Internacional
EUA devem anunciar reclassificação da maconha e reduzir restrições ao uso
Embora impacto inicial seja reduzido, medida deve incentivar mudanças a médio e longo prazo, relacionadas também às prisões por posse e uso da droga

Autoridades dos Estados Unidos planejam anunciar, em breve, mudanças na classificação da maconha, amenizando as restrições impostas em nível federal, mas ainda sem avançar sobre uma decisão sobre a descriminalização ou legalização, como já fizeram 24 estados do país.
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De acordo com informações da imprensa dos EUA, o Departamento de Justiça deve recomendar ao Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca — responsável por analisar planos e propostas e decidir se estão de acordo com as linhas políticas do presidente — que a maconha passe a ser classificada como uma droga de Categoria III.
Isso significa que a maconha terá a mesma classificação de substâncias como a testosterona e de certos esteróides e medicamentos à base de codeína, abrindo caminho para que possa ser receitada para tratamentos de saúde, embora sem descriminalizar seu uso no âmbito federal.
Por mais de meio século, a maconha foi classificada como uma substância de Categoria I, que também inclui drogas como a heroína, a cocaína e substâncias psicotrópicas. O processo não é imediato, e deve levar mais algum tempo até que seja concluído e a mudança passe a valer. Também será necessária a produção de novas normas, regras e leis.
Em outubro de 2022, o presidente Joe Biden recomendou uma análise sobre a reclassificação da maconha, depois de perdoar milhares de pessoas presas por porte da droga. Em agosto do ano passado, o Departamento de Saúde concordou com a alteração, após uma análise científica relacionada ao uso médico da substância, hoje usada em uma série de tratamentos médicos ao redor do mundo. Nos EUA, além dos 24 estados onde o uso recreativo é legalizado, outros 14 permitem apenas o uso medicinal da maconha.
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Apesar de considerada uma medida de grande importância, os impactos devem demorar a ser sentidos pela população. De imediato, a reclassificação pode facilitar pesquisas científicas sobre possíveis usos da maconha no tratamento de doenças, mas as regras e legislações estaduais seguirão em vigor — ou seja, em locais onde o uso é vetado em todas as hipóteses, inclusive medicinal, nada muda até que sejam aprovadas novas leis.
Contudo, a decisão é vista como um passo importante em uma mudança cultural a longo prazo. Biden é crítico da política de encarceramento de pessoas pela posse de pequenas quantidades da droga, e os promotores federais têm apresentado cada vez menos casos do tipo aos tribunais.
— Ter fichas criminais por uso e posse de maconha impuseram barreiras desnecessárias ao emprego, habitação e oportunidades de emprego — afirmou Biden em dezembro. — Muitas vidas foram pausadas por nossa abordagem fracassada em relação à maconha, e é hora de corrigirmos esses erros.
Com a reclassificação, novas leis com abordagens mais amenas em relação à posse e consumo podem ser incentivadas.
— É um sinal forte de que a guerra contra as drogas e os crimes que estão associados à guerra contra as drogas devem continuar a ser reavaliados e devem continuar a ser reformados e modificados — disse ao New York Times Ed Chung, vice-presidente do Instituto de Justiça Vera, que defende a reforma do sistema judicial. — Há um aspecto importante nessa mensagem.
Biden ainda não tomou o passo ousado que alguns de seus colegas de partido queriam. Na semana passada, 21 parlamentares democratas, incluindo o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, entregaram uma carta ao Departamento de Justiça sugerindo que a maconha deixasse a lista de substâncias controladas e tivesse a mesma classificação das bebidas alcoólicas. A descriminalização foi uma promessa de Biden na campanha de 2020 à Presidência.
Havia uma expectativa similar dentro da indústria da maconha legal nos EUA, que movimenta cerca de US$ 30 bilhões por ano. Uma reclassificação mais abrangente poderia resultar em menos impostos e na facilitação do trabalho dos negócios do setor. Produtores poderiam se beneficiar de reduções de impostos e incentivos fiscais, e as lojas poderiam começar a aceitar cartões de crédito nas vendas: como se trata de uma substância controlada, bancos que realizam as operações podem ter problemas com as autoridades.
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Segundo uma pesquisa do instituto Gallup, de novembro do ano passado, 70% dos americanos acreditam que a maconha deve ser legalizada. O maior apoio é entre os mais jovens, de 18 a 29 anos (73%), mas os entrevistados com mais de 55 anos também são favoráveis à ideia (65%). Em nenhum recorte da pesquisa — seja por raça, gênero, orientação partidária, escolaridade ou renda — o apoio à legalização ficou abaixo de 50%.
(Com AFP e The New York Times)
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