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Obra do Açude do Goití em andamento com recursos próprios; R$9 milhões de emendas desapareceram?

Após cinco anos e mais de R$9 milhões investidos, obra emblemática exige transparência em suas despesas e ação do Ministério Público

Redação 18/04/2024
Obra do Açude do Goití em andamento com recursos próprios; R$9 milhões de emendas desapareceram?

Há cinco anos, os moradores de Palmeira dos Índios foram apresentados a um ambicioso projeto de revitalização do Açude do Goiti, sua área circundante e da Praça Moreno Brandão. O projeto, que prometia transformar o local novamente em um cartão postal da cidade, parece ter se perdido no tempo e no espaço.

Projeto Original da revitalização da Praça do Açude
Projeto Original da revitalização da Praça do Açude

Inicialmente orçado em quase R$4 milhões, o projeto teve adicional de R$5 milhões, totalizando R$9 milhões em fundos, majoritariamente provenientes de emendas parlamentares do deputado Marx Beltrão. Entretanto, as obras não avançaram conforme planejado.

Primeiro orçamento da obra do açude apresnetado
Primeiro orçamento da obra do açude apresnetado

Apesar do montante considerável, a execução ficou restrita à construção de um pátio de tijolos de cimento nos fundos do açude e de duas calçadas laterais. Notavelmente, a calçada que circundaria todo o lago e completaria o entorno não foi construída, desviando-se do projeto inicialmente aprovado.

Pátio de tijolos de cimento nos fundos do açude
Pátio de tijolos de cimento nos fundos do açude


O mais preocupante é o estado do açude: uma vez um cenário deslumbrante, agora oculto sob as águas que cobrem um matagal não removido, com vegetação em algumas áreas ultrapassando 2 metros de altura. A falta de limpeza não só compromete a estética e a funcionalidade do espaço, mas também sugere uma tentativa de ocultar a inércia das obras.

Recentemente, a prefeitura afirmou que os trabalhos em andamento estão sendo financiados com recursos próprios, levantando questionamentos sobre o destino dos R$9 milhões anteriormente alocados. Foram esses recursos empregados apenas nas calçadas e no calçadão dos fundos? E a limpeza prometida do açude e a concretização do projeto original?

Site da prefeitura informa que obra está sendo realizada com recursos próprios. Onde foram parar os R$9 milhões?
Site da prefeitura informa que obra está sendo realizada com recursos próprios. Onde foram parar os R$9 milhões?

A situação desperta a atenção não só dos moradores mas também de observadores externos, que clamam por uma atuação enérgica do Ministério Público. A comunidade local exige explicações convincentes e transparentes sobre o destino dos recursos e o futuro do projeto.

O caso do Açude do Goití se destaca não apenas pelo seu impacto direto na paisagem e no patrimônio de Palmeira dos Índios, mas como um símbolo dos desafios enfrentados na gestão de projetos públicos. A população, ansiosa por respostas e pela revitalização prometida, espera que a verdade venha à tona e que a justiça prevaleça, restaurando não só o espaço, mas a confiança na gestão pública.


A grande promessa de revitalização ainda aguarda conclusão, enquanto a comunidade questiona o uso dos recursos e a gestão do projeto

Em 2019, o prefeito imperador anunciava que "enquanto o Brasil enfrentava uma crise sem precedentes, a cidade de Palmeira dos Índios recebia uma notícia alentadora". Ele anunciava o início de uma obra significativa: a revitalização e urbanização do entorno do Açude do Goití e da Praça Moreno Brandão, conhecida como Praça da Índia. O projeto não só prometia transformar um espaço negligenciado há mais de 30 anos, mas também revitalizar o coração da cidade, transformando-o em um novo centro de lazer para as famílias locais.

A empresa Lucena, encarregada da obra, tinha um prazo de 12 meses para completar o projeto, que contava com um financiamento inicial de quase R$ 4 milhões, provenientes de uma emenda parlamentar do deputado federal Marx Beltrão. O prefeito destacava que, apesar dos transtornos temporários previstos durante a construção, o resultado final traria um benefício duradouro para a cidade, incluindo a criação de 50 empregos, com um compromisso de contratação local para impulsionar a economia da região.

Contudo, passados mais de 5 anos, a obra que prometia embelezar e dinamizar Palmeira dos Índios ainda está incompleta. As expectativas geradas não se concretizaram, e as calçadas parcialmente construídas e o matagal encoberto pelas águas do açude são um lembrete diário do progresso que nunca chegou. A comunidade local, que observou o lento andamento dos trabalhos e a aparente evaporação dos recursos financeiros, agora exige respostas.

Perguntas persistem sobre onde o dinheiro foi parar e por que a obra, crucial para o desenvolvimento urbano e social da cidade, foi negligenciada. A falta de conclusão do projeto não apenas frustra os moradores, mas também levanta preocupações sérias sobre a gestão e a transparência das autoridades locais.

Os residentes de Palmeira dos Índios continuam à espera de uma conclusão que transforme o espaço degradado em um local de orgulho e beleza. Enquanto isso, a pressão aumenta sobre o governo local para que retome a obra, conclua o projeto conforme planejado e preste contas sobre o uso dos recursos que foram destinados a revitalizar o coração da cidade.

A comunidade espera que este caso sirva como um chamado à ação para o prefeito e para todas as partes envolvidas na gestão dos recursos públicos, reiterando a necessidade de responsabilidade e compromisso com o bem-estar dos cidadãos. A finalização da obra do Açude do Goití não é apenas uma questão de estética e lazer, mas também de justiça e integridade na gestão pública.