Internacional
Ucrânia admite falta de mísseis para defender usina na região de Kiev enquanto registra 37 mil desaparecidos na guerra
Entre civis e militares, número de pessoas sumidas ainda pode ser ainda maior, uma vez que Moscou ocupa cerca de 20% do território ucraniano e a contagem ainda não terminou
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta terça-feira que a falta de mísseis para interceptar ataques russos levou à destruição, na semana passada, da maior usina termelétrica da região de Kiev. O comentário segue uma série de alertas feitos recentemente pelo líder ucraniano sobre a escassez de munições e armamento para defesa, à medida que a Rússia intensifica seus ataques às infraestruturas energéticas do país. Também ocorre no mesmo dia em que a Ucrânia anunciou que há cerca de 37 mil civis e militares desaparecidos desde o início da invasão russa, há dois anos, embora o número possa ser ainda maior, uma vez que Moscou ocupa cerca de 20% do território.
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— Havia 11 mísseis voando. Destruímos os primeiros sete e quatro (restantes) destruíram Trypilska. Por quê? Porque não havia mísseis. Ficamos sem mísseis para defendê-la — disse Zelensky em entrevista à rede americana PBS. — Diga-me, por favor, como você pode lutar contra isso se não tivermos armas para derrubá-los?
O ataque à termelétrica — com capacidade de 1.800 megawatts — ocorreu em 11 de abril, segundo a agência Reuters. Desde então, a Rússia tem intensificado os ataques visando alvos estratégicos de energia ucranianos, justificando-os como uma retaliação a ataques atribuídos à Ucrânia no território russo.
Na semana passada, mais de 80 mísseis e drones russos foram lançados em direção às subestações nas regiões de Kharkiv, Kiev, Zaporíjia, Odessa e Lviv, de acordo com a operadora estatal de energia da Ucrânia, Ukrenergo. O ministro da Energia do país, Herman Galushchenko, indicou em 8 de abril que a Força Aérea russa danificou 80% das suas centrais térmicas e mais de metade das suas centrais hidroelétricas nas últimas semanas.
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Os ataques também reacenderam os temores sobre danos à usina de Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa, e possíveis riscos de uma catástrofe nuclear. Situada na margem oriental do Rio Dniéper, a instalação fica perto da linha da frente que divide os exércitos em guerra e em área controlada hoje pelas tropas de Moscou — embora a operação e manutenção da usina nuclear continue sob os cuidados de técnicos ucranianos como parte de um arranjo entre as autoridades internacionais.
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O momento é um dos mais difíceis para a Ucrânia, com os aliados ocidentais cada vez menos propensos a fornecer ajuda devido a questões econômicas ou impasses políticos (como nos EUA). Com isso, os arsenais do país estão reduzidos, afetando as capacidades de resistência às ofensivas terrestres e, especialmente, aos ataques aéreos russos.
— O céu não é protegido pela retórica, a produção de mísseis e drones para o terror não é limitada pelo pensamento. E o fato de as sanções contra a Rússia ainda serem contornadas, e o fato de nós, na Ucrânia, esperarmos durante meses por um pacote de apoio vital, o fato de ainda estarmos à espera de uma votação no Congresso, mostra que a autoconfiança dos terroristas também vem crescendo há meses — disse Zelensky no domingo, referindo-se ao impasse sobre a aprovação de um pacote de ajuda militar de US$ 60 bilhões (R$ 310,72 bilhões) pelo Congresso dos EUA.
37 mil desaparecidos
Ainda nesta terça-feira, a Ucrânia afirmou que há mais de 37 mil civis e militares ucranianos desaparecidos desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, embora o número esteja incompleto, uma vez que Moscou ocupa cerca de 20% do território.
"Estes números podem ser muito maiores", escreveu no Facebook o comissário ucraniano de direitos humanos, Dmytro Lubinets, frisando que a contagem ainda não terminou.
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Dezenas de milhares de pessoas morreram desde o início da invasão russa na Ucrânia. No entanto, não existe um balanço confiável e os procedimentos para identificar pessoas mortas ou desaparecidas podem levar meses.
Os Exércitos russo e ucraniano raramente relatam as suas perdas militares. O número exato de vítimas também é desconhecido, uma vez que não existem informações confiáveis nos territórios ocupados pela Rússia. (Com AFP.)
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