Internacional
EUA retomam sanções contra a Venezuela após candidatos da oposição serem barrados das eleições
Washington anunciará nas próximas horas sua decisão sobre um relaxamento das punições concedidas em outubro e condicionadas à evolução do processo eleitoral venezuelano
Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira a retomada das sanções contra o petróleo e o gás da Venezuela após candidatos da oposição venezuelana terem sido impedidos de concorrer às eleições presidenciais, segundo fontes próximas às negociações ouvidas pela AFP. O levantamento havia sido concedido em outubro por um prazo de seis meses e estava previsto para expirar na quinta-feira, mas sua renovação estaria condicionada ao andamento do processo eleitoral.
Segundo uma autoridade americana, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) permitirá a liquidação de transações pendentes até 31 de maio. Washington pode emitir "licenças específicas" a pedido das empresas, que serão avaliadas "caso a caso", informou a fonte.
Antes do anúncio, o ministro venezuelano do Petróleo, Pedro Tellechea, havia assegurado nesta quarta-feira que sua indústria "não vai parar" diante da possível reativação das sanções por parte dos Estados Unidos, que, segundo ele, não serão afetados na prática por essas medidas.
Trata-se da Licença Geral 44, que autoriza transações relacionadas ao setor de petróleo e gás e que expira nesta quinta-feira. Outra licença de operação concedida à Chevron americana, por meio da qual os Estados Unidos têm acesso ao petróleo bruto venezuelano, não está em risco.
— Em nenhum momento deixamos de produzir, comercializar ou explorar nossas reservas — disse Tellechea em uma reunião com jornalistas em Caracas. — Não vamos parar com uma licença ou sem uma licença.
O ministro também questionou sobre quais mercados serão, de fato, afetados com a possibilidade de novas sanções ao petróleo venezuelano, indicando que nada mudaria para Washington.
— Quem estamos realmente afetando? — questionou. — Os Estados Unidos continuarão a ter acesso ao petróleo venezuelano, mas os europeus e os indianos possivelmente não terão essa possibilidade, e os asiáticos terão algumas dificuldades.
Tellechea, que também é presidente da estatal Petróleos de Venezuela, disse que está realizando reuniões com outros gigantes norte-americanos do setor de energia, como a ConocoPhillips e a ExxonMobil e a britânica BP, além de anunciar a expansão da operação da Chevron no país.
Os EUA já levantaram a possibilidade de reimpor sanções, incomodados com a evolução do processo eleitoral de 28 de julho, no qual o presidente Nicolás Maduro está buscando um terceiro mandato de seis anos.
Ao mesmo tempo em que saúda o cronograma eleitoral proposto e a abertura à observação internacional, Washington condena a desqualificação da candidata da oposição María Corina Machado, favorita nas pesquisas, e o subsequente veto à candidatura de sua substituta, Corina Yoris.
— Não reconhecemos as medidas contra a Venezuela — disse Tellechea. — Recebemos muitos investidores, de quase todas as transnacionais, isso significa que as transnacionais continuarão a vir para a Venezuela
Tellechea assumiu o ministério após a saída de Tareck El Aissami, agora detido por desviar recursos do setor, que observadores independentes avaliam em US$ 17 bilhões (quase R$ 90 bilhões na cotação atual).
O ministro não especificou o valor do desvio, mas garantiu que há novos processos para evitar vendas no mercado clandestino com grandes descontos.
— Temos que fazer as medições correspondentes depois que a licença 44 for colocada ou retirada. Mas isso dependerá do que estivermos dispostos a vender (...) e estamos dispostos a vender a preços internacionais — concluiu.
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