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Diretor francês Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro, morre aos anos

Cineasta ganhou prêmio principal do Festival de Cannes por 'Entre os muros da escola' (2008)

Agência O Globo - 25/04/2024
Diretor francês Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro, morre aos anos

Faleceu nesta quinta-feira (25), aos 63 anos, o cineasta francês Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo trabalho em "Entre os muros da escola" (2008). A informação é do jornal francês Libération.

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Cantet ficou marcado por um cinema engajado e de preocupação social, com um olhar particular sob a juventude na França. O cineasta fez sua estreia em longas, em 1997, com o drama "Les sanguinaires". Nos anos seguintes, se destacou com "Recursos humanos" (1999), "A agenda" (2001) e "Em direção ao sul" (2005).

Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, "Entre os muros da escola" marcou a trajetória do cineasta, que retrata a rotina de um professor em uma escola de um bairro da periferia de Paris. Ao anunciar a Palma de Ouro para o longa, Sean Penn, presidente do júri de Cannes naquele ano, afirmou: "uma Palma para a humanidade, um filme extraordinário".

Em seu último trabalho, "@Arthur Rambo — Ódio nas redes" (2021), o cineasta jogou uma luz sob a cultura do cancelamento e explorou o discurso de ódio nas redes sociais.

— Quis falar sobre o espaço que as mídias sociais podem ocupar em nossa vida. Nós usamos muito, mas não pensamos realmente na maneira como as usamos — destacou Cantet em entrevista ao GLOBO em 2022. — Acho que o que mais me assusta é a forma como as redes simplificam nossa maneira de pensar. Você tem que ser o primeiro a reagir, tem que ser aquele que encontrará a boa piada, deve ser o mais provocador se quiser ser apreciado. Isso construiu uma forma de pensar que me assusta mais do que a própria violência presente nas redes.

Fã do Cinema Novo, Laurent Cantet, visitou o Brasil inúmeras vezes. Familiarizado com o subúrbio francês e uma população muitas vezes excluída das áreas mais nobres, o cineasta confessou ser particularmente fascinado pela realidade brasileira com “extremos coexistindo lado a lado”, com espaços em que a desigualdade social está escancarada diante de todos.