Internacional
Embaixador de Israel diz que espera condenação do Brasil a ataques do Irã: ‘Ver com preocupação não é condenação’
Daniel Zonshine admite crise diplomática entre os dois países, mas se diz desapontado com a resposta branda do governo brasileiro ao ataque iraniano
Embaixador do Brasil em Israel, Daniel Zonshine diz ter se desapontado com a resposta do governo brasileiro aos ataques do Irã a Israel iniciados no último sábado e que espera uma condenação por parte do governo. Após a informação de que o Irã lançou centenas de mísseis e drones contra Israel, o Itamaraty divulgou uma nota na qual diz ver com preocupação os ataques e que esperava uma mobilização da comunidade internacional “no sentido de evitar uma escalada”.
— A mensagem que o Itamaraty publicou ontem mencionou o ataque do Irã a Israel, mas não condenou isso. Do nosso ponto de vista, isso merece ser condenado. Esse ataque aberto de um país sobre o outro…. Isso não aconteceu, ataque de Israel contra território iraniano. Nós pensamos e esperamos que deve ter uma condenação do Brasil, como outros países já condenaram esse ato, que é um ato terrorista, mandar mais 300 mísseis e drones contra outro país — afirmou ao GLOBO.
Zonshine, que está em Israel, afirmou que cerca de 99% dos mísseis e drones enviados pelo Irã não atingiram o país, que agiu junto com aliados para impedir. Ele ressalta, no entanto, que isso não reduz a gravidade da ação, visto que houve a intenção de um ataque duro.
— Achávamos que o Brasil, como um país da paz e soluções pacíficas, é importante para o país que condena ataques de várias naturezas, então deve também condenar esse tipo de ataque. Ver com preocupação não é condenação. É outro tipo de coisa. No mundo diplomático, palavras tem importância. e a falta de palavras também tem importância — frisou.
O embaixador pontuou que o Brasil teve oportunidade de usar palavras “mais fortes”, mas preferiu usar “palavras muito leves”.
— Eu vi que a desapontamento… Meu desapontamento era que não usaram palavras fortes para condenar a ação terrorista do Irã — disse.
Antes da divulgação da nota do Itamaraty, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, afirmou ao GLOBO que avaliava que o ataque era “extremamente preocupante”.
— Vemos essa escalada com preocupação. É enormemente preocupante e o governo brasileiro está preocupado – disse, já antecipando o tom que seria dado à nota do governo.
“Crise diplomática”
O embaixador Daniel Zonshine admite que Israel e o Brasil estão no meio de uma crise diplomática iniciada neste ano, segundo ele, após falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em fevereiro, o presidente comparou a morte de palestinos na faixa de Gaza ao genocídio de judeus. Em seguida, o governo de Israel, que é mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), informou considerar o presidente Lula persona non grata e a crise diplomática escalou.
— Estamos numa crise diplomática desde mais ou menos dois meses, desde a fala do presidente [Lula]. [Houve] relações e contratações. Espero que, mais rapidamente possível, possamos voltar para reações mais normais, digamos. Reações mais úteis, mais positivas, para desenvolver as relações entre os países, porque acho que tem muito potencial para isso. A diplomacia às vezes leva tempo e precisa dessa ação ou outra para diminuir o nível do descontentamento, mas acho que tudo é possível. É preciso esforço dos dois lados — disse.
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