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Com o fim da venda do álcool 70%, qual é o melhor produto para higienizar as mãos e superfícies?

Versão líquida do produto é proibida no varejo desde 2002, mas recebeu autorização durante a pandemia de Covid-19; especialista explica melhor forma de limpar as mãos

Agência O Globo - 06/04/2024
Com o fim da venda do álcool 70%, qual é o melhor produto para higienizar as mãos e superfícies?

O álcool 70% líquido, que se tornou um item presente em muitas casas brasileiras com a crise sanitária da Covid-19, não vai mais ser encontrado em farmácias e supermercados a partir de maio no Brasil.

Isso porque o produto na forma líquido teve o comércio no varejo proibido no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda em 2002, quando, em resolução, citou “os riscos oferecidos à saúde pública decorrentes de acidentes por queimadura e ingestão, principalmente em crianças”.

A venda passou a ser restrita para lugares como hospitais, laboratórios e empresas que precisam de uma esterilização específica. No entanto, em 2020, com a Covid-19, a agência liberou, de forma extraordinária e temporária, a comercialização em farmácias e mercados para auxiliar no combate ao vírus.

A medida era provisória, mas foi prorrogada diversas vezes. Da última, no final de 2022, quando o Brasil vivia uma subida dos casos do novo coronavírus, autorizou o comércio do álcool 70% líquido até 31 de dezembro de 2023.

O texto considerou que, “para fins de esgotamento de estoque”, a venda ainda poderia ser feita por mais 120 dias após o fim da vigência da resolução, por isso o prazo termina oficialmente no dia 30 deste mês.

Qual o melhor produto para higienizar as mãos?

Com o fim da venda do álcool 70% em farmácias e mercados, muitos brasileiros que adotaram o item na pandemia podem se perguntar qual a melhor alternativa para continuar a higienizar mãos e superfícies com eficiência.

Porém, Graciele Almeida de Oliveira, bacharel em Química e doutora em Bioquímica pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), destaca que a melhor opção para eliminar os vírus e bactérias das mãos continua disponível: lavar as mãos com água e sabonete.

— A melhor forma de higienizar as mãos continua sendo o uso de água e sabão. O uso de sabonete ou sabonete líquido, qualquer que seja, faz bem esse papel. O álcool líquido na realidade não é uma boa ideia para higienizar as mãos, pode deixar a pele irritada, tem efeito desidratante. Lavar as mãos adequadamente é um dos métodos mais eficazes e baratos na prevenção de doenças — diz a especialista.

De acordo com recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o procedimento deve durar de 20 a 30 segundos (uma forma divertida de contar o tempo é cantar a música “parabéns para você” duas vezes) e seguir 5 passos. Caso contrário, não há garantia de que as mãos estarão devidamente higienizadas. São eles:

Passo 1: Molhe as mãos e os pulsos com água corrente;

Passo 2: Aplique sabão suficiente para cobrir as mãos e os pulsos molhados;

Passo 3: Esfregue todas as superfícies, incluindo as costas das mãos, entre os dedos e as unhas, e punhos por pelo menos 20 segundos;

Passo 4: Enxágue abundantemente com água corrente;

Passo 5: Seque as mãos com um pano limpo ou toalha de uso individual, ou toalha descartável.

Além disso, Almeida de Oliveira lembra que o álcool 70% em gel, que tem eficácia semelhante à do produto líquido, ainda poderá ser vendido nas drogarias. A resolução de 2002 estabelece regras, como que o volume máximo seja de 500g, e as embalagens sejam resistentes ao impacto, mas permite o comércio.

— Em relação aos produtos com álcool em gel, existem alguns com formulação pensada para a pele que é comum de se encontrar no setor de cosméticos em supermercados ou em farmácias. Em locais em que o acesso a água e sabão é limitado, pode-se usar o álcool em gel — diz.

O que usar para higienizar superfícies?

Para eliminar germes da superfícies, a Anvisa tem uma série de recomendações de desinfetantes que podem substituir o álcool 70% líquido. São eles:

Hipoclorito de sódio a 0.1% (concentração recomendada pela OMS);

Alvejantes contendo hipoclorito (de sódio, de cálcio) a 0,1%;

Dicloroisocianurato de sódio (concentração de 1,000 ppm de cloro ativo);

Iodopovidona (1%);

Peróxido de hidrogênio 0.5%;

Ácido peracético 0,5%;

Quaternários de amônio, por exemplo, o Cloreto de Benzalcônio 0.05%;

Compostos fenólicos e

Desinfetantes de uso geral aprovados pela Anvisa.

A agência explica que eles geralmente levam de 5 a 10 minutos de contato para inativar os vírus e bactérias. Por isso, após aplicar o produto, é preciso esperar esse tempo para, por exemplo, fazer uma limpeza com outros itens por cima na superfície.

A Anvisa orienta ainda que a água sanitária e os alvejantes comuns também podem ser diluídos para desinfetar pisos e outras superfícies, mas é preciso estar atento porque esses produtos podem deixar manchas em alguns materiais.

A diluição recomendada, que deve ser apenas para uso imediato, não podendo ser armazenada devido ao risco de perder a eficiência, é:

Água sanitária: diluir duas colheres e meia de sopa de água sanitária em 1L de água;

Alvejante comum: diluir duas colheres de sopa de alvejante em 1L de água.

— Tudo vai depender da superfície que se quer higienizar. Laboratórios de pesquisa, hospitais e nossas casas são suscetíveis a diferentes tipos de contaminação e requerem distintas formas de higienização. Para o ambiente doméstico o uso de produtos de limpeza habituais é suficiente para ter uma casa limpa — diz a doutora em Bioquímica pela USP.