Internacional
Ministro da Defesa de Israel diz que confronto 'não acabou' após Irã atacar com 350 drones e mísseis; entenda ação iraniana
Retaliação prometida pelo regime de Teerã contra ataque a embaixada na Síria aprofundou tensões na região e abriu espaço para novos desdobramentos
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou, neste domingo, que o confronto com o Irã "não acabou" após o ataque aéreo lançado pela nação persa no sábado, quando cerca de 350 mísseis e drones foram disparados contra o país. A declaração de Gallant, que contraria a sinalização iraniana de que a ofensiva encerraria as questões envolvendo os dois países, foi televisionada antes de uma reunião do Gabinete de Guerra, convocada para decidir os próximos passos no campo de batalha.
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— O Estado de Israel foi atacado com centenas de mísseis e [drones], e as [Forças Armadas de Israel] frustraram este ataque de uma forma impressionante — disse Gallant, acrescentando que os israelenses devem permanecer “alertas e atentos" e "preparados para todos os cenários". — “Juntamente com os Estados Unidos e outros parceiros, conseguimos defender o território do Estado de Israel”.
A República Islâmica do Irã já havia anunciado publicamente que lançaria um ataque contra o Estado de Israel, em represália ao ataque contra sua embaixada na Síria, que deixou onze mortos. Embora a ameaça estivesse no radar de autoridades israelenses e de seus aliados internacionais, restavam dúvidas sobre o horário, local e data do ataque — detalhes que foram esclarecidos na noite deste sábado, entrado pela madrugada do domingo, em um ataque que durou, ao todo, cerca de 5 horas.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou, pouco depois das 23h (17h em Brasília), que o Irã havia lançado "Veículos Aéreos Não-Tripulados", a partir de seu território, contra o Estado judeu — algo inédito até então, uma vez que o regime iraniano sempre agiu por meio de grupos armados e milícias contra o país. Um balanço divulgado pelas Forças Armadas de Israel na manhã deste domingo dava conta de 350 artefatos disparados contra o país, incluindo drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro.
O ataque configurou uma escalada importante e perigosa na região. Jordânia, Líbano e Iraque ordenaram o fechamento de seus espaços aéreos, assim como Israel, que reforçou suas defesas à espera da chegada dos projéteis e equipamentos controlados remotamente. Os espaços foram reabertos neste domingo, quando o Irã decretou um fechamento de seu espaço aéreo até segunda.
Hezbollah e Houthis, em uma ação aparentemente coordenada com o Irã , lançaram ataques contra alvos no Estado judeu, do Líbano e do Iêmen, respectivamente. Os EUA divulgaram a informação de que disparos também foram feitos a partir da Síria e do Iraque. Em contrapartida, aliados israelenses como os próprios americanos e o Reino Unido, colocaram-se à disposição para ajudar na defesa do país, apesar dos alertas iranianos para não se envolverem na questão.
O Irã confirmou, oficialmente, ter lançado o ataque aéreo. Em uma nota inicial, a Guarda Revolucionária disse que a operação se tratava de uma "resposta ao crime da entidade sionista de alvejar o consulado iraniano na Síria". A missão permanente do país na ONU justificou que a missão foi conduzida de acordo com a Carta das Nações Unidas, no relativo à "legítima defesa". Um comunicado com conteúdo similar foi publicado nas redes sociais pelo Ministério das Relações Exteriores, dizendo que o país tomaria "mais medidas defensivas", se necessário.
Apesar do volume massivo de projéteis e veículos não-tripulados lançados contra Israel, as Forças Armadas confirmaram que a maioria das ameaças foram abatidas antes mesmo de chegarem ao território israelense, muitas delas com ajuda dos EUA e do Reino Unido. Ainda assim, alarmes de emergência soaram de norte a sul do país e explosões foram captadas em vídeo por repórteres e pessoas comuns em várias cidades, também na Cisjordânia ocupada.
Preventivamente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e autoridades de segurança decretaram o fechamento das escolas em todo o país por razões de segurança. Os cidadãos também foram orientados a procurarem abrigos seguros, e ficarem atentos às recomendações das autoridades. GPS ficaram indisponíveis em certas áreas como parte dos preparativos de segurança.
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O impacto real dos ataques foi motivo de divergência entre os relatos israelense e iraniano. O porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, afirmou que os ataques iranianos causaram pequenos danos a uma base militar, sem revelar o nome ou a localização exata. Apenas uma menina teira ficado ferida, completou. A mídia estatal do Irã, por outro lado, disse que os bombardeios desferiram "golpes pesados" na base aérea de Neguev.
“A base aérea israelense mais importante no Negev foi alvo bem-sucedido do míssil Kheibar”, disse a agência de notícias oficial IRNA, acrescentando que “imagens e dados indicam que a base sofreu fortes golpes”.
Além de justificar o ataque, a nota da missão iraniana na ONU afirmava que o ataque lançado no sábado "encerrava o assunto" da retaliação, desde que "o regime israelense" não cometesse "outro erro" — uma escolha semântica que analistas apontaram como um misto de ameaça e sinalização de que não há interesse em uma escalada direta. Também dizia que o conflito era "entre o Irã e o criminoso regime israelense", alertando os EUA para "ficar de fora".
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Embora não esteja claro de que maneira, analistas apontam que é muito provável que Israel responderá ao ataque iraniano. A emissora israelense Channel 12 noticiou que o Gabinete de Segurança autorizou o Gabinete de Guerra a tomar decisões sobre a resposta, eliminando a necessidade de aprovação prévia e agilizando o processo.
Uma reunião do Gabinete de Guerra foi marcada para a tarde deste domingo para discutir como seria a resposta ao ataque iraniano. De acordo com dois funcionários do governo israelense, um ataque retaliatório imediato foi cancelado após um telefonema entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente americano, Joe Biden, e porque os bombardeios causaram um dano considerado pequeno.
Um funcionário sênior da Casa Branca ouvido em anonimato pela CNN afirmou que Biden teria dito ao premier que Washington não tomaria parte em nenhum ação ofensiva contra o Irã. Não está claro se isso pode ter tido impacto na decisão de analisar a situação antes de iniciar uma nova ação.
Antes dos ataques ocorrerem, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse enfaticamente que Israel está preparada para "qualquer cenário, tanto na defesa quanto no ataque".
— Estabeleci um princípio claro: quem nos ferir, nós os feriremos. Defenderemos contra qualquer ameaça e faremos isso com calma e determinação — disse em mensagem gravada à nação.
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