Internacional
Após apelo internacional sobre resposta ao Irã, Netanyahu afirma que Israel 'tomará as próprias decisões'
Premier conversou com representantes do Reino Unido e Alemanha, que fizeram apelo contra escalada, mas disse que 'fará o necessário para se defender'
No momento em que é pressionado para evitar uma retaliação militar contra o Irã, após os ataques do fim de semana lançados por Teerã, o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, disse agradecer aos aliados ocidentais pelas sugestões, mas reiterou que seu governo “tomará as próprias decisões”.
— Eu agradeço a nossos amigos pelo apoio na defesa de Israel e eu digo isso, apoio na forma de palavras e atos. E eles têm todos os tipos de sugestões e conselhos, e eu sou grato. Contudo, gostaria de esclarecer: nós tomaremos nossas próprias decisões — disse Netanyahu na abertura de uma reunião ministerial. — O Estado de Israel fará o necessário para se defender.
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Netanyahu se referia às reuniões com o chanceler britânico, David Cameron, e com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, em Jerusalém. No encontro, o premier voltou a ouvir pedidos de moderação na resposta ao lançamento de mais de 300 mísseis e drones iranianos contra Israel no sábado, um ataque repelido com a ajuda de EUA, Reino Unido e Jordânia, além da cooperação da França.
A ação, segundo Teerã, foi uma resposta a um bombardeio contra o consulado do país em Damasco, no dia 1º de abril, atribuído aos israelenses. Em comunicado à imprensa, o premier disse ter reiterado a Cameron e Baerbock que "Israel manteria seu direito à autodefesa".
Diante de uma guerra de grande porte entre dois países rivais há mais de quatro décadas, e que ostentam dois dos mais poderosos arsenais do Oriente Médio, governos de todo o mundo vêm pedindo que ambos evitem ações que possam levar a uma escalada talvez incontrolável. Em seu relatório sobre as perspectivas globais em 2024, divulgado na terça-feira, o FMI alertou para os possíveis impactos de um conflito desse porte, que não ficariam restritos apenas à região e afetariam todo o ambiente econômico global.
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Uma das vozes mais ativas nessa pressão contra uma retaliação, ou ao menos contra uma ação que possa levar a uma resposta dura dos iranianos, é o presidente dos EUA, Joe Biden. No próprio fim de semana, em conversa com Netanyahu, Biden recomendou ao premier, segundo o site Axios, citando fontes da Casa Branca, que “aceitasse a vitória”, e afirmou que não participaria de um eventual ataque aos iranianos, tom similar ao de Cameron e Baerbock no encontro desta quarta em Jerusalém.
— Não é do interesse de ninguém ter uma escalada, e é isso que estamos dizendo a todas as pessoas com quem conversamos aqui em Israel — disse Cameron, citado pelo site Politico Europe. — [Espero que] qualquer coisa que Israel faça seja limitada e precisa e inteligente o possível.
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A ministra alemã, além de defender prudência, sinalizou que a União Europeia prepara um novo pacote de sanções contra o Irã, voltadas ao desenvolvimento de mísseis balísticos e ao programa nuclear: desde o final dos anos 1990, Israel acusa os iranianos de terem planos para militarizar suas atividades atômicas, o que o Irã nega. Os israelenses, por sua vez, teriam cerca de 90 ogivas operacionais, mas o país adota uma política de não negar tampouco confirmar a posse de armas nucleares, e não integra o Tratado de Não Proliferação (do qual Teerã faz parte desde 1968).
— Todos precisam agir de forma prudente e responsável — disse Baerbock, antes de embarcar para a Itália, onde os chanceleres do G7 se reúnem na quinta-feira, com a expectativa de anúncio de sanções a Teerã. — [As tensões com o Irã] não servem a ninguém. Não ajudam as dezenas de reféns nas mãos do Hamas, a população que sofre hoje em Gaza, as pessoas no Irã que sofrem sob o regime, nem os países da região que querem viver em paz.
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