Internacional
Universidade Columbia ameaça expulsar estudantes que ocupam prédio histórico do campus
Manifestantes entraram no Hamilton Hall, onde desenrolaram uma faixa em que se lê 'Hind's Hall', simbolicamente rebatizando o prédio com o nome de uma criança palestina morta em Gaza

A Universidade Columbia, em Nova York, ameaçou nesta terça-feira expulsar os estudantes pró-palestinos que ocupam desde a madrugada um prédio acadêmico histórico, afirmando que a restauração da ordem e da segurança é a principal prioridade da instituição e que as ações disciplinares não são políticas.
Veja vídeo: Manifestantes tomam prédio da Universidade Columbia, em Nova York
“Isso se refere às ações dos manifestantes, e não à sua causa", afirmou em um comunicado o porta-voz da instituição, Ben Chang, referindo-se à oposição dos estudantes à guerra em Gaza. "Os manifestantes escolheram escalar para uma situação insustentável... e vamos seguir adiante com as consequências que detalhamos ontem (segunda-feira)", acrescentou.
Pouco depois da meia-noite de terça-feira, manifestantes quebraram janelas e entraram no Hamilton Hall, onde desenrolaram uma faixa em que se lê "Hind's Hall", simbolicamente rebatizando o prédio com o nome de uma criança palestina morta na ofensiva de Israel contra o grupo terrorista Hamas no enclave palestino.
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Do lado de fora do prédio — palco de várias ocupações estudantis desde os anos 1960 contra a Guerra do Vietnã e o regime segregacionista sul-africano do apartheid, que terminou em 1994 —, manifestantes bloquearam a entrada com mesas e deram-se os braços para formar uma corrente humana enquanto entoavam slogans pró-palestinos.
Escaladas semelhantes ocorreram em dois campi da Costa Oeste na noite de segunda. Na Universidade Politécnica Estadual da Califórnia, em Humboldt, a polícia prendeu estudantes que ocupavam o prédio Siemens Hall havia mais de uma semana. Na Universidade Estadual de Portland, no Oregon, estudantes ocuparam uma biblioteca.
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Na segunda-feira, após declarar que havia um impasse nas negociações para pôr fim à manifestação, a Universidade Columbia começou a suspender estudantes pró-palestinos que se recusaram a desmantelar um acampamento montado no campus.
Os manifestantes fazem três exigências à universidade: o fim de investimentos em empresas que apoiam o governo de Israel, sobretudo no setor armamentista; transparência nas finanças universitárias; e anistia para estudantes e professores alvo de ações disciplinares por sua participação nos protestos. Nesta semana, a reitora Nemat Shafik rejeitou parar os investimentos relacionados a Israel, oferecendo, em vez disso, investir nas áreas de saúde e educação em Gaza e tornar mais transparentes os investimentos diretos da universidade.
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Nesta terça, Mahmoud Khalil, um dos principais negociadores da coalizão de grupos de protesto estudantil, disse que funcionários da instituição o contataram por meio de mediadores para verificar as reivindicações dos que ocupam o Hamilton Hall.
— Assim que voltarem à mesa de negociações poderemos falar sobre demandas — disse Khalil, que foi um dos alunos suspensos na véspera. — Esses estudantes se sentiram magoados e abandonados pela administração por não ter ouvido suas demandas, então tiveram de atuar de forma diferente.
Dezenas de instituições
A ocupação do prédio em Columbia está no centro de protestos relacionados a Gaza que, desde 18 de abril, deixaram mais de mil manifestantes detidos em quase 25 campi de faculdades e universidades em ao menos 21 estados das costas Leste a Oeste dos EUA. Mesmo sem detenções, muitas outras instituições de ensino superior também são palco de manifestações, chegando a um total de 50 onde estudantes vêm se mobilizando.
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Alunos da Califórnia à Nova Inglaterra montaram acampamentos semelhantes ao de Columbia para demonstrar sua raiva pela operação israelense em Gaza, desatando um intenso debate sobre onde traçar a linha entre a liberdade de expressão e o discurso de ódio — há denúncias de que parte dos manifestantes adotam posições antissemitas.
Organizadores dos protestos negam as acusações de antissemitismo e defendem que os atos visam denunciar o governo de Israel e sua condução do conflito em Gaza. Também afirmam que posicionamentos antissemitas são fatos isolados e que episódios mais ameaçadores foram organizados por ativistas que não são estudantes.
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Grupos de direitos civis vêm criticando táticas policiais em alguns campi onde agentes entraram em confronto com os manifestantes e usaram substâncias químicas como sprays de pimenta para dispersar as multidões.
O vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Andrew Bates, fez um pronunciamento nesta terça-feira criticando a tomada dos prédios pelos manifestantes.
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— O presidente Biden respeita o direito à liberdade de expressão, mas os protestos devem ser pacíficos e legais. Tomar edifícios à força não é pacífico, é errado. E o discurso de ódio e os símbolos de ódio não têm lugar na América — Bates. — O presidente Biden sempre se opôs às difamações repugnantes e antissemitas e à retórica violenta. Ele condena o uso do termo ‘intifada’ [levante palestino], assim como fez com outros discursos de ódio trágicos e perigosos exibidos nos últimos dias.
No Congresso americano, um projeto bipartidário proposto pelo democrata Ritchie Torres e o republicano Mike Lawler, os dois deputados de Nova York, surgiu como a primeira resposta direta aos protestos e às questões morais e legais suscitadas por eles. O projeto pretende criar monitores de antissemitismo em campi selecionados pelo governo federal.
Se aprovado, o projeto permitiria ao Departamento de Educação enviar equipes contratadas para instituições que recebem verba federal. O monitor também publicaria relatórios públicos trimestrais para avaliar o progresso de medidas de combate ao antissemitismo. (Com AFP e NYT)
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