Economia

De iate-submarino a 'trimarã' e nave 'à prova de furacão': apostas de magnatas inovam no luxo em alto-mar; veja fotos

Multimilionários buscam comodidades exclusivas e privacidade numa indústria que movimenta bilhões e está em expansão

Agência O Globo - 27/04/2024
De iate-submarino a 'trimarã' e nave 'à prova de furacão': apostas de magnatas inovam no luxo em alto-mar; veja fotos

No meio de uma revolução tecnológica, o setor do entretenimento e da logística no mar tem oferecido novas opções de comodidades exclusivas e privativas — especialmente para os multimilionários. Os exemplos de investidores são vários, como o do iate-submarino, cujo projeto é capitaneado pela Migaloo Private Submersible Yachts. Além dele, porém, há outros projetos de embarcação que têm feito barulho numa indústria avaliada em US$ 9 bilhões (cerca de R$ 46 bilhões) e que segue em expansão, segundo a revista londrina Dezeen, especializada em arquitetura e design.

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Os novos modelos buscam menor impacto ambiental e/ou trazem "conceitos bombásticos que quebram os moldes do iate-padrão, visando a formas e funções ambiciosas".

Veja abaixo fotos de alguns dos mais comentados e saiba detalhes abaixo.

Iate-submarino

A Migaloo Private Submersible Yachts é uma empresa austríaca dedicada ao design e fabricação de superiates, com foco especial em submarinos de última geração. O seu fundador e CEO é Christian Gumpold, que explicou que a companhia nasceu como uma resposta à crescente procura por inovação e exclusividade no mercado.

O produto-estrela da empresa é o Migaloo M5, um híbrido de um iate gigante de luxo e um submarino, que conta com suítes VIP, academias de última geração e spas completos, entre outras comodidades de luxo, como jet skis e um heliponto. O setor estima que o valor-base da embarcação seria de 2 bilhões de euros (equivalente a R$ 10,6 bilhões, na cotação atual).

O M5 tem capacidade para até 40 passageiros, incluindo a tripulação, e permite velocidade máxima de 20 nós na superfície (equivalente a 37 km/h) e 12 nós em imersão (12 km/h). Além disso, tem capacidade de mergulho a até 250 metros — e lá pode ficar durante quatro semanas, segundo a empresa.

'Expresso Oriente' do mar

Previsto para zarpar a partir de 2026, o "Orient Express Silenseas" é uma aposta da empresa Accor para o segmento de luxo (desta vez, no mar, e não nas ferrovias, como evoca a marca, adquirida pela hoteleira em 2017).

Com 220 metros de comprimento, a embarcação visa a se tornar o "maior veleiro do mundo". Será projetada pelo estúdio Stirling Design International, com interiores do arquiteto Maxime d'Angeac, numa iniciativa de replicar o conforto dos trens originais que circularam pela Europa de 1883 a 2009.

Segundo a revista Dezeen, o navio contará com 54 suítes de cerca de 70 metros quadrados, além de uma suíte presidencial, de 1.415 metros quadrados. A embarcação terá também duas piscinas, um spa, dois restaurantes e um bar.

Para se mover pelo oceano, o navio será impulsionado por três velas rígidas, com superfície de 1.500 metros cada, complementadas por um motor a gás natural liquefeito (GNL).

Trimarã Domus

A ideia do estúdio Van Geest Design e Rob Doyle Design é construir uma embarcação movida pela combinação de células de combustível de hidrogênio, geração hídrica e energia solar. Com isso, seria "o primeiro iate verdadeiramente com emissão zero com mais de 750 toneladas de arqueação bruta".

De acordo com o estúdio, passageiros do megaiate Domus terão uma experiência parecida com a de um "bangalô", num deck único sem degraus disposto sobre três cascos (por isso, trimarã). O espaço interior, por sua vez, teria quase 800 metros quadrados.

No projeto, a área de serviço — que inclui cozinha, lavanderia e refeitório da tripulação — foi alocada no casco central. A extensão do convés principal ficou integralmente para uso exclusivo do dono do megaiate e seus convidados. Essa área de interação conta com duas cabines VIP e outras quatro de hóspedes, além de spa, academia e cinema.

— O iate tem as mesmas comodidades de um iate a motor de 60 metros, mas a forma como os espaços interagem é completamente diferente — disse o fundador do estúdio, Pieter van Geest, à Dezeen.

Iate flutuante, 'à prova de furacões'

Um iate elétrico, movido a energia solar, com palafitas retráteis, e uma propriedade capaz de flutuar sobre a água. Essa união de conceitos é a proposta do estúdio de arquitetura holandês Waterstudio.NL para a embarcação Arkup 75. A ideia é construir uma base híbrida que pode ficar parcialmente apoiada numa doca ou totalmente levantada da linha d'água.

— O design foi inspirado na forma como os flamingos ficam na água — explicou o fundador do estúdio, Koen Olthuis, à revista de arquitetura e design. — Apenas uma perna na água e o corpo intocável acima da superfície.

Trata-se de uma embarcação de 22 metros de comprimento que se ancora em quatro estacas de aço. Essas estruturas, de 12 metros cada, baixam até 7,6 metros de profundidade para garantir a estabilidade do iate.

— As ondas só atingem as palafitas, o que o torna um edifício à prova de furacões — disse Olthuis, que aposta no projeto para o futuro da habitação, diante do aumento do nível do mar e do crescimento urbano.

Arkup 75 dispõe de sistema de coleta e purificação de água da chuva e paredes de fibra de vidro para garantir a vista, além de terraço retrátil. O painel solar instalado sobre o telhado capta a energia que a estrutura precisa para permanecer em águas abertas por tempo indeterminado. Já área de habitação se estende por pouco mais de 400 metros quadrados.

Iate-pirâmide

É do designer Jonathan Schwinge o conceito de um superiate em formato de pirâmide, capaz de se movimentar com velocidade acima da água. O projeto da embarcação futurista Tetra bebe da fonte da tecnologia de hidrofólio. Para "flutuar", o iate-pirâmide se apoiaria num casco do tipo HYSWAS (parte da sustentação fica num único casulo flutuante, abaixo de um casco superior tradicional).

Palhetas levantam o casco da água e reduzem o arrasto na superfície, quando em movimento, o que permite maior velocidade. Estando acima da superfície, a embarcação pode proporcionar uma navegação suave mesmo em tempestades, segundo os projetistas.

De acordo com a Dezeen, o iate-pirâmide tem capacidade para seis passageiros e quatro tripulantes.

Iate-exoesqueleto

Obra da premiada arquiteta londrina Zaha Hadid, o iate JAZZ foi projetado para os construtores navais alemães Blohm+Voss e serviu de inspiração para a elaboração de cinco embarcações — menores e refinadas tecnicamente para as travessias oceânicas. O conceito da "embarcação-mãe", de 128 metros, traz formas sinuosas que lembram um exoesqueleto. Para sair do papel, foi simplificado.

O primeiro iate JAZZ tem proa sólida, com abertura maior na parte traseira. Outros quatro barcos serão customizados para atender às necessidades de seus proprietários, de acordo com a Dezeen.

Triton da Aston Martin

O "Projeto Netuno" foi apresentado no Monaco Yacht Show de 2017 e chamou a atenção do maior evento da indústria náutica. Trata-se de uma colaboração da Aston Martin com o fabricante de submersíveis Triton, num projeto de submarino de edição limitada pensado para "redefinir o luxo para um grupo seleto".

De acordo com a revista Dezeen, o submersível "combina as características clássicas de design dos carros da Aston Martin com as tecnologias de mergulho profundo da Triton". Renderizações do projeto mostravam uma cabine em forma de bolha, com capacidade para três pessoas (um piloto e dois passageiros). O submersível seria capaz de mergulhar a até 500 metros e lá ficar por 12 horas.

Na época, relatórios que circularam no evento afirmavam que uma dúzia de submarinos do tipo estariam disponíveis para compra a cada ano. O valor unidade era estimado em US$ 4 milhões — à época, mais que o dobro do carro One-77 da Aston Martin.