Internacional
Netanyahu não foi consultado sobre ataque que matou filhos de líder político do Hamas, diz mídia israelense
Nem o primeiro-ministro, nem o ministro da Defesa, Yoav Gallant, sabiam dos planos das Forças Armadas de Israel. Quatro dos netos de Ismail Haniyeh também morreram
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, bem como seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, não foram consultados antes do ataque aéreo que matou, na véspera, três filhos e quatro netos do líder político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, afirmou a mídia israelense nesta quinta-feira. O ataque, coordenado pelas Forças Armadas e a agência de segurança de Israel, o Shin Bet, ocorreu em um momento em que as negociações para a troca de reféns e um novo cessar-fogo em Gaza — alvo de ataques israelenses há pouco mais de seis meses de guerra — seguem travadas.
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A informação foi divulgada pela agência de notícias israelense Walla, citando autoridades militares de alto escalão em anonimato.
Confirmado em comunicado por Israel, o ataque de quarta-feira tinha o objetivo de atingir Amir, Mohammed e Hazem Haniyeh, acrescentando que os homens eram membros da ala militar do Hamas e estavam "prestes a realizar um ato terrorista". Os militares não mencionaram na nota as mortes dos quatro netos (três meninas e um menino) de Haniyeh, confirmadas pela mídia afiliada ao Hamas, embora fontes militares de Israel tenham afirmado em anonimato ao jornal Times of Israel que haviam tomado ciência das fatalidades.
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O ataque ocorreu quando um drone atingiu o carro da família no campo de refugiados de al-Shati, no norte do enclave palestino. Após o ocorrido, Haniyeh, baseado no Catar, disse em um hospital de Doha que, ao atacar parentes de líderes do Hamas, "a ocupação [israelense] acredita que quebrará a determinação do nosso povo", mas que tais ações não conseguiriam forçar o grupo a negociar uma trégua e a libertação dos reféns.
— Todo o nosso povo e todas as famílias de Gaza pagaram um alto preço em sangue, e eu sou um deles — acrescentou Haniyeh, dizendo que o sangue dos filhos não é "mais precioso" do que o sangue de outros mortos no enclave. — [Quase] 60 membros da minha família foram mortos [desde o início do conflito], incluindo meus netos, os filhos do meu irmão, os filhos da minha irmã e meus primos.
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O ataque ocorreu num momento em que os países mediadores do conflito (Estados Unidos, Catar e Egito) trabalham para alcançar um cessar-fogo em Gaza e garantir a libertação dos reféns israelenses detidos no enclave. As negociações foram paralisadas devido a divergências sobre os detalhes, com um alto funcionário do Hamas dizendo na quarta-feira que o grupo não tinha 40 reféns vivos que atendessem aos critérios para uma troca sob a proposta em discussão.
Também ocorreu num momento em que as críticas internacionais à guerra em Gaza se intensificam devido ao crescente número de palestinos mortos e aos alertas sobre a crise humanitária sem precedentes no território.
Os combates em Gaza foram desencadeados pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro, que resultou na morte de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo dados israelenses. A ofensiva de retaliação de Israel matou pelo menos 33.482 pessoas em Gaza, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do território administrado pelo Hamas.
Encontros com políticos
Conhecido como "Abu al-Abd" e autodenominado premier do Hamas, Haniyeh tem 62 anos e vive em Doha, no Catar. Ele é o chefe do gabinete político do Hamas e foi primeiro-ministro do governo palestino, entre 2006 e 2007. Já foi preso por Israel por várias vezes, e chegou a ser expulso do país e enviado para o Líbano.
Em 2021, uma reportagem da revista Arab Weekly publicou vídeos em redes sociais que mostravam Haniyeh jogando futebol ao lado de arranha-céus da capital do Catar, e sendo recebido com tapete vermelho por altos funcionários do país. Sua fortuna é estimada entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões (entre R$ 20,3 milhões e R$ 25,4 milhões), segundo o jornal financeiro israelense Globes. Recentemente, ele foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, em Doha. Antes, participou de uma reunião, no Egito, com general Abbas Kamel, chefe da Inteligência do país, sobre a situação em Gaza. (Com AFP e New York Times.)
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