Atualidades
Acesso à água e saneamento básico é mais desafiador nos municípios da região em Alagoas
Dados do Censo 2022, do IBGE, revelam maiores dificuldades no bioma que marca a identidade de muitos nordestinos
A paisagem árida de terra rachada, marcada pela vegetação de facheiros e craibeiras, compõe o imaginário popular que envolve a caatinga. Único bioma totalmente brasileiro, a caatinga permeia mais de 10% do território nacional e abriga um ecossistema singular, ao longo de todos os estados do Nordeste e do norte do estado de Minas Gerais.
No entanto, apesar de sua importância ecológica, socioeconômica e cultural, o bioma enfrenta ameaças constantes, como desmatamento, desertificação, e falta de infraestrutura adequada.
Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE, permitem trazer à tona indicadores importantes da realidade ambiental e socioeconômica da região, e revelam desafios a serem superados pelos gestores públicos e pela população.
Os municípios da Caatinga em Alagoas
Em AL, 42 municípios estão situados – em parte ou totalmente – no bioma caatinga. São mais de 390 mil domicílios localizados nesta região.
O acesso à água e à infraestrutura adequada são desafios ainda enfrentados por grande parte dos domicílios brasileiros e alagoanos. Contudo, as próprias peculiaridades da caatinga, caracterizada pela escassez de água e condições áridas, impõem condições ainda mais desafiadoras.
A divulgação das estatísticas auxilia a traçar um panorama personalizado para a região abrangida pelo bioma, permitindo a formulação de políticas públicas realmente adequadas à realidade local.
Dificuldades no acesso à rede geral de distribuição de água
Enquanto a média alagoana é de 68% de domicílios ligados à rede geral de distribuição de água, já bem abaixo do índice nacional de quase 84%, a realidade da caatinga no estado é ainda mais destoante. Na região, apenas 58% dos domicílios em AL possuem ligação com a rede de distribuição de água e a utilizam como principal forma de obtenção.
Dentre os municípios com os maiores percentuais de acesso à rede geral de água, destacam-se São Brás (95%), Delmiro Gouveia (93%) e Campo Grande (89%), que evidenciam uma infraestrutura hídrica mais consolidada. Em contrapartida, regiões como Ouro Branco (18%), Coité do Nóia (19%) e Cacimbinhas (25%) enfrentam desafios significativos, com uma proporção considerável de domicílios sem acesso à rede geral.
No município de Ouro Branco, mais de 52% dos domicílios não tem ligação à rede e se abastecem de água por carro-pipa.
Desigualdade sanitária
Os dados obtidos pelo Censo 2022 revelam um cenário preocupante no acesso ao saneamento básico entre os domicílios situados nas regiões de caatinga em AL.
Mais uma vez, a média estadual (34%) figura bem abaixo da média nacional (64,7%) em relação ao percentual de domicílios ligados à rede geral de esgotamento sanitário, e há agravamento da situação de precariedade nos municípios da caatinga – apenas 12,3% dos domicílios têm ligação.
A forma predominante de esgotamento sanitário em mais de metade dessas cidades é a “fossa rudimentar ou buraco”, que não faz parte das soluções adequadas preconizadas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB). São 65,4% dos domicílios da caatinga alagoana nessa situação, contra 43% na média estadual e 18% na média nacional. Em municípios como Coité do Nóia, o percentual chega a 97,5% das residências.
A ausência da estrutura mais básica também se agrava na região. A média é de 3% dos domicílios sem quaisquer instalações de banheiro e sanitário, quase o triplo da média alagoana geral (0,98%). Em Senador Rui Palmeira, quase 14% dos domicílios não possui nenhum acesso à instalações sanitárias.
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