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Seca nas Filipinas faz ressurgir cidade antes submersa de 300 anos, que vira atração turística; veja fotos

Esta é a 6ª vez que o fenômeno ocorre, mas autoridades da administração nacional de irrigação apontam que o período dessa vez está mais extenso; fenômeno El Niño agravou o calor na região

Agência O Globo - 26/04/2024
Seca nas Filipinas faz ressurgir cidade antes submersa de 300 anos, que vira atração turística; veja fotos

Uma cidade no norte das Filipinas que ficou submersa devido à construção de uma represa na década de 1970 está reaparecendo à medida que os níveis de água baixam por causa da seca que atinge o país. As ruínas, em meio à represa de Pantabangan, na província de Nova Ecija, são agora uma atração turística por causa do calor extremo.

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Partes de uma igreja, uma placa da prefeitura e várias lápides começaram a reaparecer em março, depois de vários meses de "quase nenhuma chuva", disse Marlon Paladin, engenheiro da administração nacional de irrigação. É a sexta vez que a cidade, fundada há quase 300 anos, ressurge desde que foi construída a barragem para levar água de irrigação aos agricultores e gerar energia hidrelétrica.

— Este é o período mais longo [que está visível] — disse Paladin à AFP.

O nível da água do reservatório caiu quase 50 metros em relação ao nível normal de 221 metros, segundo dados dos serviços meteorológicos estaduais. Os meses de março, abril e maio são geralmente os mais quentes e secos nas Filipinas, mas as condições deste ano foram agravadas pelo fenômeno climático El Niño: quase metade das províncias do arquipélago está oficialmente em situação de seca.

Os turistas que desejam conhecer as ruínas pagam cerca de 300 pesos (cerca de R$ 26,6 na cotação atual) aos pescadores para levá-los de barco até o meio do reservatório, onde a cidade surge em uma ilha temporária.

Nely Villena, de 48 anos, mora no município de Pantabangan e visita frequentemente um mirante com vista para as ruínas.

— A vista é melhor quando o nível da água está baixo. Se a água estiver muito alta (...) tudo o que você vê é água — disse ele à AFP enquanto um vento forte açoita a região, aliviando um pouco do calor.

A temperatura em Nova Ecija atingiu cerca de 37°C quase todos os dias desta semana. Mas o índice de calor, ou seja, a sensação térmica, que inclui também a umidade, ultrapassou os 42°C, nível considerado “perigoso”.

'Água para os campos'

Quando a barragem foi construída, centenas de residentes de aldeias e quintas submersas foram transferidos pelo governo para terrenos mais elevados. Melanie Dela Cruz, de 68 anos, era adolescente quando sua família foi forçada a sair de casa. Voltou pela primeira vez apenas este ano.

— Fiquei emocionada porque me lembrei da minha antiga vida ali — disse à agência francesa. — Meu coração ficou emocionado porque estudei ali, até nasci ali.

A queda dos níveis de água forçou o encerramento de duas centrais hidrelétricas perto da barragem no início deste mês, pouco antes da data normal de encerramento, 1º de maio. Também deixou muitos produtores de arroz sem a tão necessária água de irrigação, e alguns recorreram ao cultivo de vegetais, que requerem menos água.

Cruz confessou que reza pela chuva, mesmo que isso signifique que a sua antiga casa desapareça novamente.

— Nossos agricultores precisam urgentemente de água para seus campos — afirmou.