Geral
Chá verde: Qual é o mais saudável? Para que serve o ritual japonês? Exposição em SP explica tudo sobre a bebida; veja fotos
A mostra na Japan House, explica através de mudas, folhas e vídeos as diferenças entre os tipos de chá verde, os rituais japoneses e os efeitos na saúde

Quando foi introduzido no Japão pelos monges budistas há 1.200 anos, a apreciação do chá era uma atividade limitada às classes mais altas da sociedade, mas aos poucos se espalhou pela população em geral.
Os japoneses têm em sua cultura a tradicional “cerimônia do chá”, considerada a mais complexa, completa e a que envolve maior números de artes e cerimônias tradicionais para a realização. Ela une artesanato, arquitetura, paisagismo, filosofia, culinária, caligrafia, poesia e outros elementos. A importância é tanta que o japonês que quer se tornar um mestre da cerimônia precisa estudar por anos para aprender todo o simbolismo e as regras para realizar o ato da maneira correta.
O ritual ganhou destaque na Japan House, em São Paulo. Até o próximo domingo, é possível ver a exposição Nihoncha: Introdução ao Chá japonês, gratuitamente. A mostra, como o próprio nome diz, tem como objetivo introduzir o chá japonês, conhecido no Brasil como chá verde.
Pode-se fazer um paralelo com o café brasileiro. Não se trata necessariamente uma cerimônia, mas ao chegar uma visita em casa, a primeira coisa que oferecemos é o bom café preto. No Japão, oferece-se o chá. Na cultura japonesa ele é servido sem açúcar ou adoçante, ajudando a realçar o sabor dos ingredientes e para proporcionar sensação de frescor ao paladar após a refeição.
— Entendemos que oferecer um café para alguém é um ato de carinho, de simpatia e hospitalidade. No Japão esse momento é tão importante que originou a filosofia do “ichigo ichie”, que significa “cada momento ou encontro é único e valioso”. Ou seja, é um momento de convívio, pausa no dia a dia para se sentar, relaxar e apreciar um bom chá — explica Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo.
Todos os tipos de chá são extraídos naturalmente de uma única planta, chamada de Camellia sinensis. Dela são tirados nove tipos de variedades do chá verde que se diferem conforme o local de plantio, irrigação, exposição ao sol, poda, a forma de cultivo, época da colheita e o método de processamento. O grande impacto da saúde não difere significativamente entre eles, mas há particularidades.
O gyokuro é considerado o chá verde de qualidade mais alta devido à alta concentração de umami, o quinto paladar humano, descoberto no Japão e tradicionalmente encontrado em carnes, frutos do mar, queijos e cogumelos. Além disso, seus arbustos são cultivados em sombras pelo menos duas semanas antes da colheita. O que causa um aumento de concentração do aminoácido teanina, dando um sabor delicado e adocicado ao chá.
O segundo chá-verde é o kabusecha, que significa ‘cobrir’ ou ‘colocar em cima’, como um chapéu na cabeça. O cultivo é feito em sombra, mas em um tempo mais curto que o gyokuro. O chá mais conhecido no Japão é o sencha, preparado pela infusão das folhas de chá inteiras processadas em água quente. Já o matcha é o mais conhecido no Brasil.
— O matcha tem toda uma conotação permeada de simbolismo. Além de ser foco de muitas produções gastronômicas contemporâneas, como bolo e sorvete de matcha— explica Geenen.
Outra variação é o houjicha, com sabor um pouco mais amargo que os outros, além de uma cor diferente, em tom dourado claro. O genmaicha é conhecido como ‘chá pipoca’ porque alguns grãos de arroz estouram quando são torrados.
Por fim, o mushisei-tamaryokucha, que tem as folhas tratadas de forma diferente depois de colhidas: são vaporizadas. E o kamairisei-tamaryokucha com folhas são torradas.
— Muitos fatores, influenciam no sabor do chá, como se viu. Desde o solo até o tipo de nutriente, como ele é cultivado, plantado, colhido, o tipo de manuseio e o processamento — afirma a curadora. Na exposição da Japan House as diferenças entre os chás são explicadas por meio de mudas e folhas, além de vídeos exibindo os rituais no consumo da bebida no Japão.
O chá verde na saúde
O chá verde é uma bebida com grande efeito antioxidante. As folhas da Camellia sinensis são ricas em um polifenol chamado de catequina. Estudos associam o benefício desse polifenol, principalmente no metabolismo lipídico, ou seja, estimulam a quebra da gordura, contribuindo para o emagrecimento.
Um estudo recente da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos descobriu que a combinação de extrato de chá verde e exercícios reduziu a gravidade da doença hepática gordurosa não alcoólica, relacionada à obesidade, em 75% em camundongos alimentados com uma dieta rica em gordura.
A pesquisa separou os roedores em grupos. Um deles foi alimentado com uma dieta rica em gordura por 16 semanas, ao mesmo tempo em que consumiam extrato de chá verde e se exercitaram regularmente correndo em uma roda. Estes apresentaram apenas um quarto dos depósitos lipídicos (gordura) no fígado, em comparação com os números observados nos fígados dos outros camundongos estudados.
Os ratos que foram tratados apenas com extrato de chá verde ou apenas com exercícios tiveram cerca de metade da gordura no fígado. Além disso, os pesquisadores também mediram o teor de proteína e gordura nas fezes. Eles descobriram que os camundongos que consumiram extrato de chá verde e se exercitaram apresentaram níveis mais altos de lipídios e proteínas nas fezes.
Outro estudo realizado pela Universidade Médica Chung Shan, em Taiwan, afirmou que beber infusão de chá verde todos os dias pode reduzir o risco de câncer pulmonar de forma significante. A pesquisa foi realizada com fumantes e não fumantes.
A pesquisadora e especialista do chá, Yuri Hayashi, fundadora da escola de Chá Embahú, que ministra cursos sobre a bebida em São Bento do Sapucaí, interior de São Paulo, lembra que além da cafeína, o líquido tem na composição a teanina, que ajuda a reduzir o estresse, promovendo diminuição da frequência cardíaca e a pressão arterial.
— Ao mesmo tempo em que a bebida é estimulante e tem cafeína, ela também é calmante com a teanina. E as duas se equilibram e agem de uma forma muito saudável no cérebro, induzindo ao foco, por exemplo. Não tem outra bebida no mundo com essa composição — diz Hayashi.
A nutricionista e colunista do GLOBO, Priscilla Primi, explica que o poder antioxidante, anti-inflamatório e antifúngico também pode prevenir alguns tipos de câncer, principalmente por conter o polifenol catequina.
Entretanto, há certos cuidados. Por ter cafeína, o chá verde também pode ser considerado um estimulante e, por isso, o melhor horário para consumi-lo é no período da manhã e início da tarde, na quantidade de duas a três xícaras por dia.
Existe efeitos colaterais, as pessoas que consomem acima dessas dosagens recomendadas podem sofrer dor de cabeça, náusea, insônia, desconforto no estômago e vômito.
— O chá verde também pode interferir na absorção de ferro por conta da cafeína. Quem tem anemia, por exemplo, não deve consumir a bebida. Mulheres gravidas ou que estejam amamentando devem evitar o chá. Quem tem úlcera gástrica ou gastrite também não, pois pode acabar agredindo a mucosa do estômago — diz Priscilla Primi.
Serviço
Nihoncha: Introdução ao chá japonês
Local: Japan House São Paulo
Mais lidas
-
1ACIDENTE
Caminhão de lixo de Palmeira dos Índios tomba em Igaci e deixa dois feridos
-
2FUTEBOL
Sem Neymar, Ancelotti anuncia primeira convocação para a Seleção Brasileira; veja os nomes
-
3REDES SOCIAIS
Saiba quem é Hugo Anquier, filho de Debora Bloch que chama atenção pela altura
-
4JUSTIÇA
Fernando Collor perde controle acionário da TV Gazeta
-
5PALMEIRA DOS ÍNDIOS
Prefeita “cobra” melhorias na saúde de... sua própria família