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Modelo, participante de reality e formada em Direito: quem era Reeva Steenkamp, vítima de feminicídio cometido por Oscar Pistorius em 2013

Ex-atleta paralímpico está em liberdade condicional há três meses, depois de passar quase nove anos preso por matar a namorada; ex-amigos o condenaram ao ostracismo

Agência O Globo - 12/04/2024
Modelo, participante de reality e formada em Direito: quem era Reeva Steenkamp, vítima de feminicídio cometido por Oscar Pistorius em 2013

A sul-africana Reeva Steenkamp foi morta aos 29 anos, em 14 de fevereiro de 2013, pelo atleta paralímpico também sul-africano Oscar Pistorius, hoje com 37 anos. Modelo, formada em Direito e conhecida por participação em reality show, a jovem era famosa na África do Sul e sua carreira estava em crescente quando foi assassinada.

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Menos de uma semana antes do assassinato, ela usou as redes sociais para falar sobre violência contra mulheres. “Acordei em uma casa feliz e segura nesta manhã”, publicou. “Nem todo mundo acordou”. A publicação foi feita no Instagram, apenas quatro dias antes de Pistorius executá-la com quatro tiros, na porta do banheiro de sua casa, em Pretória, na África do Sul.

Quem era Reeva Steenkamp?

Reeva foi apresentadora do canal FashionTV e estrelou campanhas da empresa de cosméticos Avon. Além disso, estampou capas de revistas, como a FHM, pela qual foi descrita como “bonita, inteligente, calorosa”. Sua fama aumentou após participar de um reality show chamado “Ilha do Tesouro Tropical”.

Nascida na Cidade do Cabo, Reeva se mudou para Joanesburgo anos antes do crime, e namorava Pistorius há apenas três meses quando foi assassinada. Em entrevista ao “Sunday Times”, pouco antes de ser morta, ela havia descrito o atleta como um “homem impecável, que sempre tem os melhores interesses no coração”.

O crime aconteceu no Dia dos Namorados. Na véspera, ela usou o Twitter para publicar que estava “empolgada” com a chegada da data comemorativa.

O crime

Em 14 de fevereiro de 2013, no auge de sua carreira esportiva, Oscar Pistorius executou a Reeva com quatro tiros na porta do banheiro de sua casa em Pretória, na África do Sul. Ele admitiu ter atirado nela, mas alegou que a confundiu com uma ladra.

Desde então, sua vida tem sido uma sucessão de condenações e recursos. Ele foi condenado primeiro a cinco anos de prisão por homicídio culposo, depois a seis, e mais tarde a pena foi aumentada para 15 anos de prisão. No final, a pena foi fixada em 13 anos e cinco meses, deduzido o tempo que já havia passado atrás das grades. Ele foi posto em liberdade condicional em 5 de janeiro deste ano, 11 anos depois de assassinar sua namorada e depois de quase nove anos de prisão.

Três meses depois, Pistorius vive refugiado na luxuosa mansão de três andares de seu tio Arnold, em Pretória. É certamente uma grande melhora em termos de alojamento, depois de passar quase uma década em uma cela. Mas de acordo com meios de comunicação como o The New York Post, novos problemas surgem para Pistorius em sua nova vida em semi-liberdade, depois que seus antigos amigos o condenaram ao ostracismo e ninguém está pensando em ajudá-lo a encontrar trabalho.

Segundo a mídia americana , o ex-atleta entrou em contato com pelo menos dois membros do Comitê Paralímpico Internacional para perguntar sobre a possibilidade de trabalharem juntos de alguma forma, mas foi rejeitado na tentativa de retornar ao mundo esportivo.

“Ele é muito tóxico para trabalhar agora. Não há nada para ele aqui”, admitiu um dos integrantes ao jornal.

Assim, no trabalho, ele foi obrigado a trocar a pista de atletismo pela igreja. A imprensa americana garante que, atualmente, ele trabalha como voluntário na NG Kerk Waterkloof, a igreja cristã que seu tio frequenta, onde realiza tarefas de manutenção e zeladoria.

“Ele assiste aos cultos em silêncio”, diz o jornal, que contatou vários paroquianos. Um deles admite que está irreconhecível: “Ele tem cabelo mais comprido e barba. Também não é tão magro quanto eu esperava. Você nunca saberia que ele era um atleta”. Outro afirma que Pistorius não é amigável nem extrovertido e que nunca sorri: “Ele é apenas uma sombra do que já foi”.

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Pistorius, que fez história em 2012 ao se tornar o primeiro atleta duplamente amputado a competir nos Jogos Olímpicos e tem diversas medalhas no currículo, ficará sob vigilância até o fim oficial de sua pena. E isso ocorrerá apenas em 2029. Um oficial de liberdade condicional visita-o em horas aleatórias do dia, confirma o Departamento de Correções da África do Sul. Além disso, ele está sujeito a testes regulares de álcool e drogas. Ele também está proibido de entrar em contato com a família de Steenkamp.

“Tive que sair, é inevitável”, lamentou a mãe de Reeva em entrevista à televisão após a libertação do ex-atleta no início deste ano. “Isso não vai fazer nenhuma diferença na minha vida”, reconheceu.

Durante a liberdade condicional, ele também está proibido de postar nas redes sociais, dar entrevistas ou divulgar um livro de memórias sobre sua vida — o que certamente melhoraria a situação de sua conta corrente. Por isso, por enquanto, ele passa os dias entre a igreja e a mansão do tio, no exclusivo subúrbio de Waterkloof. O complexo, segundo o The New York Post, conta com guardas armados, sistema de defesa eletrônico e vários “cães de ataque”. Todas as medidas de segurança que neste caso o protegem do exterior, ao contrário do que viveu durante os anos de pena de prisão.