Internacional
Suprema Corte do Panamá autoriza candidato favorito nas pesquisas a concorrer na eleição presidencial de domingo
José Raúl Mulino tornou-se candidato da oposição em um procedimento polêmico de troca de cabeça de chapa após ex-presidente ser condenado por lavagem de dinheiro

A Suprema Corte do Panamá declarou válida, nesta sexta-feira, a candidatura do opositor José Raúl Mulino à Presidência do país. Candidato de direita que substitui o ex-presidente inabilitado Ricardo Martinelli (2009-2014), Mulino é considerado o favorito para vencer o pleito que será realizado neste domingo — e que é considerado o mais complexo na história recente panamenha.
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O principal órgão do Judiciário do país validou a candidatura do opositor ao declarar que uma decisão anterior do Tribunal Eleitoral, que permitiu a troca de Martinelli por Mulino na cabeça de chapa da candidatura do Realizando Metas, "não é inconstitucional". A legenda fez a troca após Martinelli ser condenado a quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro.
O caso chegou à Suprema Corte após uma advogada apresentar uma ação de inconstitucionalidade contra a autorização concedida pelo Tribunal Eleitoral, argumentando que Mulino não foi submetido à fase de primárias e não tem candidato a vice-presidente, o que é exigido por lei. A Transparência Internacional no Panamá classificou a autorização da justiça eleitoral como um “golpe na institucionalidade democrática” do Panamá.
O decreto que regula as eleições diz que os candidatos presidenciais devem passar pelas primárias se o partido político pelo qual se lançar tiver mais de 100 mil afiliados. Segundo o Tribunal Eleitoral, o partido Realizando Metas (RM, iniciais de Martinelli) tem cerca de 200 mil membros. Apesar disso, a Suprema Corte considerou improcedente a ação contra o Tribunal Eleitoral.
— O que moveu [a Suprema Corte] no momento histórico em que nos encontramos foi defender nossa pátria e a democracia, a institucionalidade, a paz social, o direito de eleger e ser eleito e o pluralismo político — disse a ministra María Eugenia López, presidente da Corte.
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O julgamento da ação, que começou na terça-feira, criou um clima de incerteza na semana decisiva da eleição presidencial. No domingo, cerca de 3 milhões de eleitores elegerão, em turno único, o futuro presidente do país, 71 deputados e governadores locais.
Mulino, ex-ministro de Segurança do governo Martinelli, tem 37,6% das intenções de voto, segundo a última pesquisa eleitoral realizada pela Mercadeo Planificado e publicada pelo jornal La Prensa, nessa quinta-feira. O segundo colocado, segundo a mesma pesquisa, é o ex-presidente socialdemocrata Martín Torrijos, que governou entre 2004 e 2009, e é filho do líder histórico Omar Torrijos, que negociou a entrega do canal do Panamá aos EUA.
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Aparecem nas pesquisas também os advogados de centrodireita Rómulo Roux, com 14,9% dos votos, e Ricardo Lombana, com cerca de 12,7%.
"Me sinto muito feliz porque a verdade, a lei e a justiça sempre prevalecem ao final", escreveu Martinelli em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), após o que classificou como uma "decisão acertada" da Corte.
Para o analista Daniel Toro, a situação eleitoral é clara, mas a política está emaranhada.
— A relação entre os atores políticos, as expectativas políticas e a tensão sociopolítica continua a aumentar — disse o analista, às vésperas da eleição.
Mulino é Martinelli
Mulino herdou o apoio do popular Martinelli, cujos apoiadores afirmam que durante seu governo houve um boom econômico, impulsionado pela expansão do Canal do Panamá e pela construção do primeiro metrô da América Central.
— As pessoas estão realmente dando 100% de apoio a Mulino porque Martinelli decidiu colocá-lo [como candidato] — disse Rigoberto Acevedo, um estudante de direito de 27 anos, esta semana, que acredita que o ex-governador sofre "perseguição política".
Apesar de asilado na embaixada da Nicarágua, Martinelli fez campanha por Mulino — o que motivou protestos do governo panamenho. No último domingo ele participou, por meio de um vídeo, do encerramento da campanha, cujo slogan é “Martinelli é Mulino e Mulino é Martinelli”.
Mulino evitou dizer o que fará com o ex-governante, mas teria o poder de emitir um salvo-conduto para que ele deixasse a embaixada da Nicarágua.
Segundo pesquisa da empresa Doxa, 65% dos panamenhos acreditam que se Mulino vencer, o ex-presidente será quem governará nas sombras.
Mulino esteve em prisão preventiva entre 2015 e 2016 por corrupção, mas foi libertado devido a erros processuais. Ele garante que nesse período foi um “preso político”. Ele também foi ministro da Justiça e chanceler durante o primeiro governo panamenho após a queda do ex-ditador Manuel Antonio Noriega em 1989. (Com AFP)
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