Internacional
Irã x Israel: Como as defesas israelenses e de seus aliados interceptaram 330 mísseis e drones iranianos?
Ao menos nove países estiveram envolvidos na escalada militar deste sábado: projéteis foram lançados pelo Irã, Iraque, Síria e Iêmen e derrubados por Israel, EUA, Reino Unido e Jordânia
O Irã disparou, na noite de sábado, mais de 300 drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro contra Israel — e quase todos foram interceptados e falharam em atingir seus alvos, segundo as Forças Armadas israelenses. À CNN, um porta-voz de Israel afirmou que a defesa foi realizada com “estreita colaboração” dos Estados Unidos, Reino Unido e França. Em comunicado, o presidente americano, Joe Biden, disse que os EUA “moveram aeronaves de defesa de mísseis balísticos para região ao longo da última semana”, medida essencial, de acordo com ele, para o êxito em derrubar “quase todos os mísseis”.
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Autoridades dos Estados Unidos disseram que mais de 70 drones e três mísseis balísticos foram interceptados por navios e aeronaves militares da Marinha americana, embora não tenham fornecido detalhes sobre quais defesas foram usadas para derrubar os projéteis. À CNN, porém, fontes afirmaram que a Marinha dos EUA utilizou o sistema de defesa antimísseis Aegis a bordo de dois destróieres de mísseis guiados. Em conversa com o premier israelense, Benjamin Netanyahu, Biden avaliou, no domingo, que a resposta coordenada contra os ataques foi uma “vitória” para Israel, já que nada de “valor” foi atingido.
O Reino Unido, por sua vez, declarou que estava preparado para intervir com aeronaves da Royal Air Force (RAF). Algumas unidades adicionais foram mobilizadas no fim de semana para reforçar a defesa, afirmou o secretário da Defesa britânico, Grant Shapps, nas redes sociais. Ele disse que “o Reino Unido interceptou e destruiu múltiplos drones de ataque unidirecional, lançados pelo Irã e seus apoiadores, que representavam uma ameaça às vidas civis no Oriente Médio”. Em nota, o Ministério da Defesa ressaltou que seus equipamentos seriam capazes de interceptar “quaisquer ataques aéreos dentro do alcance de nossas missões”.
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Defesa de Israel
Embora muito se fale sobre o Domo de Ferro, o sistema antimísseis israelense, o país opera uma variedade de sistemas para bloquear ataques. O Domo de Ferro é a camada mais baixa da defesa de Israel. Em operação desde 2011, ele foi projetado para detectar dispositivos inimigos por meio de um radar. O sistema calcula se o projétil invasor deve cair numa área habitada ou atingir uma infraestrutura importante. Caso represente uma ameaça, disparos são feitos do solo para atingir o artefato no ar. Segundo o Estado judeu, o Domo de Ferro tem 90% de eficiência. O infográfico abaixo mostra como ele funciona:
O próximo degrau na escala de defesa é o David’s Sling, que protege contra ameaças de curto e médio alcance. Desenvolvido com os Estados Unidos, o equipamento é usado para interceptar mísseis como os lançados pelo grupo xiita libanês Hezbollah. Quando foi anunciado, em 2017, as Forças Armadas de Israel afirmaram que o sistema iria fortalecer “os esforços de defesa” israelenses “com sua capacidade de interceptar mísseis de alta qualidade”. O David’s Sling é capaz de eliminar alvos a até 299 quilômetros de distância, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
Na sequência, acima dele estão os sistemas Arrow 2 e Arrow 3, também desenvolvidos com os EUA. O primeiro usa ogivas de fragmentação para destruir mísseis balísticos invasores em sua fase final, ou seja, quando “mergulham” em direção aos seus alvos, segundo o CSIS. Ele tem alcance de 90 quilômetros e altitude máxima de aproximadamente 51 quilômetros. Já o Arrow 3 usa tecnologia para interceptar mísseis balísticos de longo alcance antes de eles entrarem na atmosfera em direção aos alvos. Em operação desde 2000, o programa de desenvolvimento dos sistemas Arrow é estimado em mais de US$ 2 bilhões (R$ 10,3 bilhões).
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Somado a isso, Israel também possui aeronaves de combate de ponta, como os jatos stealth F-35, que já foram usados para derrubar drones e mísseis de cruzeiro. Imagens divulgadas pelas Forças Armadas israelenses mostraram caças F-35 e F-15 retornando às suas bases após “interceptações” e “missões de defesa aérea” bem-sucedidas.
Ataque e defesa
Ao menos nove países estiveram envolvidos na escalada militar deste sábado. Projéteis foram lançados pelo Irã, Iraque, Síria e Iêmen e derrubados por Israel, EUA, Reino Unido e Jordânia. Nesta segunda-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a França interceptou mísseis e drones iranianos dirigidos contra Israel a partir da Jordânia. Ele disse que a decisão do Irã de mirar o território israelense pela primeira vez provocou uma “ruptura profunda” e que “o que se abriu é muito perigoso em termos de reação”. O líder francês, porém, pontuou que fará “tudo para evitar uma conflagração”.
— Nós temos uma base na Jordânia. O espaço aéreo jordaniano foi violado por esses disparos. Fizemos decolar nossas aeronaves e interceptamos o que tínhamos que interceptar — disse o presidente francês em entrevista aos canais BFMTV e RMC. — [Tentaremos] convencer Israel de que ele não deve responder com uma escalada, mas sim isolar o Irã e persuadir os países da região de que o Irã é um perigo, aumentar as sanções, aumentar a pressão sobre as atividades nucleares [iranianas] e depois encontrar um caminho de paz na região.
Macron acrescentou que a França fala “com todos os países da região” e quer ser “uma potência mediadora”, embora sejam “os americanos que têm um papel importante a desempenhar para conter o Irã”. O presidente francês planeja conversar novamente com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira.
Consequências do ataque
Segundo o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, 170 drones e 30 mísseis de cruzeiro foram disparados, mas nenhum entrou no território israelense. Além disso, ao menos 110 mísseis balísticos também foram utilizados no ataque. Destes, um “pequeno número” atingiu o Estado judeu. Como a maioria dos projéteis veio de relativamente longe, Israel conseguiu enviar caças stealth F-35 para interceptá-los. Segundo as Forças Armadas israelenses, 25 dos 30 mísseis de cruzeiro enviados pelo Irã foram derrubados fora do país.
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Alguns disparos, porém, atingiram a base aérea de Nevatim, no deserto do Negev. Conforme Hagari, ela continua “funcionando”. Oficiais afirmaram que o local, onde estão baseados os caças F-35 do país, era o alvo principal do Irã. Segundo a BBC, um míssil atingiu uma pista de pouso, outro, um hangar de aeronaves vazio, e um terceiro, um hangar fora de uso. Outro míssil balístico parecia ter mirado um radar no norte de Israel, mas errou o alvo. A agência de notícias oficial do Irã, porém, disse que o ataque causou “golpes pesados” na base aérea. (Com AFP)
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