Economia
Prates ganha fôlego no comando da Petrobras; governo sinaliza pagamento de 50% de dividendos extraordinários
Lula se reuniu com Haddad, Costa e Wagner na segunda-feira fora da agenda
A possibilidade de Jean Paul Prates permanecer no comando da Petrobras aumentou, após uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; e da Casa Civil, Rui Costa; e com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), na manhã de segunda-feira no Palácio do Planalto.
O encontro não estava na agenda oficial de Lula e chegou a ser marcado para a noite de domingo, mas foi cancelado após a sua realização ser revelada pela imprensa.
Depois da reunião, integrantes do governo também passaram a dar indicativos de que será encaminhado ao conselho de administração da Petrobras uma proposta de pagamento de 50% dos dividendos extraordinários aos acionistas da companhia.
A ideia de pagar esse percentual era defendida por Prates quando foi revelado em março que a companhia seguraria em seu caixa 100% dos dividendos extraordinários no valor de cerca de R$ 43,9 bilhões. Haddad é favorável ao pagamento de 100% da quantia.
Como a União é a maior acionista da companhia, o pagamento de 50% dos dividendos extraordinário garantiria um extra de R$ 6,2 bilhões para os cofres do tesouro.
Dois ministros próximos ao presidente, que até o fim de semana consideravam a saída de Prates provável, nesta terça-feira disseram reservadamente ao GLOBO que a possibilidade de mudança no comando da estatal esfriou. Os dois não se arriscam, porém, a apostar em sua permanência.
No entorno de Lula, há também um desconforto com a postura do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, que na semana passada, em entrevista à Folha de S. Paulo, admitiu ter conflitos com Prates. O entendimento é que se o presidente começar a fazer trocas em seu governo por causa de manifestações públicas de auxiliares abrirá um precedente perigoso.
Integrantes do governo também alertam que Silveira também não pode se considerar insubstituível. O ministro e o CEO da petrolífera acumulam conflitos desde o início do governo. Rui Costa tem se alinhado ao ministro das Minas e Energia nos embates com o presidente da Petrobras.
Desde segunda-feira, adversários de Prates dentro do governo passaram a admitir a possibilidade de permanência do CEO à frente da estatal desde que ele se mostre disposto a cumprir determinadas condições.
Entre as condições estão deixar de agir de uma forma que eles consideram “em favor do mercado”, parar de falar mal dos representantes da União no conselho da companhia, e apresentar um plano de investimento em gás, fertilizantes e refino.
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