Política

Lula demonstra preocupação com derrubada de vetos e pede empenho por acordo em reunião com Pacheco e senadores

Em gesto de aproximação com Senado, presidente sondou parlamentares sobre o clima das votações marcadas para a semana que vem

Agência O Globo - 03/05/2024
Lula demonstra preocupação com derrubada de vetos e pede empenho por acordo em reunião com Pacheco e senadores
Lula demonstra preocupação com derrubada de vetos e pede empenho por acordo em reunião com Pacheco e senadores - Foto: Reprodução/internet

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mostrou preocupado com a sessão do Congresso marcada para a quinta-feira semana que vem, quando diversos vetos presidenciais correm o risco de serem derrubados pelos parlamentares. O petista promoveu um jantar na noite de ontem no Palácio da Alvorada, que contou com a participação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de ministros e senadores.

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O encontro foi dividido em duas partes. Na primeira participaram apenas Lula, Pacheco e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Na segunda parte também estavam presentes os ministros Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Renan Filho (Transportes) e os senadores Jorge Kajuru (PSB-GO), Leila Barros (PDT-DF) e Hiran Gonçalves (PP-RR).

De acordo com relatos de pessoas que estavam presentes na reunião, o chefe do Poder Executivo questionou aos parlamentares presentes sobre o clima e o cenário para a sessão que vai analisar os vetos e demonstrou maior interesse em saber como se dará a votação que vai analisar a decisão do governo que cortou R$ 5,6 bilhões em emendas e também no veto ao ponto central do projeto que restringe as "saidinhas" dos presos.

Ele pediu aos parlamentares que haja um acordo. Mesmo com as prováveis derrotas, integrantes da base avaliam que há disposição até em setores da oposição para ouvir os argumentos do governo.

O Palácio do Planalto avançou com um acordo para derrubar parcialmente o veto e retomar R$ 3,6 bilhões do valor cortado, mas setores da oposição ainda desejam derrubar totalmente o veto. Em relação às saidinhas, a derrubada é dada como certa.

Apesar da preocupação do presidente, participantes do encontro disseram que ele demonstrou esperança de que os líderes do governo no Congresso vão conseguir chegar a um acordo com o Poder Legislativo. Pacheco também comentou o sobre o assunto e buscou minimizar as divergências em relação à sessão do Congresso.

Auxiliares de Lula avaliam que a relação entre Legislativo e Executivo não é a mesma de governos anteriores do PT. O entendimento é que o processo de aprovação de projetos e propostas antes terminava no veto presidencial, mas que hoje isso não acontece mais e que o Congresso se empoderou a ponto de tornar comum a discordância com os vetos.

No trecho da reunião em que participaram os ministros e mais parlamentares os relatos deram conta de que a conversa foi mais amena, sem entrar em detalhes sobre as divergências do governo com o Congresso. A exceção foram as menções sobre os vetos, mas que foram feitas de forma mais pontual.

Durante o diálogo, Lula também falou sobre as enchentes no Rio Grande do Sul e ouviu de Pacheco e dos senadores que o Congresso vai trabalhar em parceria para mitigar a crise, sinalizando disposição para aprovação de créditos suplementares. Também foi comentado sobre aprovar iniciativas de transição energética, como o projeto do mercado de carbono.

No entendimento tanto de parlamentares, quanto de ministros, o encontro serviu como uma forma de aproximação do Palácio do Planalto com o Senado em meio ao acúmulo de vários desentendimentos nos últimos dias e foi um gesto de Lula a Pacheco. Na última terça-feira, por exemplo, o chefe do Senado disse que o governo ter acionado o Supremo Tribunal Federal para barrar a desoneração com decisão liminar foi "um erro primário" e reclamou da falta de diálogo com o governo.

Além disso, o presidente também entrou mais no varejo da política e recebeu em sua residência parlamentares que não são líderes de bancada.

Foi citado o fato de que Hiran Gonçalves nunca tinha participado de uma reunião com Lula e, por conta disso, usou a oportunidade para se apresentar ao presidente. O senador do PP, que está em seu primeiro mandato na Casa, conversou com o petista sobre amigos em comum na política de seu estado, como o ex-governador José de Anchieta, morto em 2018.

Em outro momento, Leila e Kajuru falaram sobre o programa de entrevista que ambos comandam nas redes sociais. Os dois senadores disseram que entrevistaram o ex-presidente José Sarney e pediram a ele para definir Lula em uma frase. De acordo com eles, Sarney respondeu que o presidente é "um animal político". Ao ser questionado da mesma forma, mas sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o emedebista falou que ele "nunca percebeu que o cargo era maior que ele".