Internacional
EUA e União Europeia anunciam novas sanções contra os programas de mísseis e drones do Irã
Medidas ocorrem enquanto crescem as preocupações de que o ataque sem precedentes de Teerã contra Israel possa alimentar uma guerra mais ampla no Oriente Médio
Os Estados Unidos anunciaram, nesta quinta-feira, a imposição de novas sanções a 16 pessoas e duas entidades associadas ao programa de drones do Irã. A decisão foi divulgada pouco depois de os líderes da União Europeia terem concordado em aumentar as sanções contra Teerã. As medidas ocorrem enquanto crescem as preocupações de que o ataque sem precedentes do Irã, que no último sábado lançou mais de 300 drones e mísseis balísticos e de cruzeiro contra o território israelense, possa alimentar uma guerra ampla no Oriente Médio.
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As sanções dos Estados Unidos visam executivos de um fabricante de motores que fornece os drones Shahad-131 do Irã, usados no ataque do fim de semana, além de empresas que prestam serviços aos associados ao fornecimento dos drones aos parceiros de Teerã. O Departamento do Tesouro americano também afirmou que estava punindo cinco empresas iranianas associadas à indústria do aço e três subsidiárias de uma montadora do Irã. As medidas, conforme publicado pela CNN, foram coordenadas com a União Europeia.
— Que fique claro para todos aqueles que permitem ou apoiam os ataques do Irã: os Estados Unidos estão comprometidos com a segurança de Israel. Estamos comprometidos com a segurança de nosso pessoal e dos nossos parceiros na região. E não hesitaremos em tomar todas as medidas necessárias para responsabilizá-los — declarou o presidente americano, Joe Biden, após o anúncio das sanções.
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmou que os EUA estavam utilizando “ferramentas econômicas” para “degradar e interromper aspectos-chave da atividade maligna do Irã”, incluindo seu programa de veículos aéreos não tripulados e a “receita que o regime gera para apoiar seu terrorismo”. Ela disse que o governo americano continuará utilizando sua “autoridade de sanções para enfrentar o Irã com mais ações nos próximos dias e semanas”, o que tornará “mais difícil e custoso” para Teerã “continuar seu comportamento desestabilizador”.
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Em comunicado, o bloco anunciou que “tomará medidas restritivas adicionais contra o Irã, especialmente em relação a veículos aéreos não tripulados e mísseis”. Após o anúncio, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou que este é “um sinal claro” e que é preciso “isolar” Teerã. Ele afirmou que outros detalhes sobre as novas sanções seriam anunciados nos próximos dias. Não ficou claro, porém, como as medidas ocidentais poderiam conter o país.
O Irã passou mais de 40 anos encontrando maneiras de contornar as sanções ocidentais, incluindo em suas práticas os envios ilícitos de petróleo e, especialmente, armamentos para a Rússia. A diplomacia de drones de Teerã, por exemplo, está rendendo moeda estrangeira para financiar sua indústria de defesa, fortalecendo suas alianças estratégicas e tornando o país um formidável negociador de armas — com o potencial de mudar a natureza dos conflitos ao redor do mundo.
Os comentários de Michel foram realizados horas depois que os principais diplomatas do Reino Unido e da Alemanha visitaram Israel para instar o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a não provocar uma guerra mais ampla ao responder fortemente ao bombardeio do Irã no último fim de semana. O premier, no entanto, saiu das negociações resoluto de que seu país não se dobraria a nenhuma pressão externa e faria “o necessário para se defender”.
— Eu agradeço aos nossos amigos pelo apoio na defesa de Israel. Eles têm todos os tipos de sugestões e conselhos, e eu sou grato. Contudo, gostaria de esclarecer: nós tomaremos nossas próprias decisões — disse Netanyahu na abertura de uma reunião ministerial.
O chanceler do Reino Unido, David Cameron, disse à rede britânica BBC que “está claro que os israelenses estão tomando uma decisão de agir”, mas que esperavam “que eles o façam de forma que minimize ao máximo a escalada [do conflito]”. O ataque do último sábado foi, segundo o Irã, uma resposta a um bombardeio ao consulado do país em Damasco no dia 1º de abril. Na ocasião, pelo menos 16 pessoas morreram, incluindo sete membros da Guarda Revolucionária iraniana e dois comandantes.
O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, encarregou sua equipe de elaborar novas medidas. Expandir as sanções, no entanto, não é um passo simples. Conforme publicado pelo Guardian, o bloco europeu já visou aqueles responsáveis pela fabricação de drones que o Irã vendeu para a Rússia para o uso na guerra. Agora, a ideia é expandir a lista para incluir mísseis, embora não haja evidências de que Teerã tenha vendido estes armamentos para Moscou.
Borrell afirmou, ainda, que as forças apoiadas pelo Irã no Líbano, Iraque e Síria também podem ser alvo de sanções.
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Nesta quinta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que as novas medidas devem visar “aqueles que estão ajudando a produzir os mísseis e drones que foram usados” no ataque do fim de semana. A primeira-ministra da Letônia, Evika Silina, disse que mais trabalho seria feito para restringir os “cérebros militares” por trás da “tecnologia que o Irã pode usar não apenas contra Israel, mas também contra a Europa”. Ela usou este argumento para apoiar as sanções.
O primeiro-ministro lituano, Gitanis Nasuèda, afirmou que os líderes discutiram nesta quinta-feira as preocupações sobre a possibilidade de o Irã também estar alimentando a máquina de guerra da Rússia na Ucrânia. Ele pontuou que esta deveria ser “uma das razões pelas quais” é preciso “introduzir e expandir as sanções” contra o Irã. A ação iraniana no conflito, disse, é “inaceitável para a União Europeia como um todo”. (Com New York Times)
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