Internacional

Em aniversário da guerra, Milei reivindica soberania das Malvinas e pede 'reconciliação' com Forças Armadas

Presidente argentino prometeu devolver o 'respeito que sempre foi negado' aos militares desde o fim da ditadura, em 1983

Agência O Globo - 02/04/2024
Em aniversário da guerra, Milei reivindica soberania das Malvinas e pede 'reconciliação' com Forças Armadas
Javier Milei - Foto: Assessoria

O presidente argentino, Javier Milei, reiterou a "reivindicação inabalável" da soberania do país sobre as Ilhas Malvinas durante a cerimônia no aniversário de 42 anos da guerra, nesta terça-feira, travada contra o Reino Unido pelo controle do arquipélago. Milei fez um apelo aos argentinos para que se "reconciliem" com as Forças Armadas, afirmando que seu governo concederá "o respeito que sempre lhes foi negado" desde o retorno da democracia, em 1983.

Em Buenos Aires, diante do memorial que homenageia os 649 argentinos mortos na guerra, Milei afirmou que "ninguém escuta ou respeita um país que só produz pobreza e cujos políticos desprezam as próprias Forças [Armadas]".

— Não há soberania sem prosperidade econômica e não há prosperidade econômica sem liberdade — disse o presidente ultraliberal, prometendo impulsionar "uma reivindicação real e sincera (em relação às Malvinas), não meras palavras em fóruns internacionais sem impacto na realidade".

A Argentina reivindica a soberania sobre as Ilhas Malvinas por vias diplomáticas desde a guerra, que terminou após 74 dias com a rendição do país sul-americano e o balanço de 649 argentinos e 255 britânicos mortos.

Milei também convidou os representantes do Estado-Maior das Forças Armadas a participarem da convocação para o chamado "Pacto de Maio", que reúne em dez pontos o programa de equilíbrio fiscal e reformas — tributária, trabalhista e previdenciária — do governo.

— Será o primeiro passo de uma nova doutrina — assegurou o presidente, acompanhado por sua vice, Victoria Villaruel, filha de um veterano de guerra e conhecida por sua defesa aos militares durante o regime militar.

O presidente não mencionou a ditadura argentina, cujos crimes ainda transitam na Justiça, com mais de 1.100 condenados e 62 processos em curso. Muitos militares argentinos são acusados de tortura e de responsabilidade pelo desaparecimento de 30 mil pessoas, segundo organizações de direitos humanos.

No dia 24 de março, aniversário do golpe militar, milhares de manifestantes reuniram-se na Praça de Maio, em Buenos Aires, em protesto contra estes crimes.

— Não quero que o respeito seja monopólio de um espaço político, por isso convoco à sociedade a iniciar uma nova era de reconciliação, dando às Forças Armadas o lugar, o reconhecimento e o apoio que merecem — afirmou Milei. (Com AFP e ANSA)