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Irã x Israel: Opções na resposta ao ataque iraniano apresentam riscos e põem Estado judeu sob pressão

Ataque gerou apoio internacional, levantando a ideia de agir em coordenação com aliados, mas também trouxe dilemas

Agência O Globo - 15/04/2024
Irã x Israel: Opções na resposta ao ataque iraniano apresentam riscos e põem Estado judeu sob pressão
Irã x Israel: Opções na resposta ao ataque iraniano apresentam riscos e põem Estado judeu sob pressão - Foto: Reprodução/internet

Israel busca definir qual o tom da resposta ao ataque com mísseis e drones do Irã no último fim de semana, com uma nova reunião do Gabinete de guerra sendo realizada nesta segunda-feira, mas sem sinais de uma definição clara até então. O cenário é um dilema delicado para Israel: como responder ao Irã sem parecer fraco, ao mesmo tempo em que evita problemas com aliados já frustrados com a condução de sua guerra em Gaza, que já deixou mais de 34 mil mortos no enclave palestino?

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Enquanto alguns membros da extrema direita do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pedem uma resposta agressiva, o Estado judeu enfrenta crescente pressão internacional para evitar uma escalada no conflito, incluindo seu mais importante aliado, os Estados Unidos.

O presidente Joe Biden prometeu apoio "inabalável" a Israel, mas também instou-o a "pensar cuidadosa e estrategicamente" antes de lançar uma resposta contra o Irã que possa desencadear uma guerra mais ampla. O democrata declarou também estar "comprometido com a segurança de nosso pessoal e parceiros na região, incluindo o Iraque", disse enquanto recebia o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, no Salão Oval.

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Além dos EUA, vários países, incluindo Indonésia, Malásia, Jordânia, Alemanha, Reino Unido, África do Sul, Nigéria, Quênia e Somália, estão instando Israel e Irã a evitar hostilidades que possam intensificar a tensão na região.

Por sua vez, o Irã ainda mantém a posição de que seu ataque foi legítimo, embora não esteja atrás de uma guerra com Israel, afirmou nesta segunda o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir Abdollahian. "Reitero que não buscamos aumentar as tensões na região, mas advertimos que, se bases americanas forem usadas ou o espaço aéreo de países da região for usado para atacar o Irã, não teríamos escolha senão visar as bases americanas nesses países", alertou, segundo a mídia estatal iraniana.

Para se defender dos ataques aéreos iranianos, Israel conta também com o Domo de Ferro, sistema de defesa com 90% de eficácia e que interceptou grande parte dos ataques de sábado e domingo. Foram utilizados mísseis balísticos com alcance de 1.800 km) e de cruzeiro (com alcance máximo de 1.650 km), além de drones com autonomia de voo de até 2.500 km.

Interesses conflitantes

Os próximos passos de Israel terão implicações estratégicas para sua guerra em Gaza contra o grupo terrorista Hamas, que é financiado por Teerã, e para os civis palestinos que enfrentam há meses a violência e a fome severa.

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No passado, Israel revidou com força quando seus inimigos atacaram na esperança de dissuadir futuras hostilidades. Um ataque transfronteiriço em 2006 pelo Hezbollah, o grupo libanês apoiado por Teerã, desencadeou uma devastadora guerra de um mês, e os ataques de foguetes disparados por grupos armados de Gaza escalaram para dias de intensos combates e destruição. Desta vez, entretanto, Israel equilibra uma série de interesses conflitantes, além de alguns novos fatores na conta.

As opções variam desde atacar o Irã abertamente, simbolicamente ou com toda a força, até não retaliar de forma alguma, uma concessão que os especialistas dizem que poderia ser usada para incentivar novas sanções internacionais contra o Irã ou a formalização de uma aliança anti-Teerã.

No caso de uma resposta, Israel deve pôr na balança se a fará proporcionalmente aos reais danos causados pelo ataque iraniano, que, embora sem precedentes, foi em grande parte bloqueado pelas defesas aéreas — a única vítima grave foi uma menina de 7 anos, Amina al-Hasoni —, ou o que poderia ter acontecido se os mais de 300 drones e mísseis tivessem atingido Israel de fato.

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Membros da ala direita do governo Netanyahu pressionam por uma resposta imediata e enérgica, afirmando que a falta de uma enfraquecerá ainda mais Israel aos olhos de seus inimigos. Alguns israelenses veem ainda uma oportunidade de usar ataques militares para cumprir o objetivo de longa data de Israel de degradar o programa nuclear do Irã.

Outros israelenses, no entanto, pedem moderação ou uma "paciência estratégica" por parte do governo. Muitos se mostram preocupados, entre outras coisas, com a possibilidade de um desvio de foco dos esforços para a libertação das dezenas de reféns do Hamas ainda presos no enclave palestino, além da possibilidade do desencadeamento de um conflito regional mais amplo e, sobretudo, sem apoio internacional.

'Questão de preferência'

Analistas dizem que o sucesso de Israel e de seus aliados, liderados pelos EUA, em bloquear a maior parte do ataque iraniano deu a Israel a margem de manobra para escolher como e quando responder.

— Israel tem a legitimidade aparente para atacar o Irã. A outra opção é dizer: alcançamos o que queríamos eliminando os comandantes da Força al-Quds em Damasco, o ataque iraniano falhou, então vamos fazer o que precisamos fazer — disse ao New York Times Yaakov Amidror, ex-general e conselheiro de Segurança Nacional de Israel, agora no Instituto de Estratégia e Segurança de Jerusalém de tendência conservadora.

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Isso significa concluir a campanha contra o Hamas em Gaza e investir em preparativos para enfrentar o Hezbollah no Líbano, o que também seria uma "boa opção", segundo Amidror.

— Cada uma tem prós e contras. É uma questão de preferência — concluiu.

Ciberataque ou contenção

Israel também poderia orquestrar algum tipo de ciberataque sem derramamento de sangue ou recorrer às formas de sua longa guerra nas sombras com o Irã, confiando em espionagem e ações secretas contra interesses iranianos, dentro ou fora do Irã, sem assumir a responsabilidade por eles.

Há também um precedente para não fazer nada: durante a Guerra do Golfo de 1991, enquanto o Iraque lançava mísseis Scud contra cidades israelenses, Yitzhak Shamir, então primeiro-ministro de Israel, optou pela contenção a pedido de Washington (sob a Presidência de George H. W. Bush) para preservar a coalizão liderada pelos Estados Unidos com estados árabes amigos. (Com reportagem de Isabel Kershner, do New York Times.)