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Diplo, o DJ que abre o show de Madonna: ‘O funk explodiu em uns 20 gêneros diferentes!’

Pesquisador que há 20 anos estuda o batidão carioca e já trabalhou com Anitta e Pabllo Vittar, americano conta já ter tomado bronca da Material Girl: 'Se eu ficava entrando e saindo do estúdio ou verificando meus e-mails, ela dizia: 'Não é assim que se fa

Agência O Globo - 03/05/2024
Diplo, o DJ que abre o show de Madonna: ‘O funk explodiu em uns 20 gêneros diferentes!’
Madonna - Foto: Reprodução

O funk, ao que tudo indica, é o ritmo que o show da Madonna deve privilegiar no seu pré e no seu pós, este sábado, nas areias de Copacabana. Depois que a cantora sair do palco, quem segue com o som, na praia do Leme, é o DJ Pedro Sampaio.

E às 20h, quem começa o aquecimento para a apresentação é o DJ americano Thomas Wesley Pentz, o Diplo, produtor de músicas para Beyoncé, Britney Spears e Justin Bieber, e velho conhecido do Rio de Janeiro, cidade que vem frequentando desde 2004 em busca do batidão eletrônico das favelas.

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Produtor de “Bitch I’m Madonna”, Diplo foi um dos principais divulgadores do funk no mundo, seja contratando para sua gravadora, Mad Decent, o grupo curitibano Bonde do Rolê, ou produzindo o documentário “Favela on blast”, de 2009. Ele ainda teve participação no lançamento, em 2017, de Pabllo Vittar — “Open bar”, primeiro sucesso da drag, é uma versão em português de “Lean on”, sucesso planetário do americano com o projeto Major Lazer — e hoje suas mãos podem ser vistas na produção de duas faixas de “Funk Generation”, o novo disco de Anitta: “Funk rave” e “Aceita”.

— Tenho um relacionamento muito especial com Madonna e acho muito legal que ela tenha me convidado, sabendo que eu tinha essa ligação com o Brasil há tantos anos. Então é muito lindo estar junto com pessoas no Brasil, meu lugar favorito no mundo — diz o DJ, por Zoom, de Las Vegas, enquanto anda pelos corredores do hotel junto com a rapper cingalesa M.I.A., a mesma com quem estourou em 2005 a faixa “Bucky Done Gun”, produção inspirada no funk carioca.

Diplo e M.I.A., que vieram ainda como um casal ao Brasil, para shows no Tim Festival de 2006, se apresentariam ontem, no Encore Beach Club de Vegas (ele deixa escapar, inclusive que gravou uma faixa com M.I.A. para o novo disco de Anitta). Logo depois, o DJ seguiria para o show de Copacabana.

— Madonna é minha musicista favorita de todos os tempos. Tocar no Rio com ela é como um sonho que virou realidade, vai ser o auge da minha vida — acredita o DJ, que contou ter recebido boas lições da cantora, quando trabalhou com ela em faixas do álbum “Rebel heart”, de 2015. — Ela é especial, uma artista da velha escola. Enquanto nós pensamos em singles, ela quer fazer álbuns, como uma artista clássica. Ela leva o trabalho muito a sério fazer isso. Se eu ficava entrando e saindo do estúdio ou verificando meus e-mails, ela dizia: “Não é assim que se faz!”. E eu, que não estava fazendo um bom trabalho, acabei dando o meu melhor por ela.

Sobre o seu set de sábado, Diplo dizia ainda estar “pensando no que ia tocar”:

— Vou tocar música brasileira e um pouco da minha música. Talvez alguns clássicos do funk carioca, um pouco de Madonna... coisas bem malucas, espero que o público curta!

O DJ analisa a evolução do funk desde as primeiras vezes em que foi ao Brasil.

— Antes, tinha a FM O Dia e o DJ Marlboro, e mesmo em São Paulo havia muito pouco funk. Hoje, o estilo está em todo lugar no Brasil. Tem em Manaus, tem em Brasília... e todos muito diferentes. São Paulo agora tem um estilo único de funk, com muitos artistas novos — conta. — Gabriel do Borel (do Rio, produtor de Anitta) está fazendo coisas muito boas, energéticas... o funk explodiu em uns 20 gêneros diferentes!

Um dos lançamentos mais recentes de Diplo — e que ele deve tocar em Copacabana — é um remix de “Your love”, hit dos anos 1980, do grupo The Outfield, que inspirou algumas produções do funk carioca como o “Rap das armas”, dos MCs Junior e Leonardo.

— Quando ouvi funk pela primeira vez eu me surpreendi com a quantidade de samples de músicas que eu adorava, como “Bigmouth strikes again”, dos Smiths, ou “Papa don't preach” (de Madonna). Eu pensei: “Esse gênero é o gênero mais perfeito que já ouvi!” É uma mistura de pop-rock dos anos 1980 e Miami bass, a música de onde eu vim, só que parecendo música punk caótica, os garotos gritando e eu não entendendo nada do que era dito. Mas quando consegui entender, vi que era mais maluco ainda do que eu pensava!