Internacional
'Irã sofrerá consequências de sua decisão de agravar situação', promete Israel; veja o tamanho das forças armadas de Teerã
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que resposta iraniana pode ocorrer 'mais cedo do que se espera', e Washington tem reforçado suas posições militares no Oriente Médio
O Exército de Israel afirmou neste sábado que o Irã — que prometeu uma resposta ao ataque contra seu complexo diplomático em Damasco, no início do mês — "sofrerá as consequências de sua decisão de agravar a situação". O mundo acompanha com atenção e preocupação os próximos movimentos de Teerã, o que, segundo o presidente dos EUA, Joe Biden, podem ocorrer "mais cedo do que se espera".
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No dia anterior, Washington reforçou suas bases militares no Oriente Médio e restringiu viagens de seus diplomatas em Israel. Em seguida, França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Rússia pediram para que seus cidadãos evitassem viajar para o Irã, Líbano, Israel e os territórios palestinos ocupados.
— Temos reforçado nossa preparação para proteger Israel de uma nova agressão iraniana. E também estamos preparados para responder — afirmou o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, em declaração publicada após o Irã anunciar a interceptação, também neste sábado, de um navio "vinculado" a Israel no golfo.
A apreensão foi confirmada por Teerã, afirmando que o navio será transferido para território iraniano, informou a Reuters.
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Ao longo dos anos, boa parte dos confrontos entre Irã e Israel ocorreu sob uma lógica de guerra fria, por meio de ataques aéreos, marítimos, terrestres e ciberataques. E, na visão do professor associado de assuntos de segurança nacional na Escola Naval de Pós-Graduação e especialista nas forças armadas de Teerã, Afshon Ostovar, há um motivo pelo qual o Irã não é atingido.
— Não é que os adversários do Irã temam o Irã. É que eles percebem que qualquer guerra contra o Irã é uma guerra muito séria.
Qual a força militar do Irã?
As forças armadas do Irã estão entre as maiores do Oriente Médio. São pelo menos 580 mil funcionários na ativa e cerca de 200 mil na reserva treinados, divididos entre o exército tradicional e a Guarda Revolucionária, de acordo com uma avaliação anual feita no ano passado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
O exército e a Guarda possuem forças terrestres, aéreas e navais separadas e ativas, sendo a Guarda responsável pela segurança da fronteira do Irã. O Estado-Maior das Forças Armadas coordena os ramos e define a estratégia geral.
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A Guarda também opera a Força Quds, uma unidade de elite encarregada de armar, treinar e apoiar a rede de milícias por procuração em todo o Oriente Médio, conhecida como "eixo de resistência". Essas milícias incluem o Hezbollah no Líbano, os Houthis no Iêmen, grupos de milícias na Síria e no Iraque, e o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina em Gaza.
Embora não sejam contabilizadas como parte das forças armadas do Irã, os analistas dizem que essas milícias são consideradas uma força regional aliada — pronta para a batalha, fortemente armada e ideologicamente leal — e poderiam ajudar o Irã se ele fosse atacado.
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O comandante-chefe das forças armadas do Irã é o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que tem a última palavra em todas as decisões importantes e, segundo uma fonte do governo israelense citada pelo Wall Street Journal, está tendo contato direto com a Guarda.
Que tipo de armas ele possui?
Durante décadas, a estratégia militar do Irã foi ancorada na dissuasão, enfatizando o desenvolvimento de mísseis de precisão e de longo alcance, drones e defesas aéreas. O país construiu uma grande frota de lanchas e alguns pequenos submarinos capazes de interromper o tráfego marítimo e o fornecimento global de energia que passam pelo Golfo Pérsico e pelo Estreito de Ormuz.
Segundo o professor Ostovar, o Irã tem um dos maiores arsenais de mísseis balísticos e drones do Oriente Médio. Isso inclui mísseis de cruzeiro e mísseis antinavio, bem como mísseis balísticos com alcance de até 2 mil km e capazes de voar baixo para escapar do radar, de acordo com especialistas e comandantes iranianos que deram entrevistas públicas à mídia estatal. Esses mísseis têm a capacidade e o alcance para atingir qualquer alvo no Oriente Médio, inclusive Israel.
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O Irã não escondeu seu crescimento, exibindo sua coleção de drones e mísseis durante desfiles militares, e tem a ambição de criar um grande negócio de exportação de drones, que estão sendo usados pela Rússia na Ucrânia e apareceram no conflito no Sudão.
As bases e as instalações de armazenamento do país estão amplamente dispersas, enterradas no subsolo e fortificadas com defesas aéreas, o que dificulta sua destruição com ataques aéreos, segundo especialistas.
De onde vêm as armas?
As sanções internacionais impediram o Irã de obter armamentos de alta tecnologia e equipamentos militares fabricados no exterior, tais como tanques e jatos de combate.
Durante a guerra de oito anos do Irã com o Iraque na década de 1980, poucos países estavam dispostos a vender armas para Teerã. Quando Khamenei se tornou o líder supremo em 1989, um ano após o fim da guerra, ele encarregou a Guarda de desenvolver uma indústria de armas domésticas e investiu recursos nesse esforço, que foi amplamente divulgado pela mídia iraniana. Ele queria garantir que o Irã nunca mais tivesse que depender de potências estrangeiras para suas necessidades de defesa.
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Hoje, o Irã fabrica uma grande quantidade de mísseis e drones internamente e priorizou essa produção de defesa, segundo especialistas. Suas tentativas de fabricar veículos blindados e grandes embarcações navais tiveram resultados mistos. O país também importa pequenos submarinos da Coreia do Norte, enquanto expande e moderniza sua frota produzida internamente.
Há algum ponto fraco?
A maior fraqueza do Irã é sua força aérea. Grande parte das aeronaves do país data da era do Xá Mohammed Reza Pahlavi, que comandou o Irã de 1941 a 1979, e muitas foram desativadas por falta de peças de reposição. O país também comprou uma pequena frota da Rússia na década de 1990, segundo especialistas.
Os tanques e veículos blindados do Irã são antigos, e o país tem apenas algumas embarcações navais de grande porte, segundo os especialistas. Duas embarcações de coleta de informações, a Saviz e a Behshad, posicionadas no Mar Vermelho, ajudaram os Houthis a identificar navios de propriedade de Israel para ataques, segundo autoridades dos EUA.
Além disso, apesar das Forças Armadas do Irã serem vistas como uma das mais fortes do Oriente Médio em termos de equipamento, coesão, experiência e qualidade do pessoal, estão muito aquém do poder e da sofisticação das forças armadas dos Estados Unidos, de Israel e de alguns países europeus, segundo especialistas. (Com AFP e NYT)
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