Internacional
Irã condena rapper a pena de morte por apoiar protestos pela morte de jovem que não usava corretamente véu
Toomaj Salehi é conhecido por suas músicas de protesto sobre as questões sociais e políticas do governo do país; seu advogado afirma que entrará com recurso

Um tribunal iraniano condenou à morte o rapper Toomaj Salehi, que ficou preso por mais de um ano e meio após apoiar publicamente protestos em todo o país desencadeados pela morte de Mahsa Amini, informou a mídia local nesta quarta-feira. A jovem iraniana, de apenas 22 anos, foi assassinada pela Polícia da Moralidade do Teerã por infringir o código de vestimenta feminino ao deixar uma mecha do cabelo aparecer, em 2022.
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— A primeira secção do Tribunal Revolucionário de Isfahã condenou Toomaj Salehi à morte sob a acusação de corrupção, por apoiar sedição, reunião e conluio, além de propaganda contra o sistema e apelo a motins — disse o advogado do cantor, Amir Raisian, citado pelo jornal reformista Shargh Daily.
O advogado acrescentou que a defesa irá entrar com recursos, já que o Tribunal Revolucionário, "em um movimento sem precedentes", enfatizou a sua independência e não implementou a decisão do Supremo Tribunal, que analisou o caso e emitiu uma decisão ao tribunal de primeira instância para remover as falhas da sentença.
— O fato é que o veredicto tem conflitos jurídicos claros. A contradição com a decisão do Supremo Tribunal é considerada a parte mais importante e ao mesmo tempo a mais estranha desta decisão — disse Raisian.
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Com 33 anos e mais de dois milhões de seguidores no Instagram, o rapper é conhecido por suas músicas de protesto sobre as questões sociais e políticas do governo do país. Ele foi preso em outubro de 2022, no auge dos protestos pela morte da jovem, sendo condenado a seis anos e três meses de prisão.
Toomaj acabou sendo libertado da prisão em Isfahã em 18 de novembro sob fiança, após seu advogado apresentar um recurso ao Tribunal Revolucionário local, de acordo com o jornal Shargh Daily. Porém, no dia 30 do mesmo mês ele foi preso novamente. Em vídeo no Instagram, o rapper relatou sofrer torturas físicas e psicológicas durante a prisão.
Meses de agitação após a morte de Amini, em 16 de setembro de 2022, resultaram em centenas de pessoas mortas pela polícia local, incluindo dezenas de agentes de segurança, e milhares de outras presas. As autoridades iranianas classificaram os protestos de "motins" e acusaram os "inimigos estrangeiros" de Teerã de fomentar a agitação.
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Nove homens foram executados em casos relacionados a protestos envolvendo assassinatos e outros tipos de violência contra as forças de segurança.
De acordo com relatório divulgado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, a violenta repressão de manifestações majoritariamente pacíficas no Irã em 2022 e a "descriminalização institucionalizada” contra mulheres e meninas no país resultaram em “crimes contra a Humanidade”.
Segundo o documento, autoridades e forças de segurança locais detiveram, encarceraram, torturaram e assassinaram milhares de iranianos durante os protestos.
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