Internacional

Milhares protestam em Israel contra Netanyahu, numa das maiores manifestações desde o início da guerra

Protestos ocorreram em Tel Aviv, Cesareia, Jerusalém, Raanana e Herzliya; novos bombardeios são registrados em meio à espera pela retomada das negociações de um cessar-fogo

Agência O Globo - 31/03/2024
Milhares protestam em Israel contra Netanyahu, numa das maiores manifestações desde o início da guerra

Milhares de manifestantes saíram às ruas nas cidades israelenses de Tel Aviv e Cesareia na noite de sábado, exigindo a libertação de todos os reféns detidos na Faixa de Gaza e a destituição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Protestos também foram registrados em Jerusalém, Raanana e Herzliya, segundo a CNN, em uma das maiores manifestações contra o governo desde outubro, quando o ataque liderado pelo grupo terrorista Hamas contra Israel deu início a uma guerra na Faixa de Gaza.

Tel Aviv tem sido palco de manifestações semanais que pedem que o governo chegue a um acordo de cessar-fogo para libertar os reféns mantidos em Gaza desde outubro. Esses protestos têm aumentado de tamanho à medida que a guerra se arrasta e a raiva contra o governo de Netanyahu aumenta.

Na noite de sábado, os sons de apitos, buzinas e tambores encheram o ar da capital, juntamente com os cantos da multidão, conforme mostrou um vídeo da agência Associated Press (AP). Os manifestantes agitavam bandeiras e carregavam fotos dos reféns israelenses com cartazes que diziam "Acordo de [libertação dos] reféns agora". Outros cartazes deixavam clara a raiva dirigida a Netanyahu pela situação das pessoas mantidas em cativeiro — um deles dizia "Destitua-o, salve-os".

— Exigimos que nosso governo assine um acordo agora, custe o que custar — disse Lee Hoffmann Agiv, que participou do protesto, à AP. — É uma situação de vida ou morte. Não perdoaremos nosso governo se outro refém morrer em cativeiro.

As manifestações realizadas na Rua Kaplan também pediram a realização imediata de eleições gerais. Um vídeo mostra policiais tentando conter a multidão perto do Portão Begin, uma entrada para o quartel-general militar de Kirya na cidade. Uma faixa carregada pelos manifestantes declarava: "Ninguém vai embora! Marcharemos até Jerusalém e permaneceremos lá até que o governo se dissipe".

Em outra manifestação na Praça dos Reféns, reféns libertados pelos Hamas instaram as autoridades israelenses a intensificarem os esforços para trazerem de volta todos aqueles que ainda estão sendo mantidos em cativeiro em Gaza. Aviva Siegel, uma refém libertada, fez um apelo emocionado às autoridades para agirem rapidamente na libertação de seu marido e outros reféns. Ela enfatizou a angústia vivida por eles e suas famílias.

Os manifestantes, incluindo apoiadores dos reféns, continuaram marchando pelas ruas de Tel Aviv durante a noite. O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas anunciou que o próximo protesto ocorrerá em frente ao Knesset, o Parlamento israelense, em Jerusalém.

No decorrer da noite, houve algumas brigas. A polícia disse que, embora a manifestação fosse em grande parte pacífica, "várias centenas de manifestantes" haviam violado a ordem pública ao acender fogueiras, bloquear uma rodovia e confrontar a polícia. Os policiais usaram um canhão de água para dispersar alguns manifestantes de uma rodovia e efetuaram 16 prisões, de acordo com a polícia.

Na cidade costeira de Cesareia, os manifestantes desafiaram as barricadas policiais para marcharem em direção à residência de Netanyahu, gritando palavras de ordem contra o governo: "Não há perdão para o anjo da destruição" e "Não há perdão para os fracassos e o abandono".

Novos bombardeios em Gaza

As forças israelenses realizaram dezenas de bombardeios na Faixa de Gaza, sitiada e ameaçada pela fome, neste domingo, enquanto aguardavam uma nova rodada de negociações entre Israel e o Hamas. Pelo menos 75 pessoas foram mortas nas primeiras horas da manhã, totalizando 32.782 desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, no poder em Gaza desde 2007.

Apesar de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pede um cessar-fogo imediato, os combates não cessaram no pequeno território palestino, quase seis meses após o início da guerra, que foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

A guerra forçou a maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza a se deslocar e agora eles estão ameaçados pela fome, de acordo com a ONU, que lamenta a falta de ajuda humanitária para a população. No sábado, uma flotilha partiu do Chipre em direção a Gaza com 400 toneladas de ajuda humanitária por meio de um corredor marítimo aberto em meados de março.

De acordo com a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino, cinco palestinos foram mortos por tiros e em uma debandada durante uma distribuição de alimentos na Cidade de Gaza, um sinal do desespero da população. Incidentes semelhantes nas últimas semanas deixaram mais de 100 pessoas mortas. (Com The New York Times e AFP)