Aos 25 anos, Thalita Rebouças subiu numa cadeira em plena Bienal do Livro para chamar atenção do público, que não se aproximava do estande onde ela esperava para assinar “Traição entre amigas”, sua estreia na literatura infantojuvenil. “Gente, eu sou escritora. Um dia vou ser famosa e vocês terão meu autógrafo!”, gritava. Agora, às vésperas de completar 50, ela põe as próprias cadeiras pra jogo a fim de promover sua estreia na literatura voltada para mulheres 40+, “Felicidade inegociável e outras rimas” (Editora HarperCollins Brasil, 160 páginas, R$ 59,90).

— Anotei na minha bunda com batom as datas das minhas sessões de autógrafos (a primeira, na Gávea, e as próximas, em Bangu e na Barra). É apelativo? Dane-se, é o que vende. Naquela Bienal, certamente alguém falou: “Que escritora louca, que coisa tosca!”. Não me importei. Consegui ultrapassar a marca de 2 milhões de livros vendidos até aqui porque um dia eu subi numa cadeira — orgulha-se Thalita, comparando: — Da mesma forma que não tive vergonha lá, não me envergonho agora. E já deu certo: foram mais de 12 mil curtidas, mais de 50 compartilhamentos, não sei quantos seguidores a mais... Eu não posto a bunda pela bunda, eu posto a bunda como informação. Ironizo o algoritmo, brinco com o que faz sucesso.

As mudanças no corpo feminino, a chegada da menopausa e o sexo após os 40 são alguns dos temas abordados em “Felicidade inegociável e outras rimas”, obra em prosa e verso.

— É meu primeiro livro para mães, depois de escrever tanto para as filhas e filhos delas. É a primeira vez que falo sobre pentelho branco, ressecamento vaginal, paixão depois dos 45. O que estou fazendo é dar a mão para a mulher da minha faixa etária e afirmar: “Está tudo bem!”. Há dois caminhos: reclamar e virar uma rabugenta ou rir disso. Eu preferi rir — ressalta: — A gente tem mania de se prender ao passado. Não troco a Thalita de agora pela de 25. Nunca fui tão gostosa, nunca fui tão feliz com o meu corpo.

Foi aos 45 anos que, após um longo casamento, uma separação e alguns relacionamentos tóxicos, a escritora encontrou o seu grande amor, o psicólogo Renato Caminha.

— Eu o conheci na casa da minha ex-terapeuta, sócia dele, pesquisando para uma série que ainda quero fazer. Ele estava recém-separado, eu achei que seria só sexo, mas foi amor para toda a vida. Estamos juntos há três anos e meio, nos casamos no papel. Fiquei dois anos e meio solteira, depois de relacionamentos tóxicos. E como esse tempo foi bom! A mulher madura não pode ter medo de ficar sozinha, porque é assim que a gente se conhece, entende o que quer e, o mais importante, o que não quer — frisa, entregando: — A menopausa e seus fogachos chegaram com tudo pra mim aos 46 anos, mas não perdi a libido. O gozo é uma loucura de bom. Muito melhor do que na juventude! Continuo em lua de mel.

Com oito livros adaptados para o cinema, será que o novo também pode virar filme?

— Dois produtores já vieram me procurar... Mas filmar dá muito trabalho, e eu ainda tenho muitos projetos para adolescentes, não vou largar esse público. Talvez, uma peça de teatro seja mais viável. Estou pensando em botar meu lado atriz para fora e falar no palco sobre as agruras das “menopausers”. Já que estou recomeçando, por que não também dessa forma?

Tardes de autógrafos

06/04: às 16h, na Livraria Leitura do Bangu Shopping (Rua Fonseca 240, Bangu).

14/04: às 16h, na Livraria da Travessa do BarraShopping (Av. das Américas 4.666, Barra da Tijuca).