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Em meio à infestação de ratos, casos de leptospirose crescem em Nova York

Órgão de saúde divulgou um alerta após aumento nas infecções associadas à exposição à urina dos roedores

Agência O Globo - 18/04/2024
Em meio à infestação de ratos, casos de leptospirose crescem em Nova York

A cidade de Nova York vive uma crise de infestação de ratos e, segundo o Departamento de Saúde, foi registrado um aumento no número de casos de leptospirose. O órgão divulgou um alerta de saúde, após várias pessoas apresentarem infecção associada à exposição à urina dos roedores.

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Em 2023, foram 24 casos de leptospirose na cidade, número maior do que em qualquer ano anterior, ainda conforme o Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova York. Porém, só no primeiro trimestre deste ano, já foram seis infectados. Entre 2001 a 2023, houve um total de seis mortes causadas pela doença.

"Para efeito de comparação, o número médio de casos adquiridos localmente durante 2021 a 2023 foi de 15 por ano e 3 casos por ano durante 2001 a 2020" , disseram as autoridades de saúde à TV americana ABC News. "Este ano, 6 casos foram relatados até 10 de abril de 2024".

"Entre os 98 casos relatados de 2001 a 2023, a idade média dos casos foi de 50 anos (variação de 20 a 80 anos), geralmente do sexo masculino (94%) e, relatados com mais frequência no Bronx (37), seguido pelo Brooklyn (19), Manhattan (28), Queens (10) e Staten Island (4)”, disse o Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova York.

O quadro de leptospirose grave apresenta sintomas como insuficiência renal e hepática aguda e, ocasionalmente, problemas pulmonares graves, disseram autoridades de saúde da cidade de Nova York. No entanto, os sintomas podem incluir febre, dor de cabeça, calafrios, dores musculares, vômitos, diarreia, tosse, sufusão conjuntival, icterícia e erupção na pele.

O período de incubação é geralmente de 5 a 14 dias, mas é possível que dure entre 2 e 30 dias. Se a leptospirose não for tratada, pode causar quadros como insuficiência renal, meningite, danos no fígado e dificuldade respiratória.

“Em Nova York, os casos adquiridos localmente geralmente têm um histórico de exposição residencial ou ocupacional à urina ou ambientes de rato (incluindo solo e água) e materiais contaminados com urina de rato (por exemplo, manuseio de sacos de lixo ou lixeiras contendo resíduos de alimentos), disseram autoridades de saúde, em comunicado sobre o aumento dos casos.

De acordo com o Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova York, as bactérias leptospira são frágeis e podem morrer em minutos no calor seco ou em temperaturas congelantes. Em 2023, metade dos casos adquiridos localmente foram notificados nos meses de junho e outubro, meses mais quentes e úmidos, com chuva excessiva.

“Os invernos frios de Nova York provavelmente limitam a capacidade das leptospira de sobreviver no meio ambiente”, disseram autoridades de saúde. “No entanto, a chuva excessiva e as temperaturas excepcionalmente altas, fatores associados às mudanças climáticas, podem apoiar a persistência das leptospira em áreas mais temperadas como Nova York.

Contraceptivos

Por quase 60 anos, as autoridades da cidade de Nova York entenderam que não poderiam se livrar dos ratos por meio da matança. Esses pequenos roedores são procriadores prodigiosos — um casal tem o potencial de produzir 15 mil descendentes em um ano. Governantes tentaram repetidamente contornar a situação com contraceptivos, mas os ratos prevaleceram. Agora, mencionando os avanços no controle de natalidade de roedores e no armazenamento de lixo, o município quer tentar novamente.

Um novo projeto de lei apresentado na quinta-feira poderá exigir que o Departamento de Saúde da cidade implante pastilhas salgadas que esterilizam ratos machos e fêmeas em dois bairros como parte de um projeto-piloto. As pastilhas seriam usadas no que são conhecidas como zonas de mitigação de ratos, cobrindo pelo menos 10 quarteirões da cidade.