maio de 1990. Transmitida pela televisão local, a apresentação rendeu milhares de queixas e despertou a ira de grupos conservadores.

À época, a polícia canadense chegou, até mesmo, a ameaçar prender a cantora por “exibição lasciva e indecente”. Mesmo sabendo do burburinho e das manifestações, Madonna passou a iniciar os shows fazendo um questionamento à plateia: “você acredita em liberdade de expressão?”. Mais tarde, a compositora divulgou uma declaração dizendo que estava disposta a ser presa para proteger a liberdade de expressão como artista. Em ocasiões seguintes, a artista deu declarações a favor da manifestação livre da sexualidade feminina.

Em outro show no Canadá, a diva voltou a reproduzir a performance ousada, sensualizou durante toda a apresentação e, do palco, perguntou aos policiais se estava sendo “obscena o suficiente”. Os oficiais optaram por deixar o show continuar.

Inclusão e militância

Sabia-se que os shows de Madonna eram ambientes acolhedores e seguros para pessoas da comunidade LGBTQ+. A diva pop aproveitava esses espaços para brincar com os gêneros, zombar da masculinidade, sensualizar e se esfregar nas backing vocals – em momentos mais ousados, ela apertava a própria vulva ao dizer que “Se Michael Jackson segura as bolas, eu também posso segurar as minhas.” A artista foi uma das precursoras a levar dançarinos homossexuais para as turnês e falar sobre a aceitação e o orgulho gay.

No início da década de 80, as autoridades de saúde começaram a se preocupar com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) e com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), associados aos homossexuais. A participação dos artistas no processo de conscientização foi determinante para desestigmatizar a doença – Madonna, em especial, foi uma importante figura contra a desinformação. Apoiadora da causa, a estrela pop inseriu uma cartilha sobre Aids no álbum “Like a Prayer”, em 1989.

Etarismo

Embora Madonna tenha marcado a história do pop, muitas pessoas das gerações mais novas não têm consciência dos impactos cultural, social e político causados pela artista. Em um período em que namorava o modelo Andrew Darnell, de 23 anos, a diva desabafou sofrer comentários preconceituosos e etaristas nas redes.

Em entrevista à Vogue, logo após seu aniversário de 60 anos, em 2019, Madonna resolveu não se silenciar.

– As pessoas sempre tentaram me silenciar por um motivo ou outro, seja porque não sou bonita o suficiente, não canto bem o suficiente, não sou talentosa o suficiente, não sou casada o suficiente. Agora, não sou jovem o suficiente. Eles continuam tentando encontrar um gancho para pendurar sua carne sobre eu estar viva. Agora, estou lutando contra o preconceito de idade, agora estou sendo punida por fazer 60 anos – ressaltou na ocasião.

Em um crescente movimento de apoio a artistas maduras, a Rainha do Pop deu visibilidade à causa contra o etarismo ou ageísmo, preconceito motivado pela idade elevada de uma pessoa. Embora a diva continue recebendo críticas pela aparência, comportamento e roupas, mais pessoas souberam sobre a causa por conta dela.