Política

Governo Tarcísio anuncia uso de IA na produção de aulas no ensino médio e fundamental

Testes terão início no final de julho; governador paulista rebate críticas e diz que ferramenta não irá substituir professores

Agência O Globo - 17/04/2024
Governo Tarcísio anuncia uso de IA na produção de aulas no ensino médio e fundamental
Tarcísio - Foto: Reprodução / internet

O governo do estado de São Paulo planeja implementar o uso de inteligência artificial (IA) para a produção de aulas na rede de ensino estadual. De acordo com a Secretaria de Educação (Seduc-SP), os testes terão início no final de julho, quando começa o terceiro bimestre do ano letivo de 2024 e serão destinados às turmas do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio.

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A pasta, comandada por Renato Feder, afirmou que os professores curriculistas — profissionais especializados na produção de material pedagógico — da Seduc-SP serão os responsáveis por dar os comandos à IA para a produção dos conteúdos a serem utilizados.

A secretaria afirmou ainda que o papel da IA será aprimorar as aulas já produzidas por estes educadores "com a inserção e novas propostas de atividades". Segundo a Seduc-SP, o conteúdo gerado passará pela avaliação e edição dos professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de checagem de direitos autorais e de design.

O governador Tarcísio de Freitas rebateu críticas ao projeto em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, e defendeu o uso da tecnologia "para facilitar a nossa missão".

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— Nada vai substituir o papel do professor. Até porque a responsabilidade dentro de sala de aula é o professor. No fim das contas, quem sabe o que vai ministrar é o professor. Você pode usar uma ferramenta que vai facilitar o esforço inicial, mas isso vai passar pela revisão, olhar e inteligência do professor.

A proposta foi criticada por opositores nas redes sociais, que temem a substituição dos professores pela ferramenta e o empobrecimento do ensino. Pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara usou o perfil pessoal no X, antigo Twitter, para lamentar a decisão.

"São Paulo conta com professores curriculistas, que agora perderão seu tempo corrigindo e treinando a ferramenta de Inteligência Artificial", escreveu o pesquisador. Ele declara que nenhuma inteligência artificial seria capaz de substituir a experiência de sala de aula que norteia o trabalho do curriculista. "É preciso impedir esse política, que coloca em risco a Educação de SP e do Brasil", complementou.

Polêmica com material digital

Esta não é a primeira medida controversa tomada pela pasta de Educação do governo Tarcísio. No ano passado, Feder anunciou uma série de decisões polêmicas para o ensino estadual paulista. A secretaria foi duramente criticada por adotar material didático 100% digital, abandonar Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e comprar livros digitais sem licitação.

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O governo acabou recuando das decisões, após pressão sobre Tarcísio. Outra polêmica envolvendo a pasta foi uma série de erros no material de apoio digital. Um dos equívocos dos slides encaminhados à rede estadual afirmava que a Lei Áurea, de 1888, havia sido assinado por Dom Pedro II e não pela Princesa Isabel, além de dizer que a cidade de São Paulo tinha praias.